Verso principal:
"Naqueles dias, retirou-Se para o monte, a fim de orar,
e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a Si os Seus
discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de
apóstolos" (Lc 6:12, 13).
Embora Jesus fosse sempre ativo em fazer discípulos, Ele
reconheceu que Sua permanência na Terra seria breve. Portanto, dedicou-Se à
formação de discípulos para que continuassem o trabalho depois que Ele
partisse. Ele era o Mestre deles, tanto professor como treinador. Ainda que o
ensino e o treinamento estejam obviamente relacionados, o ensino geralmente
sugere transmissão de conhecimento, enquanto que o treinamento envolve a
formação ou qualificação por meio da prática e disciplina.
A preparação dos discípulos para a liderança certamente
envolveu o recebimento de conhecimento, mas o crescimento espiritual era ainda
mais importante. Eles precisavam de experiência nas coisas de Deus, de fé,
provações, santificação e abnegação, juntamente com a compreensão intelectual
da doutrina e da teologia. O conhecimento, por si só, seria uma preparação
insuficiente para enfrentar os difíceis desafios futuros. Jesus proveu ambos.
Escolha e preparação
de líderes
A jornada terrena de Cristo foi relativamente breve.
Portanto, o treinamento dos formadores de discípulos era imprescindível. Quem
devia ser selecionado? Quantos deviam ser escolhidos? Sem dúvida, havia
centenas de discípulos de Jesus. Deviam todos eles ser submetidos à educação em
massa? Cristo entendia que a liderança era efetivamente cultivada em pequenos
grupos, e não produzida em massa por meio de palestras. Um número limitado
seria escolhido por Cristo para o curso de formação inicial.
1. Leia Lucas 6:12-16. O que Jesus fez antes de escolher
Seus discípulos? Por que isso era tão importante?
Fazer escolhas eficazes exigia grande sabedoria. Jesus Se
aproximou de Seu Pai celestial pela oração para
obter sabedoria. Da mesma
forma, a oração deve preceder a seleção dos candidatos à liderança, na formação
de discípulos em nosso tempo. Uma vez que Cristo cria que precisava de muita
oração, a fim de alcançar a sabedoria necessária, quanto mais devem os cristãos
de hoje pedir sabedoria divina ao escolher aqueles que serão encarregados de
supervisionar a realização da Grande Comissão.
Tendo escolhido doze homens, Jesus os chamou de apóstolos,
Seus representantes investidos de autoridade espiritual. O grupo maior de discípulos
testemunhou essa ordenação ou nomeação, sem aparente ciúme ou sentimentos
negativos. Mais tarde, Jesus comissionaria grupos maiores de setenta e, talvez,
outros não registrados nas Escrituras. Os doze apóstolos, no entanto,
continuaram sendo os mais intimamente associados com Jesus. Eles assumiram as
maiores responsabilidades, portanto, necessitaram de maior treinamento e
envolvimento. Esse programa de ação implica uma estrutura organizacional
intencional entre os primeiros cristãos. Cristo investiu os líderes dessa
organização com habilidades espirituais e educação proporcionais às suas
tarefas.
Jesus passou longo tempo em oração. Quais são as implicações
disso? O que isso nos diz sobre nossa vida de oração? O que a oração faz por
você?
Conhecimento e
experiência – parte 1
A informação era um componente insubstituível da mensagem de
Jesus. A informação, por si só, não pode transformar, mas toda transformação
inclui informação. Certamente, os conceitos não possuem nenhum poder inerente
para iniciar a mudança, todavia, o Espírito de Deus trabalhando no coração
humano constitui o insubstituível elemento necessário à conversão.
2. Leia João 16:7-14. Qual é a limitação do conhecimento
intelectual, em si mesmo, na compreensão e experiência do verdadeiro
cristianismo?
O conhecimento bíblico, unido ao Espírito de Deus, forma a
combinação espiritual que transforma os indivíduos e as sociedades. Por meio da
fé e do estudo da Palavra, o formador de discípulos deve lutar para obter esses
dois elementos.
O cristianismo valoriza muito a inteligência, o pensamento e
a imaginação.
A existência do pensamento racional nas Escrituras, o
admirável respeito pelos mestres no judaísmo e a inestimável atenção que os
escribas dedicavam à preservação dos escritos antigos testemunham da
importância do conhecimento.
O cristianismo não é uma fé irracional. No entanto, certos
elementos do cristianismo possuem elevada emoção, sentimento e experiência
acima do conhecimento. Essa mentalidade declara que aquilo em que as pessoas
acreditam é relativamente insignificante, porque somente a experiência é
importante. A obediência e adesão a verdades específicas são consideradas
relativamente insignificantes. A emoção e o entusiasmo religioso tornaram-se a
medida da autenticidade espiritual.
A própria existência da Escritura contraria esse fascínio
irracional pela experiência. A experiência sem o conhecimento se torna um
potente míssil sem direção. Por outro lado, o conhecimento sem a experiência
torna-se destituído de vida e, muitas vezes, legalista. Os verdadeiros líderes
cristãos compreenderam a necessidade de cultivar ambos os elementos, não
somente em si mesmos, mas também naqueles que são seus discípulos.
Medite em todas as boas razões que você tem para sua fé.
Qual tem sido a função da experiência? Por que precisamos de ambas?
Conhecimento e
experiência – parte 2
3. Leia Lucas 6:20-49. De que forma o conhecimento e a
experiência são combinados nesse texto? Por que ambos são necessários em nossa
caminhada com o Senhor e também na formação de discípulos?
O conhecimento espiritual é indispensável à transformação
espiritual. O próprio Cristo foi considerado o Mestre dos mestres. Em salas de
aula ao ar livre, diante de praias, montanhas e maravilhas criadas por Deus,
Cristo disseminava o conhecimento transformador. O Espírito Santo despertava
consciências antes cauterizadas a aceitar essas verdades. A formação de
discípulos é uma obra incompleta sem a experiência, mas a experiência deve ser
dirigida pelo conhecimento.
Os formadores de discípulos do século 21 devem se
familiarizar completamente com as Escrituras, a fonte de autêntica informação
espiritual. Semelhantemente, eles devem difundir a doutrina e os ensinamentos
sem levar em conta a popularidade ou conveniência. Deus espera que cristãos
experientes nada retenham, mas que guiem pacientemente os recém-convertidos a
uma compreensão e apreço cada vez maiores das maravilhosas e transformadoras
verdades do cristianismo, especialmente a verdade presente da tríplice mensagem
angélica.
4. O que os formadores de discípulos devem ter em mente?
Como podemos ter certeza de que não somos cegos guiando cegos? Lc 6:39
No fim, a combinação de conhecimento e experiência que
produza amor altruísta será a maior força que os formadores de discípulos
poderão obter.
Os primeiros líderes
Não é de pouca importância o fato de que, na escolha de
líderes, Jesus tenha selecionado alguns entre a classe de pessoas mais humildes
e menos instruídas. Cristo não escolheu o conhecimento ou a eloquência do
Sinédrio. "Passando por alto os ensinadores judaicos cheios de justiça
própria, o Mestre por excelência escolheu homens humildes, iletrados, para
proclamarem as verdades que deviam abalar o mundo. Ele Se propôs a preparar e
educar esses homens para ser líderes de Sua igreja. Eles, por sua vez, deviam educar
outros e enviá-los com a mensagem do evangelho. Para que pudessem ter sucesso
em sua obra, deviam eles receber o poder do Espírito Santo. Não pelo poder
humano ou humana sabedoria devia o evangelho ser proclamado, mas pelo poder de
Deus" (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 17).
5. Por que Cristo não escolheu aqueles que aparentemente
tinham as qualidades necessárias para liderar Sua igreja? Sf 2:3; Mt 11:29; Jr
50:31; Is 57:15
Devemos ter cuidado para não fazer suposições erradas acerca
das razões para a escolha de Jesus. Ele não era contra a classe culta ou
instruída. Jesus mesmo demonstrou, quando mais jovem (Lc 2:46, 47), grande
quantidade de conhecimento. O problema é que muitas vezes as pessoas com mais
instrução, riqueza e poder não estão dispostas a se humilharem do mesmo modo
que alguém, especialmente um líder, precisa fazer para que o Senhor o use. É
claro que esse nem sempre é o caso. O Senhor usou homens cultos e ricos (por
exemplo, Nicodemos e José de Arimateia; leia também Atos 6:7). Isso
simplesmente significa que muitas vezes tais pessoas tendem a não ser abertas à
liderança do Espírito Santo.
Leia 1 Coríntios 9:19 e Filipenses 2:3. Que características
são expressas nesses textos, e por que elas são tão importantes para todos os seguidores
de Cristo? Como podemos desenvolver essas características?
O legado de Jesus
As gerações posteriores testemunham do sucesso dos esforços
das gerações anteriores. Sempre que esses esforços geram resultados duradouros,
os princípios subjacentes a essas realizações devem ser estudados e praticados.
Será que a metodologia de Cristo para fazer discípulos produz resultados
significativos?
Não há dúvida. Essa metodologia mudou o mundo. Nenhum de
nós, de fato, estaria estudando a Lição da Escola Sabatina, mais de 2000 anos
depois, se não fosse o sucesso de Cristo na formação dos líderes da igreja
primitiva.
6. Leia Atos 1. Que princípios podemos aprender sobre a
escolha de líderes indicados por Deus? O que a igreja procurava em um líder?
(v. 22)
Jesus estabeleceu Seu reino e exemplificou os princípios que
perpetuariam o crescimento dele. Abrindo o caminho através da escuridão até o
amanhecer, Cristo selecionou líderes cujas fraquezas foram ofuscadas por Seu
poder, porque eles dependiam completamente dEle. Embora desprezados pelos
líderes religiosos e fossem deficitários academicamente, superaram os fariseus
nas coisas mais importantes: transparência, humildade, dependência e
autenticidade. Quão importante é que nós, seja qual for nossa posição na
igreja, apresentemos tais características! Com o passar do tempo, aqueles que
possuíam educação formal e elevada posição social passaram a fazer parte da
igreja.
"Como representantes de Cristo, os apóstolos deviam
causar um notável impacto sobre o mundo. O fato de serem homens humildes não
diminuiria sua influência, antes a enriqueceria, pois a mente de seus ouvintes
seria levada deles para o Salvador que, embora invisível, estava ainda atuando
com eles. O maravilhoso ensino dos apóstolos, suas palavras de ânimo e
confiança, assegurariam a todos que não era em seu próprio poder que atuavam,
mas no poder de Cristo" (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 22, 23).
O que você procura nos líderes da igreja? Por quê? Quais são
as três principais coisas que você quer ver neles? Compare as respostas dos
alunos na classe.
Estudo adicional
Leia de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p.
349-358: "Os Primeiros Evangelistas"; p. 488-496: "A Última
Jornada da Galileia"; p. 298-314: "O Sermão da Montanha"; Atos
dos Apóstolos, p. 17-24: "O Preparo dos Doze"; p. 25-34:
"A Grande
Comissão"; p. 87-96: "Os Sete Diáconos".
"Por todo o campo de trabalho de Cristo havia almas
despertas para as próprias necessidades, famintas e sequiosas da verdade.
Chegara o tempo de enviar as boas novas de Seu amor a esses anelantes corações.
A todos esses deviam os discípulos ir como representantes Seus. Os cristãos
seriam assim levados a considerá-los mestres divinamente designados, e quando o
Salvador lhes fosse tirado, não seriam deixados sem instrutores.
"Nessa primeira viagem, os discípulos só deviam ir aos
lugares em que Jesus já estivera antes, e onde fizera amigos. Seus preparativos
de viagem deviam ser os mais simples. Não deviam permitir que coisa alguma lhes
distraísse a mente de sua grande obra, nem de maneira nenhuma despertar
oposição e fechar a porta ao trabalho posterior" (Ellen G. White, O
Desejado de Todas as Nações, p. 351).
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