Texto principal:
"Vendo os principais sacerdotes e os escribas as
maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho de Davi!,
indignaram-se e perguntaram-Lhe: Ouves o que estes estão dizendo?
Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de
peito tiraste perfeito louvor?" (Mt 21:15, 16).
Em nosso desejo de pregar ao mundo e fazer discípulos de
todas as nações, não devemos esquecer uma classe de pessoas: as crianças.
Estudos cristãos sobre crianças e jovens divergem em muitos
aspectos. No entanto, através das linhas denominacionais algo parece constante:
a maioria dos cristãos entregou a vida a Cristo em uma idade relativamente
jovem. Um número menor de convertidos vem da população mais idosa. Muitas
igrejas, aparentemente, ignoram esse fato importante em seu planeamento
evangelístico, direcionando a maior parte de seus recursos para a população
adulta. Os primeiros discípulos de Cristo também parecem ter subestimado o
valor do ministério das crianças. Jesus rejeitou essa atitude e abriu espaço
para as crianças, até mesmo dando prioridade a elas.
Vantagem da criança
hebreia
As crianças hebreias desfrutavam um tratamento especial
quando comparadas às crianças das antigas nações vizinhas. Em muitas culturas
eram difundidos sacrifícios de crianças para apaziguar os deuses. Do contrário,
o valor das crianças frequentemente era medido por sua contribuição económica à
sociedade. Produtividade do trabalho, não valor intrínseco, definia seu
relacionamento com o mundo adulto. É triste dizer, mas algumas dessas atitudes,
especialmente quando se trata de valor económico, são encontradas em nosso
mundo atual. Verdadeiramente, o dia da ira precisa vir.
Evidentemente, a apostasia de Israel afetou o valor dado
pela população às crianças. O envolvimento de Manassés com a feitiçaria e as
religiões de outras nações induziu ao sacrifício de crianças (2Cr 33:6). No
entanto, o reinado de Manassés foi exceção e não regra. Sob liderança mais
espiritual, os israelitas valorizavam muito seus descendentes.
1. Leia o Salmo 127:3-5; 128:3-6; Jeremias 7:31;
Deuteronômio 6:6, 7. Que valor Deus dá aos filhos? De que maneira uma
compreensão adequada das Escrituras pode afetar nosso relacionamento com eles?
Educação, direito de primogenitura e muitas outras práticas
culturais demonstravam claramente o valor das crianças na antiga cultura
hebraica. Não é de admirar que Cristo tenha expandido a posição já exaltada das
crianças, em comparação com as culturas circundantes, para novas dimensões.
Afinal, as crianças são seres humanos, e a morte de Cristo foi por todas as
pessoas, independentemente da idade, um ponto que nunca devemos esquecer.
É difícil acreditar que haja adultos tão corrompidos, tão
maus e tão degradados que façam mal às crianças,
às vezes até mesmo às suas.
Como podemos, em qualquer situação em que estivermos, amar, proteger e educar
as crianças dentro da nossa esfera de influência?
Infância de Jesus
Se Jesus não tivesse passado pela infância, chegando ao
planeta Terra como adulto, sérias questões poderiam ser levantadas a respeito
de Sua capacidade de Se identificar com as crianças. Cristo, porém, Se
desenvolveu como toda criança deve se desenvolver, não omitindo nenhuma das
etapas de desenvolvimento associadas ao crescimento e à maturidade. Ele
compreende as tentações dos adolescentes. Ele sofreu as fragilidades e
inseguranças da infância. Cristo enfrentou os desafios que toda criança
enfrenta na sua própria esfera. Sua experiência na infância foi outra maneira
crucial pela qual nosso Salvador revelou Sua verdadeira humanidade.
2. Ler Lucas 2:40-52. O que isso ensina sobre a infância de
Jesus?
"Entre os judeus, os doze anos eram a linha divisória
entre a infância e a juventude. Ao completar essa idade, um menino hebreu era
considerado filho da lei, e também filho de Deus. Eram-lhe dadas oportunidades
especiais para instruções religiosas, e esperava-se que participasse das festas
e observâncias sagradas. Foi em harmonia com esse costume, que Jesus em Sua
meninice fez a visita pascal a Jerusalém" (Ellen G. White, O Desejado de
Todas as Nações, p. 75).
De acordo com o texto, Jesus adquiriu sabedoria. Deus Lhe
concedeu graça. Desde o encontro no templo durante a visita pascal, em Sua
infância, percebemos que Jesus tinha profunda sabedoria bíblica. Os rabinos
ficaram muito impressionados com as perguntas e respostas de Jesus.
Deus certamente usou várias experiências da infância para
moldar esse caráter impecável. Talvez a disciplina de aprender habilidades de
carpintaria, a atenção de pais dedicados, a exposição regular às Escrituras e
Suas interações com os habitantes de Nazaré formaram a base de Sua educação
inicial. No fim, por mais notável que Jesus tenha sido na infância, ainda assim
Ele havia sido uma criança, como cada um de nós.
"O menino Jesus não recebeu instrução nas escolas das
sinagogas. A mãe foi Sua primeira professora humana. Dos lábios dela e dos
rolos dos profetas, aprendeu as coisas celestiais. As próprias palavras ditas
por Ele a Moisés para Israel, eram- 0Lhe agora ensinadas aos joelhos de Sua
mãe" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 70). Medite nas
incríveis implicações dessas palavras. O que elas nos ensinam sobre a
humanidade de Cristo?
Curando as crianças
3. Leia Mateus 9:18-26; Marcos 7:24-30; Lucas 9:37-43; João
4:46-54. Quais são as semelhanças e
diferenças no contexto de vida dessas crianças? Que lições podemos aprender com esses textos que podem nos ajudar hoje?
diferenças no contexto de vida dessas crianças? Que lições podemos aprender com esses textos que podem nos ajudar hoje?
Uma semelhança impressionante é que, em todas essas
histórias, pais desesperados foram a Jesus buscando ajuda para os filhos. Qual
pai não pode se identificar com esses relatos? Qual pai já não sentiu dor,
angústia, medo e horror quando um filho estava muito doente ou até mesmo
morrendo? Para os que passaram por isso, não há nada pior.
Embora Jesus não tenha sido pai, em Sua humanidade, Ele Se
identificava com os pais o suficiente para curar seus filhos. Em cada caso
ocorreu a cura. Ele não desprezou ninguém. Assim, Seu amor, não apenas pelos
pais, mas pelos filhos, foi claramente manifestado.
Isso leva a uma série de perguntas a respeito de casos em
que pais oram e suplicam a Jesus pela cura de seus filhos e, no entanto, eles
não são curados. Talvez, não haja experiência mais triste do que sepultar um
filho. A morte deve ser reservada para as gerações mais velhas. A sequência
antinatural em que pais lamentam a morte de seus filhos traz revolta ao
coração. Durante esses funerais quase todos os pais perguntam: "Não
deveria ter sido eu em lugar de meu filho?"
O luto pela morte física e a observação da decadência
espiritual podem ser igualmente dolorosos. Quantos pais têm agonizado por causa
de filhos destruídos pela dependência de drogas, pornografia, ou indiferença
dos próprios filhos? Seja qual for a aflição, devemos aprender a confiar no
Senhor, em Sua bondade e em Seu amor, mesmo quando não alcançamos resultados
tão felizes quanto os das histórias bíblicas listadas acima. Ellen G. White,
uma profetisa, enterrou dois filhos. Nosso mundo é um lugar difícil. Nosso
Deus, porém, é amoroso. Custe o que custar, devemos nos apegar a essa verdade.
Uma terrível
advertência
4. Leia Mateus 11:25, 26; 18:1-6, 10-14. Que verdades, não
apenas sobre os filhos, mas sobre a fé em geral, podemos aprender com esses
textos? Pense na seriedade da advertência de Jesus. Por que deveríamos tremer
diante dela?
Jesus frequentemente recorreu à sinceridade das crianças
para ilustrar Seu reino. A autenticidade, humildade, dependência e inocência
das crianças de alguma forma captam a essência da vida cristã. Ao viver nossa
fé, devemos almejar intensamente essa simplicidade e confiança.
Os modernos formadores de discípulos precisam aprender outra
lição: as crianças nunca devem deixar para trás sua dependência infantil.
Devidamente instruídas, elas podem levar sua confiante inocência para a idade
adulta. Certamente, quando as crianças amadurecerem e envelhecerem, elas
questionarão coisas e terão lutas, dúvidas e perguntas sem resposta, como
acontece com todos nós. Mas uma fé infantil nunca fica fora de moda. Como pais,
ou como adultos em geral, devemos fazer todo o possível para incutir nas crianças
o conhecimento de Deus e do Seu amor. A melhor maneira de fazer isso é revelar
esse amor em nossa vida, em nossa bondade, compaixão e cuidado. Podemos pregar
sermões e exortar o tanto que quisermos, mas, no fim, como acontece com os
adultos, a melhor maneira de discipular as crianças é viver diante delas o amor
de Deus em nossa vida.
Em frio, terrível e forte contraste, atos criminosos contra
crianças, especialmente durante atividades oficiais da igreja, podem destruir a
confiança da criança na igreja e, muitas vezes, no Deus da igreja. Grande ira
está reservada para os que cometem tais ações e para os que protegem os
culpados. Cristo e Sua mensagem despertam fé e confiança. Como uma organização
humana se atreve a prejudicar essa fé infantil por falta de vigilância?
O que sua igreja está fazendo, não apenas para educar suas
crianças, mas para garantir que elas sejam protegidas de todas as formas
possíveis? O que significam estas Palavras de Jesus: "Os seus anjos nos
Céus veem incessantemente a face de Meu Pai celeste" (Mt 18:10). Por que
isso deveria fazer tremer qualquer um que maltrata uma criança?
Aceitando os pequenos
5. Leia Marcos 10:13-16. O fato de que Cristo aceitou as
crianças facilitou a aceitação d´Ele? Como devemos entender Sua repreensão aos
discípulos? O que devemos aprender com esse relato sobre o relacionamento com
as crianças?
Certamente os discípulos de Cristo eram bem-intencionados,
embora ignorantes. Eles tentaram proteger seu valioso tempo, preservando sua
energia para assuntos mais "importantes". Eles realmente se
equivocaram sobre o que Jesus queria que eles entendessem.
Imagine-se sendo desprezado por adultos grosseiros e depois
sendo abraçado pela amorosa e carinhosa pessoa de Jesus. Não é de admirar que
as crianças O abraçaram. Nessa história temos um exemplo inestimável sobre a
maneira pela qual as crianças devem ser tratadas pelos professos formadores de
discípulos.
"Nos meninos que foram postos em contato com Ele, viu
Jesus os homens e mulheres que seriam herdeiros de Sua graça e súditos do Seu
reino, e alguns dos quais se tornariam mártires por Seu amor. Sabia que essas
crianças haviam de ouvi-Lo e aceitá-Lo como seu Redentor muito mais facilmente
do que o fariam os adultos, muitos dos quais eram sábios segundo o mundo e
endurecidos. Em Seus ensinos, descia ao nível delas. Ele, a Majestade do Céu,
não desdenhava responder-lhes às perguntas e simplificar Suas importantes
lições, para alcançar sua compreensão infantil. Implantava na mente delas as
sementes da verdade, que haveriam de brotar nos anos vindouros, dando frutos
para a vida eterna" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p.
512, 515).
Quantas vezes encontramos adultos que sofrem tanta dor,
tanta confusão, tanta mágoa sobre coisas que aconteceram com eles na infância?
O que isso deve nos dizer sobre a maneira gentil, carinhosa, piedosa e amorosa
pela qual devemos tratar as crianças?
Conclusão:
"É ainda verdade que as crianças são as pessoas mais
suscetíveis aos ensinos do evangelho; seu coração acha-se aberto às influências
divinas, e forte para reter as lições recebidas. […] Precisam ser educados nas
coisas espirituais, e os pais devem proporcionar-lhes todas as vantagens, para
que formem caráter segundo a semelhança do de Cristo.
"Os pais e as mães devem considerar os filhos como os
membros mais novos da família do Senhor, a eles confiados para que os eduquem
para o Céu. As lições que nós mesmos aprendemos de Cristo, devemos transmitir
aos nossos filhos" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p .
515).
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