quarta-feira, 19 de março de 2014

Fazer dos Ricos Discipulos

Texto principal
"Assim, a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o número de discípulos em Jerusalém; também um grande número de sacerdotes obedecia à fé" (At 6:7, NVI)

"Os discípulos não foram revestidos da coragem e fortaleza dos mártires, senão quando essa graça se tornou necessária. Então se cumpriu a promessa do Salvador. Quando Pedro e João testificaram perante o conselho do Sinédrio, os homens 'admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus' (At 4:13). Acerca de Estêvão, acha-se escrito que 'todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo'. Os homens 'não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com que falava'

(At 6:15, 10, RC). E Paulo, escrevendo a respeito de seu próprio julgamento na corte dos césares, disse: 'Ninguém me assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam [...] Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão'" (2Tm 4:16, 17; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 354, 355).

Respeito às autoridades
Ao longo dos séculos, as pessoas têm se esforçado para entender o papel e a função do governo, e como os cidadãos deveriam se relacionar com ele. O que dá aos governantes o direito de governar? Qual é a melhor forma de governo? Deveriam as pessoas sempre obedecer às autoridades? Por quê? Esses são apenas alguns exemplos de uma série de questões com as quais ainda lutamos.

1. Leia Romanos 13:1-7. Que importantes princípios encontramos ali? Que exemplos temos de abuso desses princípios? O que podemos aprender com esses erros, tanto em nossa história quanto na história da igreja cristã em geral?

A opressão e a brutalidade caracterizavam o Império Romano na época de Cristo. As legiões romanas aterrorizavam e subjugavam as nações civilizadas, forçando-as à submissão ao império. Centenas de milhares foram despojados, presos e assassinados. Governos fantoches permitidos por Roma foram, provavelmente, piores do que a própria Roma. No entanto, é interessante que Jesus nunca defendeu qualquer tipo de rebelião contra esse governo nem a sonegação de impostos (Lc 20:25). O ato singular de desobediência civil por parte de Jesus – derrubar as mesas dos cambistas – demonstrou a repulsa que Ele sentia com referência aos abusos sacerdotais. Esse ato não foi contra os romanos.

"O povo de Deus deve reconhecer o governo humano como algo ordenado por disposição divina, de modo que ensinará obediência a ele como sendo um sagrado dever, em sua legítima esfera. Entretanto, quando as suas pretensões entram em conflito com os reclamos de Deus, a Palavra de Deus precisa ser reconhecida como estando acima de toda e qualquer legislação humana. O 'Assim diz o Senhor' não pode ser posto de lado, ou trocado por um 'Assim diz a Igreja ou o Estado'. A coroa de Cristo deve ser erguida acima dos diademas de potestades terrestres" (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 402).

"Vocês não leram...?"
Infelizmente, algumas das pessoas mais poderosas e influentes com quem Jesus lidou foram os líderes religiosos de Seu tempo, muitos dos quais eram abertamente hostis a Ele.

No entanto, em Seus encontros com eles, Jesus sempre procurou resgatá-los. Ele não estava à procura de discussões, estava buscando a salvação de todos, mesmo daqueles poderosos que acabariam por condená-Lo à morte.

2. Leia Marcos 2:23-28; 3:1-6; Mateus 12:1-16. Como podemos ver que Jesus, apesar da hostilidade aberta contra Ele, estava tentando alcançar aqueles homens? O que Ele disse e fez que deveria ter tocado o coração deles?

É interessante que, ao lidar com essas pessoas, Jesus recorreu às Escrituras e à história sagrada, fontes que deveriam ter tocado os líderes religiosos. Jesus apelou àquilo que deveria ter sido um ponto em comum entre eles. Por exemplo, Ele citou a Bíblia quando falou sobre a importância da misericórdia acima dos rituais. Ao fazer isso, Ele procurou levar os líderes a um significado mais profundo da lei que eles alegavam valorizar e defender com tanto fervor e devoção.

Em Seu discurso sobre retirar um animal de uma cova no dia de sábado, Jesus apelou para as noções mais básicas de decência e bondade, algo com que aqueles homens deveriam ter se identificado. Porém, o problema era que a amargura e o ódio deles contra Jesus obscureceram esses princípios comuns.

Finalmente, os próprios milagres deveriam ter falado em voz alta a esses influentes líderes acerca do Homem extraordinário que estava entre eles.

Hoje, é fácil olhar para trás e ficar espantado com a cegueira e dureza desses homens. Porém, como podemos ter certeza de que ao buscarmos proteger algo que não queremos abandonar, não nos fechamos para uma luz maior procedente de Deus? Por que isso é muito fácil de acontecer?

O centurião
Embora vários encontros de Cristo com pessoas poderosas tenham terminado de forma áspera, houve exceções notáveis, como aconteceu com Nicodemos. Outro encontro construtivo envolveu um oficial militar romano – o centurião.

3. Leia Mateus 8:5-13; Lucas 7:1-10. O que podemos aprender com esses relatos sobre a obra de testemunhar a pessoas de destaque?

Quando o centurião soube que Jesus estava Se aproximando, ele enviou vários amigos para dissuadir Cristo de ir encontrá-lo. Respeitando profundamente o culto judaico e a espiritualidade de Jesus, ele se sentiu indigno da atenção pessoal de Cristo. Finalmente, pouco antes de Jesus chegar, ele se aventurou a aproximar-se dEle. Expressou sua fé dizendo que apenas uma declaração de Cristo poderia curar seu servo. Com base na experiência militar, ele entendia o conceito de autoridade. O centurião obedecia ao seu comandante e seus subordinados o obedeciam. Quão surpreendente é que esse homem de poder e influência (e, além disso, romano) pudesse mostrar tão profunda fé, enquanto outros que tinham muito mais vantagens espirituais menosprezavam Jesus.

Nesse contexto, um honesto autoexame é proveitoso. Precisamos perguntar: Temos nos limitado a defender doutrinas, em vez de experimentar uma fé viva? Será que os cristãos mais novos e menos preparados têm expressado fé mais profunda do que aqueles criados na igreja? Será que nossas vantagens espirituais têm se tornado motivo para a autossuficiência? Temos deixado de perceber as oportunidades espirituais? Sempre que respondermos afirmativamente, Cristo é a solução. Qualquer pessoa pode desfrutar a experiência do centurião. Essa história deve incentivar aqueles que evangelizam pessoas em funções de destaque. Quantos centuriões existem hoje? Que a fé dessas pessoas inspire e fortaleça a nossa.

Há poder em um ministério altruísta e abnegado capaz de tocar pessoas de qualquer categoria ou classe. Quais dessas características se manifestam em nossa própria vida e testemunho?
O Dia do Julgamento
4. Leia Mateus 26:57-68; 27:11-14; Lucas 23:1-12; João 18:19-23, 31-40; 19:8-12.

O que podemos aprender com o testemunho de Jesus a esses homens poderosos?

Nas cenas finais da vida terrestre de Cristo, Seus seguidores tiveram um vislumbre do preço doloroso da fidelidade inabalável. Da prisão à crucificação, Cristo deu testemunho perante os mais poderosos da nação: monarcas, governadores e sacerdotes. Um a um, Ele estudava aqueles inebriados pela autoridade mundana. Aparentemente eles O controlavam. Os soldados arrastavam Jesus entre seus tribunais, concílios, palácios e salas de julgamento, sem perceber que estavam diante do Juiz do mundo. No fim das contas, qualquer julgamento que pronunciassem contra Cristo seria proferido contra si mesmos.

Embora Cristo testemunhasse para fazer discípulos, por vezes o resultado era muito diferente do que Ele teria desejado. Como Jesus teria Se alegrado se Pilatos, Caifás, Herodes e outros entregassem o coração e se arrependessem. Teimosamente eles rejeitaram Seus apelos, insensivelmente ignorando o convite final para salvação.

Da mesma forma, os seguidores de Cristo do século 21 devem reconhecer que, embora testemunhem para fazer discípulos, frequentemente o resultado parece ser diferente do que eles gostariam que fosse e do que pediriam em oração. A medida do sucesso nem sempre corresponde aos esforços feitos. Isso não deve desencorajá-los nem inibir o testemunho. O verdadeiro discípulo é, como o próprio Cristo, fiel até a morte, não fiel até o desapontamento. Chamar os ouvintes para uma decisão ajuda a revelar o trigo e o joio. O trigo é comemorado, o joio lamentado, e a colheita continua. Não obstante o aparente insucesso do testemunho de Cristo diante de homens poderosos, algo maravilhoso aconteceu, pois, de acordo com Atos 6:7, não apenas o número de discípulos se multiplicou, mas "um grande número de sacerdotes obedecia à fé" (NVI). Somente Deus sabe quantos desses sacerdotes estavam ouvindo e assistindo Jesus naquelas horas finais.

Sempre que Jesus dava testemunho a pessoas influentes, outras pessoas observavam. Algumas delas estavam em posições de poder. Assim como Nicodemos e José de Arimateia, muitos da instruída classe sacerdotal desenvolveram gradualmente a fé. Alguns expectadores que testemunharam as discussões de Cristo com os líderes religiosos também creram.

A explosão primitiva
Os primeiros discípulos de Cristo promoveram vigorosamente o evangelho em todo o mundo civilizado. Casas, sinagogas, estádios públicos, tribunais e palácios se tornaram palcos para a proclamação do reino. Jesus, no entanto, profetizou que haveria prisões, julgamentos e audiências reais hostis para os discípulos (Mt 10:16-20). Infelizmente, aqueles que estavam cheios de poder terreno foram mais demorados em aceitar Cristo.

5. Como podemos explicar o crescimento explosivo da igreja primitiva? Por que muitos poderosos não aceitaram Jesus? At 4:1-12; 13:5-12, 50; 23:1-6; 25:23–26:28

Embora alguém possa pensar que muitas pessoas foram instantaneamente convertidas do nada, não foi isso que aconteceu. Esses resultados extraordinários foram consequência visível de circunstâncias subjacentes. A semeadura precede a colheita. Cristo proclamou fielmente o evangelho. Os missionários haviam testemunhado por toda a Judeia. Os primeiros conversos, sem dúvida, ajudaram a levar a mensagem. Quando Cristo venceu a morte, confirmando Sua mensagem, milhares de indecisos entraram no reino. Eles haviam seguido secretamente a Cristo. Seu coração havia respondido aos Seus convites. Fatores culturais, segurança no trabalho e pressão familiar tinham retardado sua clara resposta. A ressurreição de Cristo destruiu a barreira, forçando uma decisão.

Então, o apóstolo Paulo entrou em cena. Todavia, seu testemunho não foi apreciado em todos os lugares. Às vezes, homens e mulheres preeminentes o perseguiam e o expulsavam. Ele foi apedrejado, açoitado, preso e maltratado, frequentemente por instigação de pessoas influentes. Motivos políticos eram geralmente a base para os sentimentos anticristãos.
O governador Félix prendeu Paulo a fim de apaziguar a oposição religiosa ao apóstolo. Seu sucessor, Festo, foi mais imparcial, mas faltava-lhe vontade política para libertar Paulo. Durante uma visita oficial, o rei Agripa e sua irmã Berenice (descendentes da dinastia herodiana) solicitaram uma audiência com Paulo. Infelizmente, como seus predecessores, eles rejeitaram o convite de salvação. Embora enfrentem rejeição e perseguição semelhantes, os discípulos de Cristo do século 21 também devem perseverar.

Como os formadores de discípulos que trabalham com autoridades religiosas e seculares podem evitar o desânimo causado pela constante rejeição? Sempre que os seguidores de Jesus trabalham com pessoas influentes, quem mais pode ser afetado por seu testemunho?

Estudo adicional
Leia de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 315-318: "O Centurião"; p. 698-715: "Perante Anás e o Tribunal de Caifás"; p. 723-740: "Na Sala de Julgamento de Pilatos"; A Ciência do Bom Viver, p. 209-216: "O Ministério em Favor dos Ricos"; Atos dos Apóstolos, p. 433-438: "Quase Persuadido".

"Não é por nenhum toque casual, acidental, que pessoas ricas, que amam e adoram o mundo, podem ser atraídas a Cristo. Essas pessoas são muitas vezes as de mais difícil acesso. É preciso em seu favor um esforço pessoal da parte de homens e mulheres dotados de espírito missionário, que não fracassem nem desanimem.


"Alguns são especialmente habilitados a trabalhar nas classes mais elevadas" (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 213.)

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