Texto principal:
"A Minha casa será chamada Casa de Oração para todos os
povos" (Is 56:7).
A mensagem de Cristo, desde o seu início, destinava-se a
todas as pessoas, em todos os lugares. Desde cedo, o evangelho foi disseminado
em todo o mundo, porque ele tem aplicação universal. Sem dúvida, esse conceito
desafiou o pensamento dos discípulos. Por exemplo, a reação inicial deles à
conversa de Cristo com a mulher samaritana ilustra esse desafio. Eles pensavam
que Jesus como Messias era apenas o cumprimento das profecias e esperanças
judaicas. De alguma forma, eles haviam ignorado ou interpretado erroneamente os
escritos dos profetas, especialmente Isaías, cuja mensagem abrangia todos os
povos. Jesus, O Desejado das Nações, não devia ficar limitado a um único grupo.
A salvação podia vir dos judeus, mas era para todos. Os seguidores de Cristo
transcenderiam fronteiras nacionais, conflitos internacionais, diferenças de
linguagem e outras dificuldades, porque Ele mesmo havia estabelecido o padrão
de evangelismo transcultural.
Como Adventistas do Sétimo Dia, vemos esse chamado
especialmente em Apocalipse 14:6: "Vi outro anjo voando pelo meio do céu,
tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a Terra, e a
cada nação, e tribo, e língua, e povo".
Os profetas
predisseram
Os antigos profetas predisseram a conversão dos povos não
judeus (gentios) para uma fé alicerçada nas Escrituras. Divindades pagãs, culto
pagão e estilos de vida destrutivos seriam derrubados pela submissão inflexível
e fé em Jeová. Os inimigos de Israel afluiriam a Jerusalém suplicando para ser
aceitos, sedentos de conhecimento espiritual. A missão de Israel era transmitir
o convite universal de Deus às nações vizinhas.
Infelizmente, a paixão missionária de Israel foi prejudicada
pelas preocupações terrenas. A grande visão foi sepultada sob a complacência. A
vinda de Cristo ressuscitou aquela visão, pelo menos para alguns.
1. Leia Isaías 56:6-8; Miqueias 4:1, 2; Jonas 3:7-10; 4:1. O
que esses versos ensinam sobre o alcance universal da missão e sobre quão
limitados eram alguns em Israel com relação à compreensão dela?
Israel devia ser a luz das nações. Vendo as vantagens
maravilhosas que tinham os israelitas, as nações pagãs perguntariam sobre a fé
monoteísta dos israelitas, e assim muitas delas seriam convertidas ao Deus
verdadeiro.
Infelizmente, não foi assim que as coisas aconteceram,
porque Israel se tornou tão concentrado em si mesmo que perdeu de vista seu
propósito maior e, muitas vezes, deixou de olhar para o Deus que tanto lhes
tinha oferecido.
Os cristãos modernos enfrentam um desafio similar. Será que
eles investirão com sacrifício na promoção do evangelho, ou se tornarão
centralizados em si mesmos, esquecendo-se do propósito maior? É mais fácil cair
nessa armadilha do que podemos imaginar.
"Em nome do Senhor, levantemos a voz em louvor e ações
de graças pelos resultados da obra no exterior.
"Diz-nos ainda nosso General, que jamais erra:
'Avancem, alcancem novos territórios. Ergam o estandarte em todas as terras.'
'Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai
nascendo sobre ti' (Is 60:1)
"Nosso lema é: Avante, sempre avante. Adiante de nós
irão os anjos de Deus para preparar o caminho. A nossa responsabilidade pelas
'terras de além' nunca cessará até que a Terra inteira seja iluminada com a
glória do Senhor" (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 28,
29).
Ai de ti!
2. Leia Mateus 11:20-24; Lucas 4:25-30; 17:11-19; João
10:16. Qual é a mensagem fundamental desses textos? Como podemos aplicá-la à
nossa vida? Que princípio neles é revelado, com o qual devemos ter muito
cuidado?
Cristo queria que Seu povo despertasse para sua verdadeira
vocação e propósito. Ele queria que o povo percebesse que a salvação, mesmo
para a nação escolhida, não é algo inato. Ela não é transmitida através de
genes ou por direito de nascimento. É algo que você precisa escolher de modo
consciente, uma escolha que os não israelitas podiam fazer, e muitos fizeram.
Às vezes, técnicos de desporto desafiam os seus atletas,
comparando-os com atletas de equipas adversárias. "Se vocês treinassem de
maneira tão fiel, enérgica e intensa como eles fazem, vocês teriam
sucesso." A motivação óbvia do técnico é inspirar, produzir desejo, e não
diminuí-lo.
Da mesma forma, Jesus queria que Seu povo compartilhasse a
plenitude da salvação, como alguns povos
não judeus já estavam fazendo. Sem
dúvida, Suas palavras escandalizaram alguns, porque Ele pregou algo que eles
não queriam ouvir, por mais que devessem ter conhecido e compreendido essas
verdades.
Alguns podem, de fato, ter muitas vantagens espirituais que
outros não têm, mas os que têm essas vantagens devem entender que tudo que
receberam é dom de Deus, para ser usado para Sua glória, e não a deles.
Quais vantagens temos recebido de Deus como igreja? Por que
é importante reconhecer essas vantagens e perceber, com humildade, as
responsabilidades inerentes a elas?
"Queremos ver
Jesus"
3. Leia João 12:20-32. Como a universalidade da mensagem do
evangelho é revelada nesses versos?
Jerusalém ainda estava agitada pelos rumores. A entrada
triunfal de Cristo tinha acabado de ocorrer. Os gritos de hosanas, no entanto,
foram rapidamente substituídos por perguntas. O que aconteceria a seguir? Seria
Jesus coroado rei?
Entre a multidão reunida para a páscoa estavam adoradores
gregos. Observe suas palavras a Filipe: "Senhor, queremos ver Jesus"
(Jo 12:21). Eles queriam ver Jesus. Em outras palavras, eles queriam estar com
Ele, aprender com Ele. Que testemunho sobre o caráter universal de Cristo e Sua
mensagem! É muito triste notar que aqueles que deveriam ter dito a mesma coisa
foram os que queriam se livrar dEle.
Os gregos provavelmente teriam se aproximado de Filipe
porque, de todos os discípulos, somente ele tinha nome grego. Vindo de
Betsaida, um centro de pesca comercial e, portanto, um lugar de mistura
cultural, ele provavelmente falasse o mesmo idioma dos visitantes. O texto
sugere que Jesus não estava ali presente. Talvez estivesse adorando perto dali,
em lugares reservados aos judeus.
Em seguida, no entanto, reunindo os discípulos e aqueles
gregos no pátio exterior, Jesus concedeu a esses homens seu desejo. Observe o
que Ele lhes disse: "Se alguém" (Jo 12:26), significando qualquer
homem, mulher, judeu ou grego, quisesse segui-Lo, poderiam fazê-lo, mas isso
teria um custo.
4. Qual era esse custo? Como podemos entender isso? Jo 12:25
Então, estando esses estrangeiros ainda presentes, o Céu
trovejou uma mensagem de confirmação acerca de juízo e conquista. Jesus disse
que aquela voz não foi ouvida por Sua causa, mas por causa deles, judeus e
gregos, para que sua fé se fortalecesse. As palavras de Cristo confirmaram que
Sua morte seria em favor de todo o mundo.
Derrubando barreiras
5. Leia João 7:35; 8:48; Lucas 10:27-37. Por que os cristãos
devem eliminar todas as barreiras de separação, enquanto buscam fazer
discípulos de todas as nações?
O desprezo dos líderes por Jesus não conhecia limites.
Novamente, a terrível ironia: aqueles que deviam ter sido os primeiros a
recebê-Lo e à Sua mensagem, foram os que mais lutaram contra Ele. Os sacerdotes
de Israel desprezaram o Filho de Deus, enquanto aqueles que não eram de Israel
O aceitaram como Messias. Que lição poderosa e solene há aqui para aqueles que
se julgam espiritualmente favorecidos!
Ao condenarem Cristo, eles não somente O rotularam como tendo
demónio, mas fizeram algo pior, chamaram-nO de samaritano. Eles ainda zombaram
d´Ele por Seu testemunho entre os gregos, mostrando, obviamente, seu desprezo
por aqueles que não eram de sua própria nação e crença. Para os líderes de
Israel era inadmissível que Jesus pensasse em ensinar os gregos. Jesus reagiu a
essa atitude enfatizando a superioridade do caráter sobre a origem étnica.
É interessante também que Ele usou a história verdadeira de
um samaritano, a fim de ensinar uma grande lição espiritual sobre o que
significava realmente cumprir a lei de Deus. Os líderes religiosos, sem dúvida
restringidos por sua compreensão distorcida da lei levítica e da contaminação,
tinham anteriormente ignorado o homem ferido. O estrangeiro desprezado, um
samaritano, tinha conscienciosamente desafiado os preconceitos étnicos,
salvando a vida do estranho. Essa foi uma cortante repreensão a todos aqueles
que desprezam e zombam de alguém que esteja em necessidade, somente porque essa
pessoa tem diferente origem étnica, social ou cultural.
A Grande Comissão
6. Leia Romanos 15:12; Atos 1:7, 8; João 11:52, 53; Mateus
28:19, 20. Qual é a mensagem essencial desses textos e como ela se harmoniza
com as mensagens dos três anjos em Apocalipse 14?
A obra final de Deus estará incompleta até que o evangelho
eterno expresso na mensagem dos três anjos de Apocalipse 14 tenha cruzado todos
os limites raciais, étnicos, nacionais e geográficos. Sem divulgar o tempo
exato, a Escritura afirma inequivocamente que esse evangelho alcançará todo o
mundo. O triunfo de Deus e sua proclamação estão garantidos.
A aceitação dessa mensagem por parte das nações está
profetizada. Isso deve acontecer, mas quem se oferecerá como canal da graça
divina? Quem se unirá a Cristo para derrubar barreiras raciais, étnicas e de
linguagem, que impedem o progresso do evangelho? Quem vai esvaziar suas
carteiras e bolsas? Quem sacrificará o conforto terreno e as associações
familiares, a fim de fazer avançar a causa de Deus? Essas são perguntas que
devemos fazer a nós mesmos. O que estamos fazendo para alcançar outras pessoas,
independentemente de sua origem? Quão lamentável é que alguns cristãos permitam
que estereótipos raciais, preconceitos culturais e barreiras sociais projetados
por Satanás os impeçam de proclamar vigorosamente o evangelho, enquanto seus
irmãos estão espalhados por todo o mundo, entregando a vida para que o
evangelho seja pregado.
"Nosso êxito missionário tem sido plenamente
proporcional ao nosso esforço abnegado e espírito de sacrifício. Somente Deus
pode avaliar a obra feita à medida que a mensagem evangélica tem sido
proclamada de maneira clara e direta. Novos campos têm sido alcançados e se tem
feito um trabalho resoluto. As sementes da verdade têm sido semeadas, a luz tem
resplandecido em muitas mentes, proporcionando ampla visão de Deus e uma
avaliação mais correta do caráter a ser formado. Milhares têm sido levados ao
conhecimento da verdade, tal qual é em Jesus. Têm sido imbuídos da fé que atua
por amor e purifica a vida" (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v.
6, p. 28).
Estudo adicional
Leia de Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 25-34:
"A Grande Comissão"; p. 35-46: "O Pentecostes"; O Desejado
de Todas as Nações, p. 621-626: "No pátio"; p. 497-505: "O Bom
Samaritano".
"Certo samaritano, indo de viagem, chegou onde se
achava a vítima e, ao vê-la, moveu-se de compaixão por ela. Não indagou se o
estranho era judeu ou gentio [...]
"Assim, a pergunta: 'Quem é o meu próximo?' ficou para
sempre respondida. Cristo mostrou que nosso próximo não quer dizer simplesmente
alguém de nossa igreja ou da mesma fé. Não tem que ver com distinção de raça,
cor ou classe. Nosso próximo é todo aquele que necessita de nosso auxílio.
Nosso próximo é toda pessoa que se acha ferida e quebrantada pelo adversário.
Nosso próximo é todo aquele que é propriedade de Deus" (Ellen G. White, O
Desejado de Todas as Nações, p. 503).
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