Sem entendermos a natureza da igreja, torna-se complicado
entender o crescimento da igreja. Se abordarmos a igreja de maneira alheia à sua
natureza, estaremos ferindo-a e se houver algum crescimento, ele não será
saudável e duradouro. Conforme como abordamos a igreja os novos discípulos que
forem se unindo a ela, terão o perfil típico da abordagem que estamos dando.
O Propósito de Deus Para Sua Igreja:
“A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação
dos homens. Foi organizada para servir, e sua missão é levar o evangelho ao
mundo. Desde o princípio tem sido plano de Deus que através de Sua igreja seja
refletida para o mundo Sua plenitude e suficiência. Aos membros da igreja, a
quem Ele chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, compete manifestar Sua
glória. A igreja é a depositária das riquezas da graça de Cristo; e pela igreja
será a seu tempo manifesta, mesmo aos “principados e potestades nos Céus”
(Efés. 3:10), a final e ampla demonstração do amor de Deus.” Ellen White, Atos
dos Apóstolos, pág. 9.
A Igreja na Bíblia
O termo igreja não aparece no Antigo Testamento (AT) na
Bíblia em Português.[1] No Novo Testamento (NT) a palavra utilizada no grego
para Igreja é ekklesia que vem da preposição ek = ‘para fora de’ e Kaleo =
‘chamar’.[2] Chamar para fora seria o melhor sentido para a palavra igreja,
sentido este que daria muito material para estudo, por exemplo: a igreja não
foi chamada para ficar ocupada consigo mesma, mas para sair e executar fora
dela o motivo de sua existência ou a igreja foi enviada para chamar um povo
para fora de algum lugar ou atividade.
O termo geral ekklesia significa ‘chamar pessoas para um
lugar público’ é traduzido como igreja, reunião de crentes como em 1 Co. 1:2;
12:28; 2 Co. 1:1; Gl. 1:2; 1 Ts 1:1, bem como era para uma assembléia comum
como em At 19:32, 39 e 41.
A Septuaginta usa a palavra ekklesia como tradução do termo
hebraico qâhâl tendo significado de congregação, assembleia ou outro corpo
organizado. No NT é principalmente utilizado por Paulo.
Igreja: um Corpo Vivo
A igreja é considerada um órgão vivo, como um corpo. Não
estamos falando aqui do templo de adoração, estamos falando da soma e união de irmãos
numa cidade, estado, país, e no mundo. Estes irmãos em tempo de bonança estarão
se reunindo em templos de diferentes estilos e construções e estarão se
organizando em estruturas institucionais para melhor organizar-se para o
cumprimento da missão a ela confiada.
Esta mesma igreja, pode em tempos de perseguição existir de
maneira diferente. Pode se reunir na casa de alguém, debaixo de uma árvore, nos
bosques ou nas montanhas.
Este corpo vivo, do qual Cristo é a cabeça, tem uma natureza
divino-humana. Explico: a) Natureza divina: Aquilo que Deus faz é perfeito.
Tudo o que é bom e perfeito vem de Deus Tg. 1:17. As iniciativas e ações para a
salvação vêm todas de Deus. A segurança que vem de Sua imutabilidade (Ml. 3:6),
a força que vem de Sua Palavra (Jo. 8:32) e do poder do Amor (Ct. 8:6), que é a
maior tradução da pessoa de Deus (1 Jo. 4:7-8) e mais dezenas de coisas que
sabemos e outras centenas e milhares de coisas que não sabemos sobre bondade e
grandiosidade de Deus. b) Natureza humana: é aquilo de imperfeito, limitado e
finito que fazemos e às vezes precisamos fazer para ter um mínimo sentido de
ordem. Criamos estruturas e leis para não sucumbirmos ao caos que é tão típico
onde há muita gente reunida e cada um tem os mesmos direitos.
A igreja não é invenção de homens, tanto que a Bíblia a
chama de igreja de Deus (1 Ti. 3:15). A Bíblia insiste que não deixemos
episunagǒgĕ (congregar-se, juntar-se) – note que o termo vem de sinagoga: o
chamado é para que não deixemos de “sinagogar” ou de “igrejar”.
Por que a igreja é tão importante? Por que simplesmente não
ceder ao apelo dos adesivos: “Jesus sim, igreja não!”? Qual o plano de Deus com
a igreja que é tão importante para nós? Por que temos necessidade e dever de
nos congregar? Qual é a função da igreja?
A Igreja e o Grande Conflito
O pano de fundo para a compreensão de todas as doutrinas,
inclusive a da igreja, é o Grande Conflito entre o bem e o mal.
Estudaremos a natureza e função da igreja num escopo mais
amplo, visto do ponto de vista mais amplo do Conflito cósmico entre Jesus e
Satanás.
No contexto do tempo do fim, e da última pregação do
evangelho eterno Ap. 14:7 diz que “é chegada a hora do Seu juízo…” O que é
aqui? Deus julga ou está sendo julgado? Será que a idéia do julgamento de Deus
é estranha à Bíblia? Quem seria capaz de julgar a Deus?
Rm. 3:4 – tirado de Sl. 51:4 afirma que vai haver um
julgamento.
Deus está sendo julgado em Seu julgamento. O Juízo
pré-advento está em pleno andamento no santuário celestial desde 1844. Os
mundos não caídos, os anjos caídos e não caídos, bem como todo o nosso mundo,
querem ver se em Deus se encontram ambos: amor e justiça.
Para cada pessoa em julgamento, Deus está sendo a Sua mais
pura essência (Ele não consegue deixar de ser amor), exercido em forma de graça
e misericórdia para com a situação que envolve aquela existência. Ao mesmo
tempo e na mesma Pessoa divina, a justiça se cumpre de maneira plena e perfeita
(Sl 89:14; 97:2).
Como os anjos caídos e não caídos estão julgando a Deus?
Como podem eles conferir que Deus é o que Ele mesmo sempre afirmou de Si mesmo?
Qual é o elemento aferidor?
1) A vida de Jesus
Cristo!
2) A Cruz sucedida
da ressurreição!
3) A vida dos
seguidores de Cristo!
Em Ef. 3:8-12 é mostrada toda responsabilidade da igreja
diante dos poderes do bem e do mal. Em Rm. 16:19-20 diz qual vai ser a consequência
de não fazermos a vontade de Deus. Em Mt. 7:21-23 Jesus declara toda a consequência
de carregar o nome de Cristão sem viver o poder de Jesus 2 Tm. 3:5. No
pastorado o melhor que vão fazer é “se introduzir pelas casas, levando cativas
mulheres néscias, carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências,
sempre aprendendo, mas nunca conseguindo chegar ao pleno conhecimento da
verdade…” 2 Tm. 3:6-7.
Como Jesus pode esmagar Satanás debaixo de nossos pés? Como
Ele pode reivindicar o seu caráter? Mt. 5:16 “…deixem a vossa luz brilhar…”
Para que? “…para que vejam…”
No final, quando estivermos nos 1000 anos, nenhum dos fiéis
súditos vai ficar com dúvidas sobre o caráter de Deus. Todos vão entender que
na vida de cada ser humano desde o início deste mundo todas as chances foram
oferecidas, e que cada um teve oportunidades diversas para escolher ao lado de
Deus (mesmo entre as nações pagãs).
Com este entendimento de igreja, inserida no meio de um
conflito, tendo que cumprir um papel elevado, precisamos levar a igreja a viver
uma vida em constante santificação no ser e no fazer.
--------------------------------------------------------------------------------
Publicado por Dr. Berndt WolterNão comentado
[1] http://www.theopedia.com/Ecclesiology. Pesquisado em 10
de Fevereiro de 2008.
[2] Ibid.
Sem comentários:
Enviar um comentário