domingo, 2 de março de 2014

Discipulado das Crianças

Texto principal:
"Vendo os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho de Davi!, indignaram-se e perguntaram-­Lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?" (Mt 21:15, 16).


Em nosso desejo de pregar ao mundo e fazer discípulos de todas as nações, não devemos esquecer uma classe de pessoas: as crianças.

Estudos cristãos sobre crianças e jovens divergem em muitos aspectos. No entanto, através das linhas denominacionais algo parece constante: a maioria dos cristãos entregou a vida a Cristo em uma idade relativamente jovem. Um número menor de convertidos vem da população mais idosa. Muitas igrejas, aparentemente, ignoram esse fato importante em seu planeamento evangelístico, direcionando a maior parte de seus recursos para a população adulta. Os primeiros discípulos de Cristo também parecem ter subestimado o valor do ministério das crianças. Jesus rejeitou essa atitude e abriu espaço para as crianças, até mesmo dando prioridade a elas.


Vantagem da criança hebreia
As crianças hebreias desfrutavam um tratamento especial quando comparadas às crianças das antigas nações vizinhas. Em muitas culturas eram difundidos sacrifícios de crianças para apaziguar os deuses. Do contrário, o valor das crianças frequentemente era medido por sua contribuição económica à sociedade. Produtividade do trabalho, não valor intrínseco, definia seu relacionamento com o mundo adulto. É triste dizer, mas algumas dessas atitudes, especialmente quando se trata de valor económico, são encontradas em nosso mundo atual. Verdadeiramente, o dia da ira precisa vir.

Evidentemente, a apostasia de Israel afetou o valor dado pela população às crianças. O envolvimento de Manassés com a feitiçaria e as religiões de outras nações induziu ao sacrifício de crianças (2Cr 33:6). No entanto, o reinado de Manassés foi exceção e não regra. Sob liderança mais espiritual, os israelitas valorizavam muito seus descendentes.

1. Leia o Salmo 127:3-5; 128:3-6; Jeremias 7:31; Deuteronômio 6:6, 7. Que valor Deus dá aos filhos? De que maneira uma compreensão adequada das Escrituras pode afetar nosso relacionamento com eles?

Educação, direito de primogenitura e muitas outras práticas culturais demonstravam claramente o valor das crianças na antiga cultura hebraica. Não é de admirar que Cristo tenha expandido a posição já exaltada das crianças, em comparação com as culturas circundantes, para novas dimensões. Afinal, as crianças são seres humanos, e a morte de Cristo foi por todas as pessoas, independentemente da idade, um ponto que nunca devemos esquecer.

É difícil acreditar que haja adultos tão corrompidos, tão maus e tão degradados que façam mal às crianças,
às vezes até mesmo às suas. Como podemos, em qualquer situação em que estivermos, amar, proteger e educar as crianças dentro da nossa esfera de influência?

Infância de Jesus
Se Jesus não tivesse passado pela infância, chegando ao planeta Terra como adulto, sérias questões poderiam ser levantadas a respeito de Sua capacidade de Se identificar com as crianças. Cristo, porém, Se desenvolveu como toda criança deve se desenvolver, não omitindo nenhuma das etapas de desenvolvimento associadas ao crescimento e à maturidade. Ele compreende as tentações dos adolescentes. Ele sofreu as fragilidades e inseguranças da infância. Cristo enfrentou os desafios que toda criança enfrenta na sua própria esfera. Sua experiência na infância foi outra maneira crucial pela qual nosso Salvador revelou Sua verdadeira humanidade.

2. Ler Lucas 2:40-52. O que isso ensina sobre a infância de Jesus?

"Entre os judeus, os doze anos eram a linha divisória entre a infância e a juventude. Ao completar essa idade, um menino hebreu era considerado filho da lei, e também filho de Deus. Eram-lhe dadas oportunidades especiais para instruções religiosas, e esperava-se que participasse das festas e observâncias sagradas. Foi em harmonia com esse costume, que Jesus em Sua meninice fez a visita pascal a Jerusalém" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 75).

De acordo com o texto, Jesus adquiriu sabedoria. Deus Lhe concedeu graça. Desde o encontro no templo durante a visita pascal, em Sua infância, percebemos que Jesus tinha profunda sabedoria bíblica. Os rabinos ficaram muito impressionados com as perguntas e respostas de Jesus.

Deus certamente usou várias experiências da infância para moldar esse caráter impecável. Talvez a disciplina de aprender habilidades de carpintaria, a atenção de pais dedicados, a exposição regular às Escrituras e Suas interações com os habitantes de Nazaré formaram a base de Sua educação inicial. No fim, por mais notável que Jesus tenha sido na infância, ainda assim Ele havia sido uma criança, como cada um de nós.

"O menino Jesus não recebeu instrução nas escolas das sinagogas. A mãe foi Sua primeira professora humana. Dos lábios dela e dos rolos dos profetas, aprendeu as coisas celestiais. As próprias palavras ditas por Ele a Moisés para Israel, eram-­ 0Lhe agora ensinadas aos joelhos de Sua mãe" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 70). Medite nas incríveis implicações dessas palavras. O que elas nos ensinam sobre a humanidade de Cristo?

Curando as crianças
3. Leia Mateus 9:18-26; Marcos 7:24-30; Lucas 9:37-43; João 4:46-54. Quais são as semelhanças e
diferenças no contexto de vida dessas crianças? Que lições podemos aprender com esses textos que podem nos ajudar hoje?

Uma semelhança impressionante é que, em todas essas histórias, pais desesperados foram a Jesus buscando ajuda para os filhos. Qual pai não pode se identificar com esses relatos? Qual pai já não sentiu dor, angústia, medo e horror quando um filho estava muito doente ou até mesmo morrendo? Para os que passaram por isso, não há nada pior.

Embora Jesus não tenha sido pai, em Sua humanidade, Ele Se identificava com os pais o suficiente para curar seus filhos. Em cada caso ocorreu a cura. Ele não desprezou ninguém. Assim, Seu amor, não apenas pelos pais, mas pelos filhos, foi claramente manifestado.

Isso leva a uma série de perguntas a respeito de casos em que pais oram e suplicam a Jesus pela cura de seus filhos e, no entanto, eles não são curados. Talvez, não haja experiência mais triste do que sepultar um filho. A morte deve ser reservada para as gerações mais velhas. A sequência antinatural em que pais lamentam a morte de seus filhos traz revolta ao coração. Durante esses funerais quase todos os pais perguntam: "Não deveria ter sido eu em lugar de meu filho?"

O luto pela morte física e a observação da decadência espiritual podem ser igualmente dolorosos. Quantos pais têm agonizado por causa de filhos destruídos pela dependência de drogas, pornografia, ou indiferença dos próprios filhos? Seja qual for a aflição, devemos aprender a confiar no Senhor, em Sua bondade e em Seu amor, mesmo quando não alcançamos resultados tão felizes quanto os das histórias bíblicas listadas acima. Ellen G. White, uma profetisa, enterrou dois filhos. Nosso mundo é um lugar difícil. Nosso Deus, porém, é amoroso. Custe o que custar, devemos nos apegar a essa verdade.

Uma terrível advertência
4. Leia Mateus 11:25, 26; 18:1-6, 10-14. Que verdades, não apenas sobre os filhos, mas sobre a fé em geral, podemos aprender com esses textos? Pense na seriedade da advertência de Jesus. Por que deveríamos tremer diante dela?

Jesus frequentemente recorreu à sinceridade das crianças para ilustrar Seu reino. A autenticidade, humildade, dependência e inocência das crianças de alguma forma captam a essência da vida cristã. Ao viver nossa fé, devemos almejar intensamente essa simplicidade e confiança.

Os modernos formadores de discípulos precisam aprender outra lição: as crianças nunca devem deixar para trás sua dependência infantil. Devidamente instruídas, elas podem levar sua confiante inocência para a idade adulta. Certamente, quando as crianças amadurecerem e envelhecerem, elas questionarão coisas e terão lutas, dúvidas e perguntas sem resposta, como acontece com todos nós. Mas uma fé infantil nunca fica fora de moda. Como pais, ou como adultos em geral, devemos fazer todo o possível para incutir nas crianças o conhecimento de Deus e do Seu amor. A melhor maneira de fazer isso é revelar esse amor em nossa vida, em nossa bondade, compaixão e cuidado. Podemos pregar sermões e exortar o tanto que quisermos, mas, no fim, como acontece com os adultos, a melhor maneira de discipular as crianças é viver diante delas o amor de Deus em nossa vida.

Em frio, terrível e forte contraste, atos criminosos contra crianças, especialmente durante atividades oficiais da igreja, podem destruir a confiança da criança na igreja e, muitas vezes, no Deus da igreja. Grande ira está reservada para os que cometem tais ações e para os que protegem os culpados. Cristo e Sua mensagem despertam fé e confiança. Como uma organização humana se atreve a prejudicar essa fé infantil por falta de vigilância?

O que sua igreja está fazendo, não apenas para educar suas crianças, mas para garantir que elas sejam protegidas de todas as formas possíveis? O que significam estas Palavras de Jesus: "Os seus anjos nos Céus veem incessantemente a face de Meu Pai celeste" (Mt 18:10). Por que isso deveria fazer tremer qualquer um que maltrata uma criança?

Aceitando os pequenos
5. Leia Marcos 10:13-16. O fato de que Cristo aceitou as crianças facilitou a aceitação d´Ele? Como devemos entender Sua repreensão aos discípulos? O que devemos aprender com esse relato sobre o relacionamento com as crianças?

Certamente os discípulos de Cristo eram bem-intencionados, embora ignorantes. Eles tentaram proteger seu valioso tempo, preservando sua energia para assuntos mais "importantes". Eles realmente se equivocaram sobre o que Jesus queria que eles entendessem.

Imagine-se sendo desprezado por adultos grosseiros e depois sendo abraçado pela amorosa e carinhosa pessoa de Jesus. Não é de admirar que as crianças O abraçaram. Nessa história temos um exemplo inestimável sobre a maneira pela qual as crianças devem ser tratadas pelos professos formadores de discípulos.

"Nos meninos que foram postos em contato com Ele, viu Jesus os homens e mulheres que seriam herdeiros de Sua graça e súditos do Seu reino, e alguns dos quais se tornariam mártires por Seu amor. Sabia que essas crianças haviam de ouvi-Lo e aceitá-Lo como seu Redentor muito mais facilmente do que o fariam os adultos, muitos dos quais eram sábios segundo o mundo e endurecidos. Em Seus ensinos, descia ao nível delas. Ele, a Majestade do Céu, não desdenhava responder-lhes às perguntas e simplificar Suas importantes lições, para alcançar sua compreensão infantil. Implantava na mente delas as sementes da verdade, que haveriam de brotar nos anos vindouros, dando frutos para a vida eterna" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 512, 515).

Quantas vezes encontramos adultos que sofrem tanta dor, tanta confusão, tanta mágoa sobre coisas que aconteceram com eles na infância? O que isso deve nos dizer sobre a maneira gentil, carinhosa, piedosa e amorosa pela qual devemos tratar as crianças?

Conclusão:
"É ainda verdade que as crianças são as pessoas mais suscetíveis aos ensinos do evangelho; seu coração acha-se aberto às influências divinas, e forte para reter as lições recebidas. […] Precisam ser educados nas coisas espirituais, e os pais devem proporcionar-lhes todas as vantagens, para que formem caráter segundo a semelhança do de Cristo.


"Os pais e as mães devem considerar os filhos como os membros mais novos da família do Senhor, a eles confiados para que os eduquem para o Céu. As lições que nós mesmos aprendemos de Cristo, devemos transmitir aos nossos filhos" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p . 515).

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