Texto principal
"Nisto é glorificado Meu Pai, em que deis muito fruto;
e assim vos tornareis Meus discípulos" (Jo 15:8)
Em muitos aspectos o estudo desta semana é a continuação da
lição anterior. Cristo estabeleceu líderes espirituais com a finalidade
específica de proclamar o reino de Deus. Os princípios e a metodologia que
Jesus empregou devem permanecer como base espiritual para a preparação dos
cristãos modernos.
Em outras palavras, as modernas teorias de liderança nunca
devem substituir o fundamento que Cristo estabeleceu. Sempre que a publicidade
e a propaganda tiverem precedência sobre o crescimento espiritual, os
resultados serão superficialidade e esterilidade espirituais. Sempre que o
proselitismo toma o lugar do arrependimento, da conversão e da transformação
espiritual, a missão fracassa. Treinar líderes para conduzir projetos
evangelísticos, campanhas de média e atividades de relações públicas, em lugar
de prepará-los para o conflito espiritual, é procurar o desastre. O verdadeiro
evangelismo e a formação de discípulos focalizam quatro aspectos:
(1)Reconhecimento de nossa condição pecaminosa; (2) contrição sincera; (3)
entrega espiritual sem reservas; (4) incontrolável compulsão para difundir a
mensagem divina.
O pão dos mendigos
Aproximando-se o tempo de Sua partida, a preocupação de
Cristo concentrou-se em Seus discípulos, aos quais serviu abnegadamente e amou
profundamente. Eles não seriam abandonados. Embora Jesus tivesse que voltar
para o Céu, o Espírito Santo foi comissionado a suprir a intimidade espiritual
que os discípulos haviam desfrutado em Sua presença. A instrução de Cristo
sobre a obra do Espírito era tão valiosa que João dedicou vários capítulos à
sua preservação. Um elemento característico seria o testemunho do Espírito
Santo a respeito de Cristo, embora o Espírito não tivesse que testemunhar
sozinho. Acompanhados pelo Espírito, os discípulos também testemunhariam sobre
o ministério de Jesus. Deus poderia ter designado anjos para disseminar, sem
nosso auxílio, o evangelho. Em vez disso, Ele preferiu contar com seres humanos
pecaminosos, errantes e imprevisíveis para esse sagrado chamado.
1. Leia João 1:40-46; 4:28-30; 15:26, 27; 19:35, 36. De que
forma o humano e o divino trabalham juntos na conquista de pessoas?
Evangelismo tem sido informalmente definido como
"mendigos dizendo a outros mendigos onde encontrar pão". André
certamente se destacou nesse aspecto. Os escritos de seu irmão Pedro
posteriormente foram incluídos na Bíblia. O ministério de Pedro foi narrado em
Atos e Cristo incluiu esse apóstolo entre Seus três colaboradores mais
próximos. Essas honras nunca foram concedidas a André. No entanto, ele recebeu
reconhecimento especial por seguir a simples instrução de Cristo ao levar
pessoas ao Salvador.
Quantos dos vasos escolhidos por Deus – pessoas eficientes
no evangelismo, na administração e na liderança – foram apresentados a Cristo
por discípulos fiéis cujas identidades, humanamente falando, foram há muito tempo
esquecidas? Embora essas pessoas não tenham recebido distinção, a obra de Deus
poderia ter sido enfraquecida se elas não tivessem testemunhado fielmente de
Jesus. Cristo preparou Seus discípulos para tarefas maiores dando-lhes,
primeiramente, atribuições simples, que estavam ao seu alcance. A mulher
samaritana, Filipe e André demonstraram o poder do testemunho simples e dos
convites sinceros. Todos somos chamados a fazer o mesmo.
Quando Jesus
recomendou paciência
2. Leia Lucas 24:47-53; Atos 1:6-8; 16:6-10. Por que era
necessário esperar pelo Espírito? Que lições referentes à paciência e à espera
pelo tempo de Deus são sugeridas nessas passagens? Que encorajamento podemos
receber da experiência de Paulo ao enfrentar frustração?
Mediante a pregação e exemplo, Jesus ensinou aos discípulos
a paciência. Embora enfrentasse fanatismo, ignorância, incompreensão e total
conspiração, Cristo perseverou pacientemente. Essa perseverança estava ancorada
na completa dependência dEle em relação ao Espírito de Deus. Jesus compreendia
que, a menos que os discípulos experimentassem a mesma dependência, o avanço do
reino ficaria seriamente
comprometido. Por outro lado, se eles aprendessem essa
lição desde o início, seu futuro ministério seria destinado a realizações
grandiosas. Por isso, ao Se despedir, Sua ordem foi: "ficai" [ou
"esperem", NTLH] (Lc 24:49).
Cristo deseja que os cristãos modernos conheçam essa lição
também. Cristãos bem-intencionados, mas autossuficientes, quando não querem
aguardar pacientemente a orientação do Espírito, podem criar dificuldades para
si mesmos e para o reino de Deus.
O apóstolo Paulo havia elaborado planos ambiciosos para
entrar na Bitínia. No entanto, mesmo o obstinado Paulo foi sensível à guia
divina, e não resistiu à intervenção do Espírito. De bom grado, o apóstolo
aceitou a direção do Espírito, que o enviou à Macedónia. Numerosos milagres
acompanharam seus esforços nessa região. Houvesse Paulo se precipitado em seus
projetos, e a missão europeia poderia ter sido suspensa por tempo
indeterminado.
Como podemos nos acalmar para esperar com paciência a guia
do Espírito? Na prática, o que devemos fazer para cultivar essa paciência? O
que a paciente e piedosa confiança indicam em relação ao nosso relacionamento
com Deus?
Exercendo autoridade
3. Compare as seguintes passagens: Marcos 6:7-13; Mateus
16:14-19; 18:17-20;
28:18-20; João 20:21-23. Que tipo de autoridade os
discípulos de Jesus possuíam? O que isso significa para nós hoje?
"Pedro expressara a verdade que é o fundamento da fé da
igreja, e Jesus o honrou então como o representante do inteiro corpo de
crentes. Disse: "Eu te darei as chaves do reino dos Céus e tudo o que
ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será
desligado nos Céus'" (Mt 16:19, RC).
"'As chaves do reino dos Céus" são as palavras de
Cristo. Todas as palavras da Santa Escritura são dEle e acham-se aqui
incluídas. Essas palavras têm poder para abrir e fechar os Céus. Declaram as
condições com base nas quais os homens são recebidos ou rejeitados. Assim, a
obra dos que pregam a Palavra de Deus é um cheiro de vida para vida ou de morte
para morte. Sua missão acha-se repleta de resultados eternos" (Ellen G.
White, O Desejado de Todas as Nações, p. 413, 414).
Cristo comissiona Seus discípulos assim como o Pai O
comissionou. Por meio do Espírito, o Pai investiu Cristo com poder divino. Por
meio do Espírito, Jesus também investe Seus discípulos com poder divino
proporcional às suas atribuições terrenas. Nenhum seguidor de Jesus devia temer
que Ele os tivesse enganado. Cada habilidade, talento, capacidade e força
necessária foram supridos.
Às vezes, a liderança humana falha em reconhecer os
princípios envolvidos. Sempre que os líderes atribuem tarefas sem conceder
poder correspondente, o fracasso pode ser previsto. Frequentemente, a
insegurança dos líderes se manifesta por meio de comportamentos controladores
que reprimem os pensamentos, a criatividade ordenada por Deus e a
individualidade dos outros. Assim restringido, o discípulo não consegue ser
eficiente. Tal comportamento seria comparável a um maestro que tenta tocar
todos os instrumentos simultaneamente, em vez de reger a sinfonia.
O exemplo de Jesus diz muito aqui. Se alguém já possuiu o
direito de reter a autoridade e ditar comportamentos, esse certamente foi
Cristo. Mas Ele fez o contrário: investiu outros com autoridade, encarregou-os
de uma missão longe de Sua presença, onde Sua única influência seria Suas
instruções e exemplo, e os enviou para ministrar e testemunhar.
Trabalhadores para a
colheita
4. "Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque
estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor. Então disse aos Seus
discípulos: 'A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Peçam, pois,
ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para a Sua colheita'" (Mt
9:36-38, NVI). Que importante mensagem encontramos nesses versos em relação à
nossa tarefa?
A colheita espiritual era muito grande, mas os ceifeiros
eram escassos. O solo do coração havia sido preparado, a semente espiritual
plantada; a germinação, a farta umidade e a abundante luz solar estimularam
inacreditável crescimento. Pessoas amadurecidas aguardavam a colheita, mas onde
estavam os ceifeiros? Utilizando imagens simples e compreensíveis, Jesus
procurou inspirar zelo contagiante.
Às vezes, os cristãos desejam companheirismo com outros
crentes e formam grupos, ignorando cegamente as pessoas sinceras do mundo que
estão prontas para a colheita. Talvez sem perceber sua responsabilidade para
com as pessoas que perecem, eles se ocupam com compromissos da igreja,
responsabilidades cívicas, manutenção de prédios e outros projetos vantajosos,
dedicados a preservar o status quo. Sem dúvida, essas são coisas boas. Por
vezes, membros bem-intencionados
questionam o valor do evangelismo, ou expressam este
sentimento: "Pastor, esse negócio de evangelismo está certo, mas não
precisamos de programas para as pessoas que já estão na igreja?"
Essa é uma questão bastante justa, porém é preciso também
perguntar: "Alguma vez Jesus lamentou a escassez de guardadores de
grãos?" Em vez disso, Sua súplica foi por "mais ceifeiros".
Como podemos encontrar equilíbrio entre ministrar as
necessidades das pessoas na igreja e não descuidar da evangelização?
Perdidos e achados
Mediante o ensino e exemplo pessoal, Jesus ensinou Seus
discípulos a se associarem com pecadores, mesmo aqueles notórios como
prostitutas e cobradores de impostos. De que outra forma eles fariam discípulos
de todas as nações? Seus ensinamentos muitas vezes focalizavam esses pecadores.
O fato de que Cristo os tenha caracterizado como "perdidos" demonstra
Sua misericórdia. Ele poderia tê-los caracterizado como "rebeldes" (o
que eles certamente eram) ou "depravados". Em lugar disso, Ele
escolheu a expressão "perdidos".
O termo "perdidos" não carrega as mesmas
conotações negativas contidas nas palavras "rebeldes" e
"depravados". Em vez de punir pessoas caídas, devemos seguir o
exemplo de Cristo. A expressão "perdidos" é uma descrição generosa,
porque a responsabilidade é colocada sobre os que procuram pecadores.
Comentários depreciativos afastam as pessoas. Linguagem imparcial transmite
aceitação e possibilidade de relacionamento. Portanto, devemos ter cuidado não apenas
com a linguagem que falamos, mas também com o que pensamos, porque nossos
pensamentos afetarão muito nossas atitudes para com os outros.
5. Leia Lucas 15. Qual é a mensagem essencial dessas
parábolas?
Mediante os evangelhos, Jesus encoraja os cristãos a se
tornarem descobridores. Ele quer que amemos e alcancemos os perdidos,
independentemente do tipo de pessoa que sejam ou de sua maneira de viver.
"Esse é o culto que o Senhor escolheu: 'Que soltes as ligaduras
da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os
quebrantados, e que despedaces todo o jugo [...] e não te escondas daquele que
é da tua carne' (Is 58:6, 7, RC). Quando vos considerardes pecadores salvos
unicamente pelo amor do Pai celestial, então tereis amor e compaixão por outros
que sofrem no pecado. Não mais defrontareis a miséria e o arrependimento com
ciúme e censura. Quando o gelo do amor-próprio se derreter de vosso coração,
estareis em simpatia com Deus, e partilhareis de Sua alegria na salvação do
perdido" (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 210, 211).
Como Deus vê os perdidos? Qual é a nossa responsabilidade
para com eles?
Estudo adicional
Leia de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p.
488-496: "A Última Jornada da Galileia"; p. 436-440: "Quem é o
Maior"; Atos dos Apóstolos, p. 17-24: "O Preparo dos Doze"; p.
25-34: "A Grande Comissão"; p. 35-46: "O Pentecostes"; p.
47-56: "O Dom do Espírito".
"Os discípulos sentiram sua necessidade espiritual, e
suplicaram do Senhor a santa unção que os devia capacitar para o trabalho de
salvar pessoas. Não suplicaram essas bênçãos apenas para si. Sentiam a
responsabilidade que lhes cabia nessa obra de salvação. Compreendiam que o
evangelho devia ser proclamado ao mundo, e reclamavam o poder que Cristo
prometera." (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 37).
Sem comentários:
Enviar um comentário