sábado, 28 de setembro de 2013

ENVOLVA-ME, PARA QUE EU ENTENDA

(Evangelismo só existe onde existe comunicação. A comunicação existe somente quando existe envolvimento)


Comunicação é envolvimento
A impressão que temos das pessoas que não conhecemos é a de que elas são diferentes, às vezes ameaçadoras. Mas à medida que nos tornamos conhecidos e familiarizados com elas, ficamos espantados ao descobrir que eles tem os mesmos temores e dificuldades no relacionamento com o que não conhecem. Desconhecidos tornam-se amigos através de um crescente e permanente envolvimento. Um viajante afirma: “O difícil acesso às pessoas do Oriente é, creio eu, um mito ... O habitante comum dessa região é incompreendido somente às pessoas que nunca se preocuparam em ter alguma coisa em comum com ele” (Dame Freya Stark, The Journey’s Echo, 26).

Aqueles a quem fomos ensinados a não gostar ou mesmo odiar, são mudados à nossa vista para “pessoas boas” quando compartilhamos as mesmas atividades. A cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos, os atletas amam conhecer competidores de nações que normalmente são consideradas “inimigas”. Um ator árabe, num
restaurante no Médio Oriente escolheu um estudante judeu para que participasse com ele de algumas cenas. Com sorrisos alegres eles terminaram a peça juntos. Ambos estavam envolvidos com os resultados de um pequeno sucesso, muito embora os seus povos tenham lutado inúmeras vezes através dos séculos.

Foi perguntado a um jovem cristão no Sudão o que faria se encontrasse alguma pessoa de uma tribo inimiga pelo caminho, ferida e necessitada.
— Eu a mataria — ele respondeu imediatamente.
— O que você faria se encontrasse este homem? — este? Perguntou apontando para um de seus colegas de trabalho que pertencia a essa mesma tribo inimiga.
— Eu o ajudaria, naturalmente.
— Mas por que você mataria aquele e não este?
— Eles são diferentes
A única diferença era que esse jovem estava envolvido com este e não com aquele:
A chave para entender cada caso é o envolvimento, compartilhar alguma coisa. Ter essa “unidade, comunhão” é a base da comunicação. O envolvimento é inseparável da comunicação, assim como a própria raiz da palavra mostra.

A palavra raiz é communis
Dessa raiz vêm muitas outras palavras:
— comum
— comuna
— comunidade
— comunismo
— comunhão
— comunicação

Ter em comum – compartilhar as mesmas coisas. Comunidade significa compartilhar o mesmo espaço geográfico ou os mesmos interesses. Com comuna [CO.MU.NA s.f. 1. Na Idade Média, povoação emancipada do regime feudal e governando-se autonomamente. 2. Municipalidade; município] (Dicionário Luft), vamos além de um simples compartir para um compromisso de um para com o outro em áreas mais amplas da vida – económica, atividades sociais, e talvez culto e adoração. Em comunhão, nós compartilhamos o entendimento e os mais profundos níveis da experiência humana. E no serviço de comunhão, há um compartilhamento entre Deus e a humanidade, lembrando as bases de tal impossível compartilhamento no corpo quebrantado de Cristo e no sangue derramado. O serviço de comunhão também celebra o compartilhamento de pessoas dentro do corpo de Cristo.

Todas essas ocasiões de comunicação, proporcionam um envolvimento crescente que constrói mais e mais áreas de compartilhamento. Compartilhamento, no uso popular cristão, infelizmente carrega pouco da real comunicação. Significa muito frequentemente passar a alguém sua informação, sem o ato de ouvir que o tornaria um verdadeiro compartilhar. É o falar sem o envolvimento, e assim uma comunicação não genuína. O verdadeiro compartilhar é o melhor da comunicação. São pessoas movimentando-se juntas em áreas amplas de alegrias mútuas, problemas e respostas. Este verdadeiro compartilhar se transforma em comunhão, sobre pessoas, sobre Deus, e juntamente com Deus.

Pelo menos uma cultura reconhece em sua linguagem a inseparabilidade do envolvimento e da comunicação. Em Malagasy (Madagascar), a mesma palavra é usada para comunicação e envolvimento – fifandraisanat. Muito frequentemente, nós usamos um diferente par de palavras como se elas fossem intercambiáveis – comunicação e tecnologia. Tecnologia pode em prática ser um substituto para envolvimento.

O que é melhor para se alcançar mais pessoas mais rapidamente? Usar comunicação de massa ou a abordagem que envolve consumo de tempo que é o envolvimento? Podemos nós, em outras palavras, comunicar o Evangelho saturando o mundo com satélites, imprensa, ou outra tecnologia? Nossa imaginação fica maravilhada e estimulada pela capacidade das novas ferramentas. Certamente nós devemos usá-las para evangelizar! Mas há muito mais para se considerar do que o poder e maravilhas da nova tecnologia.

A tecnologia pode simplesmente executar a transmissão, o que não deveria se confundida com comunicação. Transmissão via ondas (rádio, TV, etc) ocorre sem envolvimento. É a divulgação das palavras e símbolos que não leva em consideração a resposta das audiências. Uma vez que a mensagem é transmitida, a responsabilidade parece haver sido descartada: “Bem, eu falei e eles não quiseram ouvir”. E assim tudo parece ser explicado. O paralelo espiritual é: “Eu simplesmente prego a Palavra. Se eles não a ouvem, eu não posso fazer nada”.

As ferramentas transmitem; as pessoas se envolvem. Ferramentas técnicas sofisticadas podem ser úteis no evangelismo. O seu poder faz com que os que o utilizam passem por cima do envolvimento como uma condição essencial para a comunicação. Transmitir o conteúdo correto não cria, por si mesmo, a comunicação. Neville Jayaweera, um líder Cristão do Sri Lanca, avisa:

Podemos investir milhões na comunicação cristã, cobrir o globo com ainda mais poderosos transmissores e ainda mais sofisticados aparatos de imprensa, treinar verdadeiros exércitos de comunicadores profissionais – nós podemos fazer todas essas coisas e mais, e ainda não amadurecer a colheita. Eu creio que os que estão envolvidos com a comunicação cristã devem enfrentar temas mais profundos e relevantes do que aqueles relacionados com as questões “profissionais”.
“Comunicação Cristã no Terceiro Mundo”

Quais são esses “profundos e relevantes” temas? Eles diferem de pessoa para pessoa. É certo, entretanto, que esses temas serão compreendidos e utilizados para uma creditada proclamação do Evangelho somente à medida em que os comunicadores se tornarem envolvidos profundamente com a audiência. Somente através do envolvimento os Cristão efetivamente tornarão Cristo conhecido.

Não é o envolvimento em projetos que conta, mas o envolvimento com as pessoas. Projetos (técnicos e tecnológicos) não são substitutos para envolvimento pessoal. A literatura, o rádio, os programas de ajuda para o bem-estar, projetos de auxílio ao necessitado, - todos podem ser úteis, até mesmo necessários, em determinadas ocasiões. Mas frequentemente absorvem tanto esforço em sua administração, produção, e financiamento que não sobra tempo para um envolvimento pessoal. Isto não necessita ser dessa forma, mas programas dessa natureza frequentemente separam as pessoas de um contato direto com o povo.

Quando o Evangelho é transmitido, imagina-se estar obtendo o resultado desejado. Mas a comunicação pode nem sequer haver começado. Ela não pode existir sem até que um tempo seja planejado para as pessoas. O envolvimento com as pessoas é quase sempre mais caro do que o envolvimento com um programa. O meio preferido para a mensagem de Cristo é sempre pessoas, não exibições electrónicas e mecânicas. Por que alguns oradores se tornam monótonos quando falam? A despeito do estudo cuidadoso do pastor, às vezes a congregação permanece indiferente aos ensinos da Palavra de Deus. Será que as pessoas são indiferentes? Oscar Wilde escreve sobre atitudes familiares em uma de suas fábulas, The devoted Friend. “'Como você fala bem’ disse a esposa de Miller, ‘realmente eu me sinto sonolenta, tranquilizada. É como estar na igreja.’” Parece que as pessoas esperam ser tranquilizadas com boas palavras, mas palavras que não tocam a vontade delas.

Há muitas razões para o cansaço da audiência, naturalmente, assim como uma inadequada preparação, uma monótona explanação, ou o olhar do pregador colocado no teto ao invés de na audiência. Mas o ponto comum a quase todos os pregadores ineficientes é o fracasso de se envolver com a audiência.

Um pregador Chinês em Singapura lutava com este problema: “As pessoas dizem que preciso estar feliz com o que prego, por isso estudo. Mas quanto mais estudo, mais eu me sinto distanciado das reais lutas humanas”. Ele descobriu que aquelas notáveis conversas com as pessoas nos shoppings centers, abordando seus sentimentos a respeito da vida, suas aspirações e frustrações, o ajudava a se manter em contato com a realidade das emoções das pessoas. “Desta maneira”, ele disse, “Toda vez que me coloco atrás do púlpito e prego o Evangelho, eu sei exatamente sobre o que estou falando”.

CONHEÇA SUA AUDIÊNCIA
É importante conhecer a audiência. Mas fazer simplesmente isso também indica uma superficial visão da comunicação: Estude a audiência, aprenda suas necessidades, interesses, e maneiras de expressar seus interesses; então realinhe sua mensagem de tal forma que atinja suas susceptibilidades – afinal, a mensagem é tão importante que eles devem ser conduzidos a ouvir. Mas isto é ainda uma transmissão. É ainda o “futuro comunicador” colocando-se separadamente de seus ouvintes ao invés de com eles e envolvido na vida deles.

A transmissão é empregada mais lucrativamente por propagandistas. Pesquisa e experiência mostram os pontos vulneráveis dos propagandistas no mercado. Eles procuram identificar áreas de interesse comum. Por exemplo, o produto H é pasta dental; como poderia haver um terreno comum entre um jovem e a pasta dental? O jovem quer uma personalidade que conquiste aceitação por ele com jovens garotas, portanto o desafio se torna bem simples: Persuada o jovem que o produto H está também relacionado com aceitação e que isso poderá ajudá-lo a conquistar essa desejada aceitação. O fato de que uma pasta dental está relacionada com prevenção de cáries não é significante para o jovem. Portanto não se preocupe em lhe vender prevenção; ao contrário, venda-lhe aceitação social. “Use o produto H e você será admirado pelas garotas!” é a mensagem implícita na imagem de um jovem esbelto com uma linda garota sorrindo para ele. A fórmula para uma transmissão bem sucedida é direta: Encontre áreas de interesse comum e explore-as para alcançar seu real objetivo.

Abordagens similares são, às vezes, utilizadas no ministério cristão. Por exemplo, um jovem ministro que não é um tipo atlético começa contando histórias esportivas para adolescentes, tentando utilizar o jargão especial desse grupo de jovens. A estratégia não funcionou. Um jovem com o qual ele estava particularmente interessado em alcançar o chamou de falso. O pastor ficou ofendido, e os jovens partiram para outras atividades que lhes parecia mais interessante do que a igreja.

Não era errado para o pastor querer falar sobre os interesses dos jovens e usar sua linguagem, mas quando aquela abordagem não emergiu de um envolvimento genuíno, ela era realmente falsa. Se o pastor tivesse estado envolvido o bastante para se preocupar genuinamente sobre quem venceu os jogos locais, ele teria realizado a comunicação, a despeito de seu vocabulário ou histórias.

Tanto o propagandista quanto aquele que queria trabalhar com os jovens usaram essencialmente o mesmo método: descobrir ou construir uma área comum, então explorá-la para trazer uma ação desejada. Nesse caso, os interesses da audiência estão sendo manipulados para alcançar a meta do emissor.

Muito frequentemente, os programas para alcançar pessoas feitos pela igreja oferecem soluções para os problemas da vida, dão-lhes aceitação social e mesmo amizade, de tal forma que estimulem o seu interesse. Essas coisas são honráveis subprodutos da reconciliação com Deus através de Cristo. Mas se eles forem usados primordialmente para promover o auto-interesse da igreja (por exemplo, crescimento acelerado da igreja para gerar crédito profissional para a igreja e seu pastor), isso será uma vergonhosa manipulação.

Cinicamente alguém pode perguntar: “Quantas estrelas você consegue na sua coroa por me converter?” Essa pessoa se sente usada a despeito das suaves palavras afirmando que Deus a ama e quer o melhor para ela. A meta prioritária é conquistar outra pessoa para Cristo; aconteceu de ser a pessoa A, que estava por perto quando a consciência compeliu o cristão a “testemunhar” para alguém. A transmissão da mensagem pode ser, então, o resultado de um esforço, mas não será comunicação.

Suponhamos que o povo de uma região isolada em um país em desenvolvimento não tenha nenhuma testemunha do Evangelho. Não há dúvida que algum tipo de testemunho cristão deveria ser estabelecido ali, mas como?

Um missionário chega. Brevemente ele constrói a sua casa, então ele cria algumas facilidades de apoio – um gerador, uma pista de pouso, e uma carpintaria para construir móveis para manter seu equipamento. Uma pequena igreja é construída onde ele se encontra semanalmente com os trabalhadores que ele empregou em seus projetos de construção. Mas ninguém vem, exceto crianças curiosas e ocasionalmente algumas das esposas dos trabalhadores. O missionário pondera e ora, mas ele vê apenas indiferença.

O problema não é o fracasso espiritual, muito embora alguns dos que apoiam o trabalho do missionário pensem que sim. Não é preguiça. Sua pregação não é simplesmente uma errada tentativa de um colonialismo espiritual. As pessoas realmente precisam de Jesus Cristo.

O fracasso está no âmago da comunicação. Ele tem estado ocupado construindo e estabelecendo uma base, mas ele tem fracassado em se tornar envolvido com o povo. Ele “visita” o povo, mas ele não está envolvido. Este missionário está transmitindo, mas não está comunicando. A resposta normal é exatamente a que ele recebeu – indiferença.

Não é somente em situações de pioneirismo que a falta de envolvimento resulta em indiferença. Com frequência os cristãos estão ocupados em programas de igreja, os pastores estudam diligentemente para pregar bons sermões, e campanhas e visitas de porta em porta são planejadas. Mas ninguém tem tempo para ir pescar com os vizinhos não-cristãos, para estar ativo na Associação de Pais e Mestres, ou simplesmente para agir amigavelmente.

Quem pode discutir o valor de se pertencer a um grupo de estudos bíblicos? “É realmente chocante” comentou uma cristão convertido há muito tempo, “quando eu penso sobre as muitas horas que gastei em tais grupos e quão pouco eu me lembro.” Entretanto o estudo bíblico assumiu uma forma muito mais estimulante para esse homem, quando, conforme ele explica, “foi-me apresentado um estudo que me fez mergulhar e extrair um significado do texto. Fui forçado a me envolver uma vez que o método em si exigia uma participação e envolvimento do grupo.”

Isso pode ser chamado de reciprocidade, diálogo, ou resposta mútua, mas qualquer que seja o nome, a base da comunicação efetiva é o envolvimento de emissor e receptor. Este deve ser o interesse especial do condutor da comunicação para assegurar o envolvimento dos participantes.

Esse condutor deve também estar alerta para os perigos do envolvimento. Quando o envolvimento é motivado mais pelo desejo de auto realização do que pelo desejo de atingir o melhor para a pessoa alvo, dois sérios problemas podem surgir: possessividade e criação de dependência.

Um sentimento de posse – “meu trabalho”, “meu povo” – pode levar a um envolvimento profundo para assegurar sucesso. Mas inevitavelmente outros se tornarão dependentes desse obreiro tão esforçado, uma dependência por aprovação, guia, e mesmo dependência de coisas materiais.

O trabalho se torna aleijado – centralizado nas pessoas mas com pouco espaço para o Espírito de Deus.

O envolvimento apropriado é recíproco e previne que esses problemas se desenvolvam. A verdadeira comunicação é envolvimento, uma ajuda de mão dupla. O aprendizado se torna instrução mútua, à medida que o professor aprende com as especiais habilidades e ideias dos estudantes. Surge um problema que um elemento desse par de comunicação não pode resolver, mas o outro pode. Encorajamento ou advertência apropriada, é dado e recebido por ambas as partes em um relacionamento onde existe genuína comunicação.

ENVOLVA-SE
Por onde você começa para se envolver? Quando você chega a uma nova comunidade ou a uma cultura totalmente nova a adaptação pode ser desconcertante e cansativa. Envolver-se pode ser necessário, mas os problemas imediatos são obter alimento, conseguir transporte, e evitar problemas. Nessas novas situações, você se torna particularmente sensível. Essa exaltada sensibilidade pode levar ao estresse e frustração ou então, pode ser canalizada para ligar você com a nova situação e as pessoas.

Vínculo é um termo utilizado para profundos relacionamentos estabelecidos entre crianças recém-nascidas e a mães ou pais nas primeiras horas após o nascimento. Se o parto é normal, o bebê é especialmente sensível e alerta nessas primeiras horas. Esta é a hora quando o vínculo é divinamente providenciado para ocorrer.

“Existem alguns importantes paralelos entre a entrada de um bebê a uma nova cultura e a entrada de um adulto a uma nova e estrangeira cultura,” escrevem Elizabeth e Thomas Brewster. As novas experiências são estimulantes e talvez esmagadoras. É nesta hora que o adulto é realmente vinculado a tornar-se um participante com aqueles a quem é chamado a ser boas novas. O momento é crítico... As primeiras semanas do novo missionário em seu novo país são de importância vital se ele vai estabelecer um senso de pertencer com o povo local” (E. Thomas Brewster and Elizabeth S. Brewster, “Bonding and the Missionary Task,”453-54).

Mesmo na terra natal, introduzir-se a uma nova comunidade é bem semelhante a entrar em uma nova cultura. Se a ajuda necessária não vem do povo local, um senso de pertencer ao novo local virá lentamente, se vier. Quando o recém-chegado é dependente de outros de fora, os Brewsters escrevem, “é então previsível que ele irá carregar seu ministério pelo método “esporádico” – ele viverá isolado do povo local . . . e então fará uns poucos visitas “esporádicas” na comunidade a cada semana.” Um envolvimento profundo raramente se seguirá, e a comunicação permanecerá inadequada.

Mas se o recém-chegado aceitar a posição de dependência do povo local, especialmente durante as primeiras duas semanas ou mais, ele irá rapidamente tornar-se vinculado à pessoas locais e à nova situação. Nessas bases, o envolvimento cresce e o alicerce de um ministério frutífero é estabelecido.

Mesmo com vínculo como começo, o envolvimento deve continuar a se desenvolver. Isto não acontece de uma só vez. Existem pelo menos quatro fases superpostas: Desenvolvendo o uso da linguagem comum, compartilhando experiências, participando de uma cultura comum, e compreendendo as asserções básicas das pessoas sobre a vida.

APRENDER A LINGUAGEM
Trabalhar com qualquer grupo que não seja o seu próprio sempre significa aprender uma nova linguagem. Talvez isto signifique apenas uma variação da língua materna, mas a linguagem deve ser aprendida. É decepcionante assumir que nosso Português é sempre “Português normal”. Os adolescentes podem usar as mesmas palavras dos adultos, mas seu conteúdo de significado pode ser bem diferente. Diferenças claras na linguagem podem existir entre o centro e o subúrbio de uma cidade ou entre regiões de um país. A linguagem de um seminário é certamente diferente da linguagem de uma vila pesqueira na costa marítima.

Em algumas missões parece desnecessário aprender uma outra linguagem porque o Português é a língua materna. Todas as pessoas demonstram falar com facilidade. Mas seria essa a língua de casa? É ela usada pelos amigos mais chegados em conversas pessoais? Mesmo onde o papel formal do ensino ou pregação pode ser satisfatoriamente levado avante em Português, envolvimentos frutíferos exigem o aprendizado da linguagem da “terra e do coração”. O envolvimento com qualquer nova comunidade significa o aprendizado da linguagem daquela comunidade. Linguagem, em realidade, é melhor aprendida como parte da experiência do aprendizado total por aquilo que é chamado de “método direto”, ou “aprendizado social”. É por esta maneira que uma criança aprende a falar: ouvindo, imitando, e participando na vida de sua família e comunidade.

COMPARTILHAR EXPERIÊNCIAS
Aprender socialmente a linguagem irá naturalmente atrair a pessoa para o segundo nível do envolvimento – compartilhar experiências. A linguagem adquire seus significados através das experiências. Sem elas, o aprendizado se torna um estudo estéril de códigos e regras. As experiências são compartilhadas e o senso comum cresce. Em outras palavras, participe das ações e coisas com as pessoas, não “fale” simplesmente com elas.

Prontidão em compartilhar em qualquer situação que seja, abre os ouvidos – e corações – sem esquemas especiais. Certa noite um amigo, missionário chegou à igreja no Kênia oriental, (o irmão do pastor local havia falecido em algum hospital a alguns quilômetros dali). O missionário, naturalmente colocou seu carro à disposição para trazer o corpo para a casa da família pois não havia outro meio disponível. Ele acompanhou o funeral que se seguiu, muito embora, “estivesse a princípio desinformado da emoção e do grande significado de estar na casa e ver o retorno da família à casa por ocasião da morte do pai."

“Nos próximos cinco dias, as expressões de gratidão foram muitas,” o homem disse, “com convites para falar aos enlutados durante as noites, quando os sentimentos eram mais intensos. Cartas desde então têm me assegurado, ‘O povo se lembra do que o Sr. Disse’ e ‘Nós estamos esperando pelo seu retorno.’” Mas sua pregação em realidade não era o que era lembrado. Foi sua prontidão em compartilhar as experiências das pessoas que abriram o caminho para um ministério contínuo.

Uma grande força para programas de acampamento de igrejas é compartilhar experiências com o grupo todo. Em um programa de construção de igrejas, mais valoroso do que o prédio novo é o esforço comum envolvido. Um retiro de final de semana fornece oportunidade para vários tipos de experiências em comum: conversação, grupos de estudos bíblicos, oração – e mesmo as dificuldades que provêm de um mau tempo.

PARTICIPAR NA CULTURA
O próximo nível de envolvimento na construção da comunicação surge naturalmente – participação na cultura do povo a quem você ministra. Aprender os padrões de cultura de um novo grupo é como aprender as ruas quando você se muda para uma nova cidade. Andar pelas ruas é a maneira pela qual você se movimenta dentro da cidade para tomar parte nas atividades dessa cidade. Similarmente, o padrão cultural fornece as rotas pelas quais você tomará parte na vida das pessoas.

Aprender o padrão não é uma questão de satisfazer a curiosidade, mas a maneira de mansamente se relacionar com o grupo. Para ser efetivo, você deve deliberadamente aprender os padrões de vida daqueles com quem você quer estar envolvido por amor a Cristo.

Aprender a exata maneira de participar confortavelmente e corretamente em uma nova cultura exige prática e disposição para cometer alguns erros.

Rotinas diárias diferem. Por exemplo, encontros de almoço são estilos de vida dos homens de negócios e profissionais americanos, mas uma raridade entre seus colegas no sul da Itália. Lá escritórios e lojas fecham ao meio dia, e as pessoas vão para casa para a principal refeição do dia e um bom cochilo. Um encontro em um almoço não seria uma bem-vinda ruptura no ritmo da vida. Jantares podem ser às 17:30 no Noroeste do Pacífico dos Estados Unidos, enquanto na Inglaterra os jantares para convidados especiais podem não ser realizados antes das 21:00h.

A natureza de eventos importantes difere de comunidade para comunidade. Esportes de escolas de 2º Grau podem ser o centro do interesse da comunidade, ou pode ser o preço do milho, trigo ou óleo de soja produzido por uma fazenda da comunidade. Em uma cidade da costa, o ano pode acontecer em função do ciclo da pesca e do fluxo de visitantes.

As maneiras de se tornar parte desses padrões variam tanto quanto as próprias pessoas. Vivemos vários anos em uma pequena cidade africana onde encontramos dificuldade em nos encontrar com os vizinhos. Finalmente, em frustração, eu perguntei a um homem que parecia conhecer todo mundo: “Como você conhece as pessoas por aqui?”

“Isto é muito fácil,” ele explicou. “Quando você for buscar seus filhos em festas de aniversário [uma distinta característica da vida em família naquela cidade], vá cedo e comece a conversar com os outros pais que estão esperando por seus filhos.” Por Ter uma orientação baseada na eficiência, eu costumava trabalhar até o último momento antes de buscar meus filhos ... e perdi a maneira correta de compartilhar os padrões culturais de minha comunidade.

O trabalhador cristão que fracassa em se envolver nos padrões de vida do povo não terá muita chance de se envolver em seus padrões e conceitos sobre a morte e em ajudá-los a lidar com os valores eternos e o conhecimento de Deus.

COMPREENDER CRENÇAS
O nível mais difícil de envolvimento a se alcançar é entender as ideias fundamentais que as pessoas têm sobre o mundo, a vida, Deus e seu relacionamento com esses itens. Quais são as ideias fundamentais que estão submersas nas conversações diárias?

As chuvas vêm mais tarde que costumeiramente a uma área rural no Zimbabwe, portanto um fazendeiro branco deu instruções para irrigar a plantação, então saiu para cuidar de outros negócios. Quando ele voltou, uma semana mais tarde, nenhuma irrigação havia sido feita, e a plantação estava quase morta. Os trabalhadores haviam se recusado ligar as bombas que deveriam tirar água das grandes represas que restavam nos rios. “Sim”, os trabalhadores africanos explicaram ao proprietário, “nós entendemos o que o senhor pediu que fizéssemos - colocar água nas plantas para que elas não morressem. Mas se tivéssemos feito isso sugando a água do fundo da represa do rio, maior desastre teria acontecido a toda a fazenda do que a simples perda da plantação. Nós não queríamos que isso acontecesse para você!”

A primeira reação do proprietário deve Ter sido frustração pela aparente falta de cuidado dos trabalhadores em deixar a plantação morrer desnecessariamente. Ele podria haver esbravejado com os empregados pela deliberada negligência em seu trabalho. Será que beberam tanta cerveja nas festas que não colocaram, ou não conseguiram colocar, os canos para o bombeamento da água? Será que eles simplesmente foram preguiçosos? Não, ele sabia que os trabalhadores não eram preguiçosos, nem estiveram bebendo cerveja quando deveriam estar trabalhando. O proprietário foi sábio e não ficou irado com eles, mas tentou entender por que suas instruções não foram seguidas.

Os africanos daquela área, ele eventualmente descobriu, nunca tiram água das represas remanescentes dos rios no final de uma estação de seca. Somente quando um fruto em particular amadurece e cai da árvore é que se considera seguro retirar água. Qualquer pessoa que faça isso antes desse acontecimento trará desastre a si e sua família, porque ele terá ofendido certos espíritos.

Seus trabalhadores tinham a intenção de protegê-lo – mesmo quando sua plantação morreu como resultado. Eles tomaram certas garantias sobre a natureza do mundo e relacionamentos dentro do mundo que eram diferentes de suas crenças. Os trabalhadores “sabiam” que o desastre viria se a real natureza do mundo fosse violada pela irrigação naquela ocasião. Eles não queriam que o patrão sofresse como resultado de um desastre, portanto, com as melhores intenções, eles não seguiram suas instruções.

Os europeus, que têm formação científica, não aceitam que essas razões “supersticiosas” permitam que a plantação morra. Alguns têm cuidadosamente explicado a real natureza da proibição de se tirar água das represas do rio. Mas essas razões científicas satisfazem somente aqueles que vêem o mundo sob uma orientação científica. A diferença essencial é um sistema básico de crença, as asserções feitas sobre a natureza do mundo.

As pessoas do ocidente – Europeus e Americanos – assumem que a terra é uma máquina para ser compreendida e controlada ou uma comodidade para ser usada e consumida. Falar com forças do espírito ou aparentes relações absurdas é uma evidência frustrante de ignorância e superstição.

Muitos africanos assumem que o mundo é uma coisa viva. Deve ser dada atenção prioritária à harmonia e equilíbrio dentro do mundo, e com o mundo. Um transtorno desse equilíbrio é causado por feitiçaria e por violar as forças do espírito com o qual o mundo está impregnado.

Outros resultados dessas diferentes pressuposições são evidentes nas áreas dos relacionamentos humanos. Para o africano tradicional, manter o equilíbrio e harmonia em relacionamentos dentro da sua família e tribo é extremamente importante. A posse de bens materiais é muito menos importante do que manter uma adequada interação com outras pessoas. Para o homem ocidental, por outro lado, o valor das pessoas tende ser medido pela quantidade de suas posses – terra, dinheiro, bens. Um resultado é a busca pelo sucesso que significa longas horas de trabalho e disposição para aniquilar outros trabalhadores, amigos e mesmo família para que se possa obter grandes lucros.

O povo Lotuho, do sul do Sudão, por algum tempo rejeitou o uso de boi para puxar arado, mesmo sabendo que o uso desses animais aumentaria sua produção de alimento. Com o boi, as grandes festas que aconteciam enquanto os campos eram preparados para a semeadura não seriam necessárias, e aquelas festas eram cruciais para manter os relacionamentos na sociedade. Melhor Ter menos alimento, eles diziam, do que arriscar a harmonia dentro do vilarejo.

Todos os povos organizam suas experiências e padrões de vida em torno de asserções não escritas sobre a natureza das coisas. Todas as atividades devem estar em harmonia com essas asserções, ou haverá profundo desconforto e descontentamento no indivíduo e na comunidade. Uma nova mensagem que parece ser estranha a essas pressuposições serão ignoradas ou abertamente rejeitadas. A rejeição de uma mudança ou de uma ideia costumeiramente inclui rejeição do mensageiro. Essa rejeição, de alguma forma é semelhante ao costume do mundo antigo de sacrificar o mensageiro que trazia ao rei notícias de uma derrota.

Como podem ser aprendidos esses valores básicos para se evitar uma desnecessária rejeição? Esta tarefa é particularmente difícil, desde que esses valores não são registrados e raramente podem ser declarados diretamente por aqueles que os detêm. Uma maneira razoavelmente direta é analisar as causas das discussões e descobrir o que está por trás dessa aparente manifestação irracional de ira. As pessoas raramente se tornam tristes sobre coisas que são triviais a elas. Para outros, uma ofensa pode parecer insignificante, mas a ira ou discussão indica que alguma coisa de valor está sendo violada. Descobrir qual é essa coisa, frequentemente mostrará o acesso às crenças fundamentais.

O trabalhador cristão que deseja ser efetivo no ministério deve entender a natureza da luta espiritual bem como a natureza exata do campo de batalha. Há quem aprenda isto através da participação na vida de outras pessoas, lembrando que o envolvimento não simplesmente abre o caminho para a comunicação: O envolvimento é comunicação.

ENVOLVIMENTO COM QUANTOS?
Será que é possível o envolvimento com todas as pessoas que queremos alcançar para Cristo? Será que poderemos estar envolvidos com cada pessoa em nossa igreja, missão ou comunidade? O elevado número de pessoas parece tornar o verdadeiro envolvimento uma impossibilidade.

Nenhum pastor, ou missionário ou cristão pode estar envolvido com todos. Estudos em Administração mostram que dez ou doze pessoas é provavelmente o máximo com quem qualquer pessoa pode ter um envolvimento próximo. É significante o fato de que Cristo teve 12 discípulos, com os quais manteve um envolvimento próximo. Outros estiveram próximos, mas não tão intimamente envolvidos como os doze. Os doze agiram no lugar de Cristo para estar envolvidos com muitos outros, assim como aconteceu na multiplicação dos pães para cinco mil e em organizar as multidões que queria ver, e mesmo tocar em Cristo. Assim Ele formulou uma maneira de conduzir o envolvimento em nossa vida: Estar intimamente envolvido com uns poucos, que por sua vez estão envolvidos com outros em um crescente círculo de ministério efetivo.

Para alguém estar significativamente envolvido com alguns poucos, é necessário disciplina. É mais gratificante ter grande público em nossas reuniões, centenas ouvindo nossas pregações. Números elevados tornam nossos relatórios atraentes à direção da igreja. Mas muito frequentemente muitas pessoas são conquistadas e consideradas como convertidas mas não são encontradas no convívio cristão. Uma mensagem foi transmitida e aparentemente recebida, porém, com pouca ou nenhuma verdadeira comunicação.

Comunicação é envolvimento. A pessoa tem que ter disciplina para assegurar que aqueles que estão buscando a Cristo se envolverão com alguém que irá comunicar a Cristo uma vez após outra – em algum restaurante, em visitas familiares e nos campos de trabalho ou fábricas onde a vida é vivida. É preciso disciplina para colocar o foco nas poucas pessoas, e resistir a atração de ser “indispensável” às dezenas ou centenas de seguidores.

Em todos os países, aqueles cristãos que têm causado o maior impacto têm sido aqueles que se concentraram em poucos seguidores ou conversos por vez. Carey Francis foi um grande professor e diretor no Quénia, desenvolvendo a mais fina escola de segundo grau para jovens. Seus estudantes, “Os Jovens de Francis”, tornaram-se os líderes do Quénia independente. Muitos mantiveram uma clara postura cristã mesmo quando assumiram as mais elevadas colocações da nação. Francis provocou seu impacto em poucas vidas por vez.

Grandes pregadores como Bakht Singh na Índia, Dwight L. Moody na América, e John Wesley na Inglaterra dedicaram uma grande parte de seu tempo a um envolvimento próximo com poucos do que encontros de massa mais visíveis ao público. Cada um desses homens entendeu esses princípios de envolvimento através da criação de um programa de treino cristão em colégios, seminários, escolas bíblicas e universidades.

Quando Deus decidiu falar aos homens, Ele o fez não enviando um tratado, um panfleto, ou pregando um sermão. Ele veio em pessoa. Sua vida esteve completamente envolvida com o povo, compartilhando sua linguagem, experiência e cultura e observando seus valores e falsas suposições. O modelo de comunicação através da encarnação que Jesus nos deu necessita ser cuidadosamente estudado e compreendido; ele é nosso padrão para um efetivo cumprimento de nosso dever.

UMA PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE O ENVOLVIMENTO
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.

Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. ... (Ele) estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós. João 1:1-5, 10-14
Ele é Vida, mas nós certamente somos apenas morte.
Ele é Luz, mas em escuridão nós não entendemos isto. Como pode a escuridão compreender aquilo que é o oposto, totalmente diferente?
Ele é o Criador, mas a criatura nem sequer O reconhece. Como podemos nós entender, ou mesmo reconhecer, Aquele com poder além da compreensão humana?
Ele tornou-Se carne, e carne nós somos. Carne nós entendemos.
Para ser entendido, Deus tornou-Se em carne de um bebê. Ele comeu, Ele dormiu, Ele brincou e Ele obedeceu Seus pais aqui na terra. Ele observou e aprendeu como são os dias de uma pessoa.
Ele celebrou alegres casamentos e chorou ao ver o peso da doença, do desânimo, do engano e morte que a humanidade carrega.
Ele, o Santo Deus, viu o mal e pessoas do mal. Ele enfrentou a tentação e conheceu o triunfo sobre o que há de pior – que era o melhor que Satanás tinha a oferecer.
Ele teve amigos que o amavam e mesmo assim O negaram e O traíram. Ele sentiu o golpe da injustiça, das falsas acusações, do escárnio, e Ele morreu sob o governo de um opressor.
Ele esteve completamente envolvido com a humanidade. É assim que entendemos. Sua vida é a Palavra, a Palavra falada na linguagem da humanidade, a Palavra que nós compreendemos.
E visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.... Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.
Hebreus 2:14-15, 18

Jesus, o Cristo, envolveu-Se totalmente com os seres humanos e assim comunicou-Se com a humanidade. Em nenhuma outra maneira poderíamos compreender. E isso por causa de Seu total envolvimento com o ser humano é que Ele intercede por nós hoje. “Nós não temos um sumo-sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.”
(Hebreus 4:15).

A fundação para nosso envolvimento no ministério é a vida, morte, é a contínua vida de Jesus Cristo. Nenhuma ponte que tentamos cruzar através do envolvimento cobrirá um abismo tão grande quanto o que Jesus cobriu quando Se tornou carne.

Paulo foi enviado como um embaixador d´Esse Rei, Jesus, e assim procurou clara e honestamente representar o Rei no mundo. Seu método foi o mesmo do método do Rei – envolvimento para que cada um pudesse entender.

Porque sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
I Coríntios 9:19-22

A descrição que Paulo faz de seu “método de ministério” é a mais clara descrição possível de envolvimento para o ministério. Não há melhor padrão a ser seguido pelos embaixadores de Cristo do que este.

SUMÁRIO
Comunicação é relacionamento. Não nos envolvemos para nos comunicar. Nós comunicamos por estar envolvidos. O envolvimento é a fundação de toda a comunicação. As diferenças culturais somente enfatizam sua importância.

Separar um ato de comunicação de um envolvimento contínuo entre participantes iguais é reduzir a comunicação a um murmúrio de símbolos com significados incertos. Sem um constante crescimento em “comunhão” de interesses e experiência, não pode haver um crescimento na compreensão.

Enviar e receber mensagens pode ser um ato frio e impessoal, uma coisa separada da real comunicação. A comunicação efetiva que conduz à compreensão e respostas profundas ocorre somente através do envolvimento na vida e interesses uns dos outros. Sem envolvimento, o mais habilidoso uso da mídia e de técnicas pode simplesmente ser uma imitação da comunicação.

O elemento crítico é estabelecer “pontos em comum”; para isso, deve haver uma disposição para ser e estar “com” os outros. A compreensão mútua se origina na interação. A reciprocidade, respostas mútuas, orientações mútuas, diálogo, união – todos esses ideais apontam para o envolvimento na comunicação.

Creating Understanding
(A handbook for Christian Communication across Cultural Landscapes)

Donald K. Smith, Zondervan Publishing House, Grand Rapids, Michigan, USA

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