quarta-feira, 5 de março de 2014

Discipulado e Oração

Texto principal
"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em Mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que Tu Me enviaste" (Jo 17:20, 21).

Não importa o que fizermos para salvar pessoas, sejam quais forem os programas evangelísticos que criarmos, devemos orar fervorosamente por aqueles que procuramos alcançar. Isso está no centro da vida do cristão, e de modo especial na vida do cristão que deseja formar novos discípulos. Que mudanças poderosas poderiam ocorrer se a oração constante e fervorosa estivesse no centro da nossa metodologia ao buscarmos fazer e manter discípulos!

"Apeguem-se os obreiros às promessas de Deus, dizendo: 'Tu prometeste: 'Pedi e recebereis' (Jo 16:24). Eu preciso que esta pessoa se converta a Jesus Cristo.' Solicitem orações em favor das pessoas por quem vocês trabalham; apresentem-nas perante a igreja como objetos de súplica. [...]

"Escolham alguém, e alguém mais, buscando diariamente a orientação de Deus, em Suas mãos depondo tudo em fervorosa oração, e trabalhando na sabedoria divina" (Ellen G. White, Medicina e Salvação, p. 244, 245).

Compaixão provada pelo tempo
Frequentemente, a oração assume uma postura egocêntrica. Os cristãos apresentam suas listas de desejos diante de Deus, na esperança de obter o que pedem. Ainda que tenhamos sido orientados a colocar nossas petições diante de Deus, às vezes, nossos motivos não são puros. Afinal, nosso coração não é corrupto, perverso e enganoso? Nossas orações não poderiam, às vezes, simplesmente refletir o pecado que está dentro de nós?

No entanto, a oração de intercessão se concentra nas necessidades de outra pessoa, eliminando assim a possibilidade de motivação egoísta. Ao longo da história, as orações de intercessão representaram as mais
altas expressões do discurso espiritual. Não sendo contaminadas pelo desejo de satisfação pessoal, essas conversas demonstram abnegação, compaixão e ardente desejo de salvação para os outros.

1. Leia Daniel 9:2-19. O que afligia Daniel? Qual é o papel da confissão nessa oração? Por causa da idade avançada, Daniel provavelmente não se beneficiaria da restauração de Jerusalém. Por isso, o que motivou sua oração?

Setenta anos se haviam passado desde que Jeremias tinha declarado a profecia mencionada por Daniel (Dn 9:2). Depois de tantos anos, os amigos de Daniel em Jerusalém provavelmente já haviam morrido. A restauração de Jerusalém também não resolveria a situação pessoal do profeta. Nada na oração de Daniel sugere preocupações egoístas. O antigo profeta implorou expressamente a respeito do futuro da nação judaica exilada e acerca da reputação do próprio Jeová. A ampla confissão precedeu seus pedidos. Na confissão, Daniel incluiu a si mesmo entre os desobedientes. O profeta não queria presumir a própria inocência. Ele assumiu a responsabilidade, enquanto estivesse buscando principalmente a restauração, a fim de beneficiar os outros.

Pense na sua vida de oração: pelo que você ora, por que e para quem. Sua oração demonstra a morte para o eu? Como você pode aprender a ser menos egocêntrico em suas orações? Como suas orações podem ser menos egoístas, mesmo quando você ora por si mesmo?

Tempo para oração
Pense no real significado da oração: seres humanos pecadores, dignos de morte, podem ter comunicação direta e instantânea com o Criador do Universo, nosso santo Deus.

Além disso, quando Deus em Cristo Se revestiu da humanidade, aceitando as limitações humanas, Ele também sentiu necessidade da oração. Embora não estivesse diante do Pai na mesma condição dos pecadores, Jesus como ser humano ainda sentiu necessidade da oração.

2. Leia Mateus 14:22, 23; 26:36; Marcos 1:35-37; Lucas 5:15, 16; 6:12, 13. O que caracterizava as orações de Jesus? Descreva as circunstâncias que envolveram as orações de Jesus. Que lições podemos aprender com a frequência, locais e tempo das orações dEle?

Cristo certamente exemplificou a vida de oração que Ele prescreveu a Seus discípulos. De manhã, à tarde, antes e depois da pregação, sempre que possível, Jesus orava. Em jardins, montanhas e lugares solitários em que não houvesse distrações, Jesus orava. Separado da presença do Pai fisicamente, Jesus a Ele Se unia espiritualmente por meio da oração. O "sangue" espiritual de Cristo corria através da artéria espiritual da oração. Deveriam os modernos seguidores de Cristo, enfraquecidos pelas tendências pecaminosas, sufocados por preocupações mundanas, frustrados pelas próprias falhas, ficar satisfeitos com algo menos do que uma vida de oração semelhante à de Jesus?

"A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo. Não que seja necessário, a fim de tornar conhecido a Deus o que somos; mas sim para nos habilitar a recebê-Lo. A oração não faz Deus baixar a nós, mas eleva-nos a Ele" (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 93).

Leia Marcos 11:22-26; Lucas 11:13; João 14:12-14. Como devemos entender essas promessas sobre a oração? Você já experimentou essas promessas? Já aprendeu a lidar com as frustrações, quando Deus não responde suas orações do jeito que você espera?

Ensino para todos os tempos
A oração liga miraculosamente pessoas finitas ao Criador infinito. A oração é um adesivo espiritual. Ligados ao Pai celestial, os cristãos transcendem sua natureza terrestre e tendências pecaminosas. Essa transformação os separa do mundo. Se Satanás conseguisse transformar a oração em algo egocêntrico, roubando assim seu potencial para nossa transformação, seríamos grandemente prejudicados e nosso testemunho seria frustrado.

3. Leia Mateus 6:7, 8; 7:7-11; 18:19, 20. O que esses versos nos ensinam sobre a oração?

O cristão sincero confia na capacidade divina de honrar Suas promessas. Jamais alguém apresentou um pedido que intimidou Deus. Sua autoridade é ilimitada, Sua força é incomparável. O povo de Deus se aproxima dos portais do Céu com fé no Senhor, crendo que Ele fará o que é melhor para nós, mesmo que não possamos perceber isso no momento da nossa súplica. Fé não é simplesmente confiar no que podemos ver. Verdadeira fé é confiar em Deus quando não podemos ver o resultado que desejamos e antecipamos (Hb 11:1-7). Sem dúvida, enquanto você servir ao Senhor, enquanto andar pela fé, terá que confiar em Deus, mesmo quando não perceber as coisas acontecendo como você esperava ou orava a respeito. Mesmo uma rápida leitura da Bíblia mostrará que você não está sozinho.

4. Leia Mateus 6:9-15; 26:39. O que esses versos nos ensinam?

A confiança não deve ser confundida com arrogância ou insolência. Aproximar-se do trono de Deus com confiança não envolve nenhum senso de direito. O comportamento do cristão é caracterizado pela ousadia e humildade. No Getsêmani, Cristo declarou claramente Sua preferência, mas concluiu: "Não seja como Eu quero, e sim como Tu queres". Além da entrega completa, o espírito de perdão é outra indicação de humildade. Nós mesmos, tendo recebido tão grande perdão, devemos fazer o mesmo com os outros.

Você está com ódio de alguém, achando difícil perdoar? Ore por essa pessoa. Peça que Deus o ensine a perdoar. Com o tempo, o que deverá acontecer?

A guerra do Revolucionário
Cristo era a personificação da perfeição, ou seja, todas as perfeições divinas foram reveladas nEle. Houve alguém mais compassivo do que Cristo? Houve alguém que desejou aliviar o sofrimento humano com mais intensidade do que Jesus?
Qual é a relação da compaixão e intercessão de Cristo com o discipulado?

5. Leia Lucas 22:31, 32; João 17:6-26; Hb 2:17. Como a identificação de Jesus com a humanidade influenciam Suas orações de intercessão? Quais são os objetivos das orações de Cristo?

Jesus poderia interceder eficazmente em favor dos Seus discípulos porque estava ativamente envolvido na vida deles, os compreendia completamente e desejava o seu bem. Hoje, a intercessão eficaz exige as mesmas coisas. Os formadores de discípulos do século 21 descartarão atividades demoradas que interfiram em seu relacionamento com os perdidos. Ganhar dinheiro, alcançar fama e até mesmo a excelência educacional devem se tornar subservientes ao objetivo maior da redenção dos perdidos. Essa é uma importante verdade que facilmente passa despercebida, porque estamos muitas vezes envolvidos na rotina diária da vida.

Jesus Se dedicou aos discípulos. Ele os visitava na casa deles, tornava-Se familiarizado com seus parentes, passava tempo de lazer em sua companhia, e trabalhava ao lado deles. Nada significativo para a vida deles escapava à Sua observação. Fazer discípulos hoje exige mais do que distribuição de folhetos e argumentação bíblica incontestável. Orar com consciência solidária em relação às aflições dos outros, e com grande desejo de aliviar esse sofrimento, ainda é o padrão da oração de intercessão na eficaz formação de discípulos.

Embora possa soar estranho, há muita verdade na seguinte afirmação: "As pessoas não se importam muito com o que você sabe até que saibam o quanto você se importa."

Compaixão reproduzida em todos os tempos
A mais sincera oferta de louvor é imitação. Os primeiros discípulos de Cristo imitaram a vida de oração do Mestre. Naturalmente, eles oraram por segurança pessoal, por suas necessidades diárias e por orientação espiritual individual. No entanto, a oração de intercessão tornou-se componente importante de seu discipulado.

6. Leia Atos 1:13, 14; 1 Timóteo 2:1-4; Tiago 5:13-16; 1 João 5:16; Judas 20-22; 1 Pedro 4:7. Qual foi o papel da oração na igreja primitiva? Por quais situações eles oraram? O que podemos aprender com esses exemplos?

A constante oração sustentou a igreja primitiva. Sempre que Paulo viajava com propósitos missionários, ele era comissionado por meio da oração (At 13:3; 14:23). Mesmo as despedidas eram envolvidas em oração (At 20:36; 21:5). Frequentemente suas orações assumiam a forma de intercessão. Eles oravam pelos líderes do governo, pelos irmãos e por todos! Paulo intercedeu pelo pai de Públio, homem principal da Ilha de Malta, que sofria de disenteria. Mesmo quando Estêvão estava morrendo, ele intercedeu por seus assassinos. Dificilmente poderia haver exagero ao destacar a centralidade da oração entre os primeiros cristãos. As Escrituras dizem que a oração agrada a Deus porque Ele deseja a salvação para todos e busca promover a verdade. Mediante a oração, combinada com o ensino apostólico, pregação fervorosa, milagres e relacionamento de amor, a igreja primitiva rapidamente se multiplicou. Apesar da perseguição vigorosa, o cristianismo envolveu o império. Milhares e milhares de pessoas aceitaram o evangelho. Vidas transformadas brilharam como luzes vivas do palácio de César para lugares desconhecidos.

Quanto tempo você dedica à oração de intercessão? Quanto tempo mais você deveria passar nesse tipo de oração?

Estudo adicional
Leia, de Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 126: "Um Movimento de Reforma"; Medicina e Salvação, p. 244, 245: "Fé Viva".


"Aquele que nada faz além de orar em breve abandonará essa prática; suas orações acabarão se tornando uma formalidade rotineira. Quando as pessoas se afastam da vida em sociedade e ficam distantes da esfera do dever cristão, deixando de levar sua cruz; quando deixam de trabalhar de maneira dedicada pelo Mestre, Aquele que por elas Se entregou, acabam perdendo o objetivo essencial da oração e o estímulo à devoção. Suas orações se tornam pessoais e egoístas. Não conseguem orar em favor das necessidades dos outros nem pelo estabelecimento do reino de Cristo, suplicando forças para o trabalho" (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 101).

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