1. Justiça. A
expressão justiça de Deus tem confundido muitos teólogos há séculos. A justiça
de Deus é o modo de Deus agir. Amor é a natureza de Deus, santidade é a
disposição de Deus e glória é o próprio ser de Deus. Justiça, no entanto, é o
proceder de Deus, Sua maneira e Seu método. Uma vez que Deus é justo, Ele não
pode amar o homem meramente conforme o Seu amor. Ele não pode conceder graça ao
homem meramente conforme Ele quer. Ele não pode salvar o homem meramente
conforme o desejo do Seu coração. É verdade que Deus salva o homem porque o
ama. Mas Ele deve fazê-lo de um modo que esteja de acordo com Sua justiça, Seu
proceder, Seu padrão moral, Sua maneira, Seu método, Sua dignidade e Sua
majestade. John Stott escreve sobre “A Revelação da Justiça de Deus’, baseado
em Romanos 3: “Os versículos 21-26 constituem um bloco firmemente compactado,
que o professor Cranfield acertadamente chama de "o centro e o cerne"
do todo que constitui a parte principal da carta; á o Dr. Leon Morris diz que
eles seriam "possivelmente o parágrafo mais importante que jamais se
escreveu". A sua expressão-chave é "a justiça de Deus",
expressão já considerada por nós quando ela ocorreu a primeira vez, em 1.17.
Aqui, em 3.21, a tradução da NVI refere-se a uma justiça que provém de Deus,
frisando dessa maneira a iniciativa salvadora que ele tomou a fim de conceder
aos pecadores a condição de justos aos seus olhos. Os dois versículos (1.17 e
3.21) dizem que essa justiça foi "revelada" ou
"manifestada". Os dois a apresentam como algo inovador, ao dizerem
que ela se dá a conhecer ou "no evangelho" (1.17) ou independente da
lei (3.21). Ambos, no entanto, a representam como um cumprimento das escrituras
do Antigo Testamento, o que demonstra que não se trata de uma elaboração
posterior da parte de Deus. E dos dois afirma que podemos ter acesso a ela pela
fé. A única diferença significativa entre estes dois textos está no tempo em
que são usados os verbos principais. De acordo com 3.21, uma justiça de Deus se
manifestou, no pretérito perfeito, uma provável referência à morte histórica de
Cristo e suas consequências, válidas até hoje, enquanto que em 1.17 a justiça
de Deus é revelada (tempo presente) no evangelho, o que deve significar toda
vez que ele é pregado. No versículo 22 Paulo volta a anunciar o evangelho,
repetindo a expressão justiça de Deus, e agora acrescenta mais duas verdades a
seu respeito. A primeira é que ela vem mediante a fé em Jesus Cristo para todos
os que crêem. Além disso, ela é oferecida para todos porque todos têm
necessidade dela. Não há distinção entre judeus e gentios nesse aspecto
(conforme Paulo vem argumentando nos versículos 1.18 - 3.20) ou entre qualquer
outro grupo humano, pois todos pecaram (hemarton - o passado cumulativo de todo
mundo é resumido aqui pelo uso do tempo aoristo) e estão destituídos (um
presente contínuo) da glória de Deus (230. Essa "glória" (doxa) de
Deus poderia significar Sua aprovação ou louvor, que todos perderam; o mais
provável, porém, é que seja uma referência à imagem ou glória de Deus, segundo
a qual todos nós fomos criados as deixamos de viver de conformidade com ela. É
claro que o pecado pode manifestar-se em diferentes níveis e dimensões; mas
ainda assim ninguém chega sequer a aproximar-se dos padrões de Deus. Handley
Moule expressa isso de maneira dramática: "A prostituta, o mentiroso e o
assassino estão destituídos dela [da glória de Deus]; mas você também está.
Pode ser que eles estejam no fundo de uma mina e você no cume da montanha; no
entanto, tem tanta capacidade quanto eles de encostar nas estrelas. A segunda
inovação contida nestes versículos é que agora, pela primeira vez, "uma
justiça que provém de Deus" é identificada com a justificação: sendo
justificados gratuitamente por sua graça...(24a). A justiça de (ou que provém
de) Deus é uma combinação de três elementos: o caráter justo de Deus, a Sua
iniciativa salvadora e a Sua dádiva, que consiste em conferir ao pecador a
condição de justo perante Ele. Trata-se de Sua justificação justa do injusto, a
maneira justa como Ele "justifica o injusto". Justificação é um termo
legal ou jurídico, extraído da linguagem forense. O contrário de justificação é
condenação. Os dois são pronunciamentos de um juiz. Dentro do contexto cristão
eles são os veredictos escatológicos alternativos que Deus, como juiz, poderá
anunciar no dia do juízo. Portanto, quando Deus justifica os pecadores hoje,
está antecipando o Seu próprio julgamento final, trazendo até o presente o que
de fato faz parte dos "últimos dias" [6].
2. Paz. A Paz do
Senhor é a resposta imediata à oração por causa da ansiedade. As preocupações
nos rodeiam, o medo é companheiro cotidiano, e a ansiedade toma conta de nós.
Mas, como filhos do Pai das luzes e templo do Espírito Santo, temos um meio
para escaparmos ilesos dessas mazelas que assolam o mundo: a perfeita paz de
Deus que não espera por momentos perfeitos e certinhos para fazer morada em
nosso coração.Coisas que não podem ser totalmente compreendidas podem, todavia,
ser experimentadas em paz por aqueles que estão em Cristo - “Não andeis
ansiosos de cousa alguma”.
3. Alegria.
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria
no Espírito Santo” (Rm 14.17). Segundo João, em Apocalipse 19.6-7, o Reino de
Deus é regozijo, alegria e tempo para louvor da Sua glória! Está relacionada
com o Fruto do Espírito (que é o caráter de Cristo): Todo discípulo de Jesus
recebeu o Poder para ser feito filho de Deus, e este Poder é o Espírito Santo
que habita nele e manifesta o Fruto do Espírito que é: Amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, mansidão, fidelidade e domínio próprio. Em
que cada situação que passamos no nosso dia a dia, podemos exercitar todas as
qualidades do caráter de Cristo nas nossas vidas - “Amados, não estranheis o
fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma
coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na
medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também,
na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo,
sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da
glória e de Deus” (1Pe 4.12-14).
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