segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Os Discípulos e as Escrituras

Texto princial
"Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim" (Jo 5:39).

Introcução
Usando um detector de metais comprado em um bazar, o inglês Terry Herbert descobriu, enterrados no campo de um fazendeiro, artefatos de prata e armamento anglo-saxão banhado a ouro. O valor monetário estimado da descoberta ultrapassou 5 milhões de dólares.

Como alguém que procura um tesouro em um campo de terra, pedras e lixo, devemos ter cuidado para não deixar que as coisas da Terra nos impeçam de alcançar o verdadeiro tesouro no alto: Jesus Cristo. Buscando riquezas eternas, fariseus e saduceus "escavaram" os antigos escritos sagrados. Ironicamente, seu mapa do tesouro, as Escrituras, tinha sido tão radicalmente mal interpretado que eles erraram completamente o alvo: Jesus.

Explícita e implicitamente, Jesus incorporou as Escrituras em Sua metodologia de discipulado. A suprema busca ao tesouro estava enraizada nos escritos proféticos, que apontavam para Ele. Assim, não encontrar Jesus significa errar o alvo. Tudo isso significa que, em última análise, todos os nossos esforços para fazer discípulos devem enfatizar Jesus e o que Ele fez por nós.

Jesus e a Bíblia
Uma vez que Jesus é o exemplo para todos os cristãos, Seu nível de comprometimento com as Escrituras se torna mais do que uma questão de interesse passageiro.

1. Leia Lucas 4:1-12 e 16-21. O que essas passagens sugerem sobre a atitude de Cristo para com a Bíblia?


A narrativa das tentações de Cristo no deserto mostra que, citando as Escrituras, Jesus repeliu todas as provocações e convites satânicos. Provavelmente, os manuscritos não estivessem disponíveis a Cristo durante Sua permanência de quarenta dias no deserto. Isso indica claramente que Ele havia memorizado porções substanciais das Escrituras. Embora as Escrituras citadas no deserto fossem tiradas dos escritos de Moisés, em outras passagens Jesus citou trechos de outras partes do Antigo Testamento (Mt 21:42; 22:44). Cristo tinha amplo conhecimento das Escrituras.

Observe, porém, que Cristo entendia que as Escrituras são mais do que apenas uma ferramenta para vencer a tentação e alcançar santidade pessoal. Jesus reconheceu que as Escrituras apontavam para Ele. Durante a visita à sinagoga, registrada em Lucas 4:16-30, Jesus citou Isaías e declarou que esse texto apontava para Ele, como o Ungido, para libertar os oprimidos e proclamar libertação. Jesus compreendeu que Ele cumpria a profecia messiânica. Assim, não apenas entendeu que as Escrituras apontavam para Ele, mas no início de Seu ministério, usou a Bíblia para atrair pessoas a Ele.

Embora seja importante conhecer a Bíblia, isso não é tudo. Alguns dos maiores estudiosos da Bíblia nem mesmo têm a fé cristã. Como podemos ter certeza de que nosso estudo e leitura da Bíblia nos ajudam a ter melhor conhecimento de Jesus e do que Ele fez por nós? Como podemos tornar o estudo da Bíblia algo que transforme nossa vida?

A autoridade das Escrituras
2. De que maneira Jesus via a Bíblia? Mt 5:17-20; 12:3-8; 15:3-11; Jo 10:34-37; 17:14-19; Lc 24:44

Sempre que Cristo discutia com as autoridades religiosas, Ele não confiava na filosofia abstrata, nem na autoridade pessoal, mas nos ensinamentos das Escrituras. Ao distinguir o certo do errado, Jesus apoiou Seu argumento no fundamento bíblico. Quando os adversários desafiaram a pureza doutrinária de Cristo, Ele os dirigiu a passagens específicas das Escrituras. Ao considerar questões práticas, Jesus encaminhava Seus ouvintes à revelação divina. Cristo entendia que Sua missão divinamente ordenada era realizar o que os antigos profetas haviam predito.

Compare a elevada compreensão de Cristo acerca das Escrituras com a atitude predominante entre alguns professos cristãos. Embora considerem a Bíblia interessante, denominações inteiras entendem que ela é um conjunto de manuscritos históricos indignos de credibilidade. Crenças como a criação em seis dias, o Êxodo, até mesmo a ressurreição de Jesus e a literal segunda vinda de Cristo têm sido questionadas ou relegadas ao status de mito.

As implicações para o discipulado são claras. Por que alguém daria sua vida por uma causa com base em nada além de mitos? Pessoas sobrecarregadas com problemas reais precisam de um Salvador real. Caso contrário, o evangelho se torna um tesouro deslustrado ou, metaforicamente, moedas de plástico banhadas com falso ouro. Alguns poderiam ser enganados, mas após exame mais atento, o plástico seria rejeitado. O único caminho seguro é seguir o exemplo de Cristo ao exaltar e honrar a Bíblia.

A morte não é mito, concorda? Também não é apenas um símbolo. É uma das mais duras realidades que todos enfrentamos. Pense nas implicações de qualquer ponto de vista que trate os ensinamentos bíblicos, tais como a ressurreição de Jesus ou Sua segunda vinda, como meros símbolos ou mitos. Por que nunca devemos ser apanhados nessa armadilha satânica?

Proclamação pública
Jesus atraía pessoas em diferentes ambientes, incluindo lugares públicos. As Escrituras tiveram papel de destaque nas pregações públicas de Cristo. Seus sermões e discursos públicos eram repletos de citações diretas e alusões bíblicas.

3. Leia Mateus 5:17-39. De que forma Cristo utilizava as Escrituras para o ministério público?

Durante a jornada terrena de Cristo, o relacionamento habitual dos israelitas com as Escrituras era aparentemente muito legalista. Eles as examinavam em busca de regulamentos e orientação ética. A bem-aventurança eterna era considerada o pagamento pelo comportamento justo. No entanto, Jesus derrubou suas noções legalistas e substituiu o sistema de controles externos por uma religião fundamentada no coração.

A religião cristocêntrica está enraizada na transformação do coração que leva a um comportamento ético. Ironicamente, alguns dos fariseus, em sua pressa para alcançar a perfeição moral, haviam evitado o relacionamento vivo com Deus. Jesus identificou essas deficiências e, para curá-las, Ele convidou os ouvintes a aceitá-­Lo como Salvador e Mestre. Tendo Jesus como uma força controladora interna, as normas de comportamento não foram rebaixadas, mas elevadas. Tudo o que temos a fazer é ler o Sermão da Montanha para ver quão elevados eram seus padrões morais.

"Como algo estranho e novo, essas palavras caíram nos ouvidos da multidão admirada. Semelhante doutrina era contrária a tudo que tinham ouvido dos sacerdotes e rabinos. Nela não viram coisa alguma que lisonjeasse seu orgulho ou lhes alimentasse as ambiciosas esperanças. Porém, esse novo Mestre tinha um poder que os mantinha encantados. A doçura do amor divino fluía de Sua presença como a fragrância de uma flor. [...] Todos sentiam instintivamente que ali estava Aquele que lia os segredos do coração, e não obstante, deles Se aproximava com terna compaixão" (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p. 6).

É muito fácil ser legalista, crítico e condenatório, não é mesmo? Como podemos nos proteger contra essas práticas comuns?

Ministério pessoal
Existem muitos exemplos do ministério público de Cristo. São fascinantes Seus encontros com pessoas simples e com a elite da sociedade. Essas histórias oferecem uma visão única da centralidade das Escrituras no ministério de Cristo.

4. Leia João 13:18-20; Lucas 10:25-28; 24:13-32. Qual foi o papel das Escrituras segundo essas passagens? Que propósito Jesus tinha para citar esses versos? Qual foi o resultado desses encontros de pequenos grupos com as Escrituras?

Repetidamente, Cristo citava as Escrituras em conexão com Seus apelos ao discipulado. Isso sugere que a autoridade e a credibilidade de Jesus estavam nas Escrituras, e não apenas no carisma pessoal. Isso é visto especialmente na maneira pela qual Jesus usou as Escrituras quando dialogou com os dois discípulos no caminho de Emaús.

"Começando com Moisés, o próprio Alfa da história bíblica, Cristo expôs em todas as Escrituras as coisas que Lhe diziam respeito. Houvesse primeiro Se manifestado a eles, seu coração teria ficado satisfeito. Na plenitude de sua alegria, não teriam desejado nada mais. Mas era necessário que compreendessem os testemunhos dados a respeito dEle pelos símbolos e profecias do Antigo Testamento. Sua fé devia ser estabelecida sobre essas verdades. Cristo não operou nenhum milagre para os convencer, mas Seu primeiro trabalho foi explicar-lhes as Escrituras. Haviam considerado Sua morte a destruição de todas as suas esperanças. Então, Ele lhes mostrou pelos profetas que essa era a mais vigorosa prova de sua fé.

"Ensinando esses discípulos, Jesus mostrou a importância do Antigo Testamento como testemunha de Sua missão" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 796-799).

Observe Lucas 24:32, especialmente a expressão de que o coração dos discípulos ardia. O que isso significa? Qual foi a última vez que seu coração ardeu por causa das verdades que recebemos? Se isso não acontece há muito tempo, será que seu coração se esfriou? Como você pode mudar?

A próxima geração
Sem dúvida, Jesus coloca forte ênfase na Bíblia. Ele jamais questionou a autoridade, a veracidade nem a autenticidade de nenhum texto bíblico. No entanto, ao longo dos séculos, e ainda hoje, muitas pessoas fazem exatamente isso.

5. Leia Mateus 12:15-21; Marcos 1:1-3; Atos 1:16-20; 3:22-24; Romanos 10:10. De que maneira os cristãos primitivos viam as Escrituras? Como esses textos nos ajudam em nosso relacionamento com a Bíblia?

Os primeiros escritores cristãos continuaram a prática de usar as Escrituras para autenticar a messianidade de Jesus de Nazaré. Na verdade, eles estavam dizendo que o cristianismo estava intrinsecamente ligado à revelação que Deus fez de Si mesmo por meio da Bíblia hebraica.

O próprio Jesus havia recorrido a esses escritos sagrados. Então, os discípulos de Cristo estavam fazendo o mesmo. Apelar à experiência pessoal, aos milagres e outros testemunhos em favor de Cristo era importante e tinha seu lugar. No entanto, nada podia substituir as Escrituras como a principal testemunha de Jesus.

Os primeiros seguidores de Cristo procuraram a orientação das Escrituras a respeito da missão da Igreja, de suas práticas cotidianas e de sua disciplina espiritual. A especulação e conjecturas humanas foram minimizadas; as Escrituras se tornaram preeminentes. A consideração para com a revelação de Deus era evidente nos concílios da Igreja (At 15). As Escrituras tocavam todos os aspectos da vida da igreja primitiva.

Não seria muita tolice, especialmente no tempo do fim, ter uma atitude diferente para com a Bíblia?

Como podemos aprender a tornar a Bíblia o centro de nossa fé, deixando que ela nos conduza a Jesus? Na prática, como podemos permitir que o ensino da Bíblia realmente influencie nossa maneira de viver e de nos relacionarmos com os outros?

Estudo adicional
Leia, de Ellen G. White, Educação, p. 190-192: "Ensino e Estudo da Bíblia"; O Desejado de Todas as Nações, p. 795-801: "A Viagem Para Emaús"; Atos dos Apóstolos, p. 221-230: "Tessalónica".


"Cristo, em Seu ministério, havia tornado claras aos Seus discípulos essas profecias [...] Pedro, ao pregar Cristo, tinha apresentado provas do Antigo Testamento. Estêvão procedeu de modo idêntico. Também Paulo, em seu ministério, recorreu às passagens que prediziam o nascimento, sofrimento, morte, ressurreição e ascensão de Cristo. Pelo inspirado testemunho de Moisés e dos profetas, provou plenamente que Jesus de Nazaré era o Messias, e demonstrou que desde os dias de Adão foi a voz de Cristo que falou por intermédio dos patriarcas e profetas" (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 221, 222).

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