Texto principal:
"E vieram a Ele muitas multidões trazendo consigo
coxos, aleijados, cegos, mudos e outros muitos e os largaram junto aos pés de
Jesus; e Ele os curou. De modo que o povo se maravilhou ao ver que os mudos
falavam, os aleijados recobravam saúde, os coxos andavam e os cegos viam.
Então, glorificavam ao Deus de Israel" (Mt 15:30, 31).
"Durante Seu ministério, Jesus dedicou mais tempo a
curar os enfermos do que a pregar. Seus milagres testificavam da veracidade de
Suas palavras, de que não veio para destruir, mas para salvar. Aonde quer que
fosse, as novas de Sua misericórdia O precediam. Por onde havia passado, os que
haviam sido alvo de Sua compaixão se regozijavam na saúde e experimentavam as
forças recém-adquiridas. Multidões se ajuntavam em torno deles para ouvir de
seus lábios as obras que o Senhor havia realizado. Sua voz havia sido o
primeiro som ouvido por muitos, Seu nome o primeiro proferido, Seu rosto o
primeiro que contemplaram.
Por que não haveriam de amar Jesus, e proclamar-Lhe o
louvor? Ao passar por vilas e cidades, era como uma corrente vivificadora,
difundindo vida e alegria" (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 19,
20).
O Messias que cura
1. Leia Isaías 53:4;
Mateus 8:17; João 9:1-3. Em que sentido devemos entender esses textos?
Quais perguntas eles levantam? Que esperança eles nos oferecem?
Na antiguidade, a doença era considerada resultado de ações
pecaminosas. Quem já não se perguntou, em algum momento, se a enfermidade, sua
ou de um ente querido, não foi trazida como castigo pelo pecado? No livro de
Jó, seus amigos sugeriram que seus infortúnios, que incluíam doença, eram
resultado de faltas ocultas. A implicação era que, de alguma forma, seu pecado
havia causado seu sofrimento. De maneira idêntica, os discípulos de Cristo
entendiam que a cegueira era um castigo pelo pecado. Isso sugere que a doença
não requeria diagnóstico nem medicação, mas expiação. Mateus faz referência à
profecia messiânica de Isaías, afirmando que Cristo cumpriu essa predição e que
a cura pode ser encontrada nEle.
Várias tradições pagãs antigas incluíam divindades que
curavam, mas nenhuma dessas tradições propôs que seus deuses realmente tomaram
sobre si as enfermidades do povo. Isaías predisse sobre um Redentor que
assumiria nossas enfermidades e pecados. Outras tradições antigas faziam provisão
para a expiação substitutiva, a fim de beneficiar a realeza. Substitutos eram
sacrificados no lugar do rei, para satisfazer os desígnios divinos contra um
rei, transferindo assim a punição do mal de um indivíduo para outro. No
entanto, em nenhum lugar houve tradições de reis que morreram como substitutos
de Seus súditos.
Isso, entretanto, é exatamente o que Isaías predisse e que
Mateus confirmou: a Realeza do Céu sofreu as enfermidades humanas.
Curiosamente, a palavra traduzida como "sofrimentos" em Isaías 53:4
(NTLH) vem de uma palavra hebraica que significa, basicamente,
"enfermidade" ou "doença".
Jesus reconheceu que Sua missão era ao mesmo tempo pregar
liberdade e curar os quebrantados de coração (Lc 4:17-19). Ele atraiu muitos
pelo poder de Seu amor e caráter. Outros O seguiram porque admiravam Sua
pregação de fácil compreensão. Ainda outros se tornaram discípulos por causa de
Sua maneira de tratar os pobres. No entanto, muitos seguiram a Cristo porque
Ele tocou e curou seu coração quebrantado.
De alguma forma, todos sofremos. Será que nosso sofrimento
nos ajuda a ter compaixão diante do sofrimento dos outros? Podemos aproveitar
essa identificação para discipular pessoas?
Cura do corpo
2. Qual é a conexão entre doença física e pecaminosidade?
Quais ideias não devemos tirar dessa história? Mc 2:1-12
Ao contrário da doutrina bíblica, a antiga filosofia grega
separava na existência humana a dimensão espiritual (alma) da dimensão física
(corpo). Acreditando que a alma humana era imortal, muitos gregos minimizavam a
importância do corpo. Por ser o corpo temporal, era considerado menos valioso
do que a alma, que permanecia.
De fato, em um dos mais famosos textos da antiguidade,
Platão descreveu seu mestre Sócrates, prestes a enfrentar a morte, falando
longa e eloquentemente sobre a corrupção e maldade do corpo. Também afirmou
que, no momento da morte, sua alma imortal seria finalmente livre para fazer
todas as coisas que o corpo a havia impedido de fazer.
A Bíblia ensina algo radicalmente diferente. O corpo humano
é criação direta de Deus, que de modo assombroso e maravilhoso o formou (Sl
139:14). Além disso, o corpo não se separa da alma. Corpo, mente e espírito são
apenas diferentes aspectos da personalidade ou existência humana, não entidades
existentes
de maneira independente. Consequentemente, o que afeta o corpo afeta a mente e o espírito, os outros aspectos inter-relacionados da personalidade. Assim, sempre que Cristo curava, Ele não apenas erradicava os problemas físicos, mas transformava a experiência humana nos aspectos físico, mental e espiritual.
de maneira independente. Consequentemente, o que afeta o corpo afeta a mente e o espírito, os outros aspectos inter-relacionados da personalidade. Assim, sempre que Cristo curava, Ele não apenas erradicava os problemas físicos, mas transformava a experiência humana nos aspectos físico, mental e espiritual.
Jesus curava não apenas o corpo, mas a pessoa inteira. Sua
abordagem holística reconheceu que a saúde física era inseparável da saúde espiritual.
Por meio da cura física Ele efetuou transformação espiritual. Esse era, em
grande parte, Seu propósito. Afinal, por que curar pessoas que, a longo prazo
morreriam, se não fosse possível livrá-las da destruição eterna, no fim dos
tempos?
Embora a doença possa resultar diretamente de práticas
pecaminosas, muitas vezes as pessoas, até mesmo crianças, ficam enfermas, sem
razão aparente, exceto o fato de que somos vítimas deste mundo caído. Por que é
tão importante manter essa triste verdade em mente quando ministramos a alguém
enfermo ou sofrendo por causa da enfermidade de um ente querido?
Curando o corpo e a
mente
Mediante a cura física e a restauração mental, Jesus fez
discípulos. Muitas vezes, os pacientes de Cristo sofriam tanto de doenças
físicas quanto mentais. A restauração física jamais foi o objetivo final. O
alvo final sempre foi o discipulado. A cura poderia prover 20, 50, e talvez até
75 anos adicionais. O discipulado oferecia a vida eterna com Cristo.
Em Lucas 8:26-39, o endemoninhado geraseno implorou para que
pudesse acompanhar Jesus. Em vez disso, Cristo o encarregou de evangelizar sua
família e os moradores da cidade. Tendo sido libertado de modo tão miraculoso,
ele seria uma poderosa testemunha de Jesus.
3. Leia Mateus 6:19-34; 1 Pedro 5:7; 2 Coríntios 4:7-10;
Filipenses 4:4-9, e 1 João 3:20-22. Como os princípios ensinados nesses versos
podem aliviar a ansiedade, culpa e vergonha que provocam muitas doenças
mentais?
A doença física às vezes é causada por estímulos mentais. A
relação entre a mente e o corpo está bem estabelecida pela ciência médica. A
ansiedade predispõe alguns aos problemas de estômago. A preocupação provoca
distúrbios do sono.
A ira incontrolável é um dos fatores das doenças do coração.
Ao ensinar os princípios de saúde mental às pessoas, devemos destacar a
importância de confiar em Deus, naturalmente levando-as ao compromisso
espiritual pessoal e ao pleno discipulado.
"Cada dia tem suas preocupações, seus cuidados e
perplexidades; e ao nos encontrarmos, uns com os outros, como nos sentimos
inclinados a falar de nossas dificuldades e provações! Damos lugar a tantas
aflições emprestadas, condescendemos com tantos temores, damos expressão a um
tal fardo de ansiedades, que se poderia supor que não temos um Salvador
compassivo e amante, pronto a ouvir todas as nossas petições, e a ser-nos um
auxílio bem presente em todas as nossas necessidades" (Ellen G. White,
Caminho a Cristo, p. 121).
Embora uma caminhada com o Senhor não seja garantia de boa
saúde, não há dúvida de que a paz de espírito que resulta de conhecer o Senhor
pode ter um impacto positivo sobre nós, até mesmo fisicamente. Como podemos
aplicar os princípios da lição de hoje, especialmente se somos propensos para a
preocupação?
A ressurreição e a
vida
4. Neste mundo em que a morte sempre tem a palavra final,
pelo menos por enquanto, que grande esperança é encontrada nos versos a seguir?
Lc 7:11-17; Mc 5:21-43; Jo 11:37-44
Políticos, artistas e atletas devem, necessariamente,
oferecer algo para obter seguidores. Os políticos utilizam retórica hipnótica e
promessas incríveis. Artistas usam suas habilidades para gerar emoção e criar
identificação com o público. Atletas surpreendem multidões com suas habilidades
físicas. Espectadores invejosos os seguem, desejando possuir tal capacidade.
O que Jesus oferece? Diminuição do desemprego? Salários mais
gordos? Incríveis habilidades esportivas? Maior extensão vocal? Performances
emocionantes? Em vez de tudo isso, Jesus oferece algo que ninguém pode dar:
vida eterna em um mundo novo. O que mais poderíamos desejar?
Enquanto os canais de vendas da televisão insultam nossa
inteligência com suas ofertas "boas demais para ser verdade", Jesus
aparentemente excede esses excessos ao nos oferecer o maior de todos os
negócios: vida eterna de graça, sem custos de envio e de processamento! Os
céticos sem dúvida zombariam de tal oferta sem precedentes. O inimigo fabricaria
uma imitação barata (o conceito satânico da alma imortal). Os potenciais
compradores cautelosamente investigariam as alegações. Então, Jesus proveu três
manifestações conhecidas para combater os incrédulos, expor as imitações e
satisfazer os genuínos seguidores. A filha de Jairo, o filho da viúva da cidade
de Naim e, finalmente, Lázaro, provaram que essa oferta "boa demais para
ser verdade" era autêntica. Doenças e acidentes inicialmente poderiam
prevalecer, mas a vida eterna acabaria predominando. A cura não aconteceria
cada vez que fosse solicitada, mas a vida eterna foi garantida a todos os que
fizessem de Jesus seu Salvador.
O mesmo ocorre conosco. Muitas vezes, a cura desejada
simplesmente não acontece da maneira que imaginamos. As pessoas padecem durante
anos de doenças debilitantes e dolorosas que, longe de serem curadas, às vezes
pioram. Outros morrem de doenças, mesmo tendo recebido unção e oração. Não
sabemos por que a cura acontece imediatamente em alguns casos e em outros não.
O que temos, no entanto, é algo muito melhor do que uma cura
miraculosa: a promessa da ressurreição para a vida eterna no fim dos tempos, na
vinda de Jesus, quando "os santos do Altíssimo [receberem] o reino e o
[possuírem] para todo o sempre, de eternidade em eternidade" (Dn 7:18).
Por que a promessa da vida eterna é tão crucial para nós?
Sem ela, onde estaríamos? Sem ela, você teria alguma esperança?
Legado de curas
5. Leia Atos 3:1-19; 5:12-16; 9:36-42; 20:7-10; 1 Coríntios
12:7-9, 28-31; Tiago 5:13-16. Como os cristãos devem avaliar a importância do
ministério de cura para a igreja do Novo Testamento?
Os discípulos do primeiro século testemunharam em primeira
mão o cumprimento da promessa de Cristo de que veriam "coisas
maiores" (Jo 1:50, NVI; compare com Jo 5:20; 14:12). Curas miraculosas e
ressurreições acompanharam o ministério dos discípulos mais preeminentes do
cristianismo primitivo: Pedro e Paulo. Esses eventos desempenharam parte
importante no crescimento da igreja primitiva. A eterna presença de Deus,
representada pela cura miraculosa, influenciou milhares de líderes religiosos a
aceitar Cristo. Frequentemente, seus rebanhos os seguiam.
Às vezes, novos discípulos não entendiam corretamente o
propósito divino. Simão tentou comprar o poder miraculoso, revelando motivações
egocêntricas (At 8:9-25). A maioria, porém, reconheceu que a importância desses
prodígios maravilhosos estava no fato de que eles revelavam a presença de Deus
no meio deles. Essas demonstrações de poder divino provaram que Deus existe e é
digno de louvor.
Embora Cristo tivesse subido ao Céu, multidões ainda O
seguiam por intermédio do ministério de Seus discípulos. Eles promoveram a
missão que Jesus tinha começado. Eles estavam cumprindo a visão que Cristo
havia compartilhado.
Evidentemente, a saúde era uma preocupação constante, e um
ministério de cura foi uma função contínua da igreja de Cristo. A cura foi
listada entre os dons espirituais. Foram registradas nas Escrituras instruções
quanto à ministração da cura às pessoas atingidas pela enfermidade. Esses dons
beneficiariam os cristãos até a segunda vinda de Cristo, quando Sua presença
pessoal os tornaria desnecessários. A história da Igreja narra a dedicação dos
fiéis ao ministério da saúde durante muitos períodos.
Certamente, aliviar o sofrimento humano era uma motivação
importante. Outros, no entanto, reconheciam a cura como um primeiro passo para
o conhecimento do evangelho pleno.
Conclusão:
Leia Lucas 18:35-43; 13:10-17; 14:1-6; João 6:1, 2; Marcos
6:5-7; 6:54-56; 7:31-37; 8:22-26; Mateus 8:1-19; 12:15-23. Leia de Ellen G.
White, A Ciência do Bom Viver, p. 17-21: "Nosso Exemplo"; p. 73-85:
"A Cura da Alma"; Medicina e Salvação,
p. 25-29: "O Plano Divino na Obra
Médico-Missionária".
"O paralítico encontrou em Cristo tanto a cura da alma
como a do corpo. Ele necessitava de saúde da alma antes de poder apreciar a do
corpo. Antes de poder ser curada a enfermidade física, Cristo precisava dar alívio
à mente, e purificar a alma do pecado. Essa lição não deve ser passada por
alto. Existem hoje milhares de pessoas a sofrer de doenças físicas, as quais,
como o paralítico, estão ansiando a mensagem: "Perdoados te são os teus
pecados" (Mt 9:2, RC). O fardo do pecado, com seu desassossego e desejos
não satisfeitos, é o fundamento de sua doença. Não podem encontrar alívio
enquanto não forem ter com o Médico da alma. [...]
"Grande regozijo houve na casa do paralítico quando ele
voltou para a família, levando com facilidade o leito em que fora penosamente
conduzido entre eles, pouco antes. [...] Alegres ações de graças subiram
daquele lar, e Deus foi glorificado por meio de Seu Filho, que restituíra a
esperança ao destituído dela, e força ao abatido. Esse homem e sua família
estavam prontos a dar a vida por Jesus" (Ellen G. White, A Ciência do Bom
Viver, p. 77, 79).
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