Texto principal:
"Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova
aliança para que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna,
visto que Ele morreu como resgate pelas transgressões cometidas sob a primeira
aliança" (Hb 9:15).
A eterna decisão divina de salvar a humanidade foi revelada
ao longo dos séculos por meio das alianças. Embora a Bíblia fale de alianças no
plural (Rm 9:4; Gl 4:24; Ef 2:12), na realidade, só existe a aliança da graça,
na qual a salvação é dada aos pecadores, com base não em seus méritos, mas nos
méritos de Jesus, oferecidos a todos os que clamam esses méritos pela fé. O
plural, alianças, significa simplesmente que Deus antecipou Seus propósitos de
salvação ao reafirmar a aliança de várias formas, a fim de atender às
necessidades de Seu povo em diferentes épocas e contextos. No entanto, é sempre
a mesma aliança, a eterna aliança da graça salvadora de Deus.
A essência dessa aliança é o constante e fiel amor do Senhor
(Dt 7:9; 1Rs 8:23; Dn 9:4). Como parte dessa aliança, Deus chama Seu povo a
obedecer Sua lei, não como meio de salvação, mas como fruto dela. A lei e a
graça unidas sempre foram centrais para a aliança eterna de Deus.
Hoje é um dia especial. Sábado alegre e festivo. Momento de
sair às ruas para compartilhar sua fé.
Sinais da aliança (Gn
9:12-17)
Uma aliança pode ser simplesmente definida como um acordo
entre duas partes com base em promessas feitas por uma, ou por ambas as partes.
Existem dois métodos básicos pelos quais uma aliança pode funcionar. No
primeiro, as partes envolvidas na aliança concordam com os termos do
relacionamento e fazem promessas mútuas. Esse seria o caso em um casamento,
fusão de empresas e até mesmo na compra de imóveis. No segundo método, uma
parte inicia a aliança, estipulando tanto as promessas quanto as condições
inegociáveis, e a outra parte é convidada a participar. Exemplos disso incluem
o pagamento de impostos ou de mensalidades em uma instituição educacional. Nos
dois casos, cada uma das partes é livre para se retirar da aliança, mas
geralmente há uma consequência. Por exemplo, uma pessoa que não paga a
prestação de seu imóvel, pode perdê-lo, e um cidadão que se recusa a pagar os
impostos será processado.
Normalmente, uma aliança é estabelecida com pelo menos um
símbolo. Por exemplo, uma pessoa que compra um imóvel financiado coloca várias
assinaturas em um contrato de empréstimo imobiliário junto a uma instituição de
crédito, a qual mantém o título de propriedade do imóvel em garantia, até que o
valor total seja pago. Para as pessoas casadas, o cartório emite uma certidão
de casamento. O documento não é a aliança, mas um indicador de que a pessoa
está comprometida com uma aliança.
1. Leia Génesis 9:12-17 e 17:2-12. Qual é a diferença entre
o símbolo e a aliança nessas passagens? Além disso, quais são as diferenças entre
essas duas alianças?
Em Génesis 9:9, Deus fez uma aliança com a criação,
estabelecendo que Ele jamais destruiria a Terra novamente com água. Sempre que
um arco-íris aparece no Céu, todos devem se lembrar da promessa de Deus. O
mesmo se pode dizer da marca da circuncisão, que devia fazer todo judeu lembrar
do papel de Seu povo em abençoar as nações. A primeira aliança foi feita com
toda a humanidade, a outra especificamente com a nação de Israel. Além disso,
na aliança feita com a humanidade depois do Dilúvio, as
pessoas não tinham que
fazer nada. A promessa estava ali, independentemente do que elas fizessem. A
situação foi diferente com a segunda aliança, feita com Israel: o povo tinha
que fazer a sua parte no acordo.
Promessas da aliança
Alianças são fundamentadas em promessas. Na verdade, é
possível utilizar os dois termos de forma alternada. Quando uma aliança é
feita, espera-se que a pessoa que faz a promessa (aliança) tenha capacidade de
cumprir o que é prometido ou pactuado.
No Antigo Testamento, algumas alianças tratavam de questões
limitadas e locais (por exemplo, Gn 31:43-54). O incidente entre Jacó e Labão
demonstra que as alianças podiam ser negócios realizados dentro de uma
sociedade e entre sociedades. O monumento em Mispa devia servir como sinal de
um tratado que se aplicaria apenas aos dois clãs. Quando morressem aqueles a
quem o tratado se aplicava, os termos do tratado seriam irrelevantes. Ao
contrário desse pacto feito entre seres humanos, as alianças que o Senhor
instituiu com Noé e Abraão têm implicações eternas.
2. Quais são as implicações mais amplas da aliança
abraâmica? Gl 3:15-28
Em toda a Bíblia, Deus fez várias alianças universais nas
quais Ele fez promessas relevantes para toda a humanidade. Reconhecendo que
toda a Terra tinha sido afetada pelo Dilúvio, o Senhor prometeu não permitir
que Sua criação fosse devastada novamente pela água. No caso de Abraão, Deus
viu a necessidade humana de justiça e prometeu abençoar todas as nações mediante
a descendência de Abraão (Gn 22:18).
Embora Deus tenha feito a aliança do Sinai com uma nação
específica, ela também tem alcance universal. Deus foi muito claro ao declarar
que qualquer estrangeiro podia fazer parte do povo escolhido (por exemplo, Êx
12:48, 49), e que a missão de Israel era ser uma luz para evangelizar o mundo
(Êx 19:5, 6).
Como você entende seu relacionamento de aliança com Deus? O
que Deus prometeu a você, e o que Ele lhe pediu em retribuição por essas
promessas?
Tábuas da aliança
Embora uma aliança seja alicerçada em promessas, geralmente
há condições a serem satisfeitas antes que as promessas sejam cumpridas. A
aliança com Abraão envolvia a circuncisão de todos os homens nascidos na casa
dele, ou seus descendentes. Quando o Senhor fez uma aliança com Israel, Ele
pessoalmente gravou os requisitos para o relacionamento em tábuas de pedra (Dt
9:8-11). Esses requisitos, preservados nos Dez Mandamentos, deviam formar a
base da aliança eterna de Deus com todos os seres humanos.
Uma vez que eles detalham certos termos da aliança, os Dez
Mandamentos são, muitas vezes, chamados de "tábuas da aliança" (Dt
9:9). Os Dez Mandamentos não foram planejados para ser um obstáculo em nosso
caminho, dificultando a vida dos que firmaram uma aliança com Deus. Ao
contrário, como expressão do amor de Deus, os mandamentos foram dados para
benefício dos que entraram em um relacionamento de aliança com o Senhor.
3. De que forma Jeremias 31:31-34 e Hebreus 10:11-18
confirmam a natureza eterna da lei de Deus na nova aliança?
Sob a antiga aliança, do Monte Sinai, os israelitas e os que
se uniram à comunidade eram obrigados a demonstrar fidelidade à aliança
guardando os Dez Mandamentos. Quando violavam um mandamento, deviam oferecer um
animal em sacrifício, se quisessem ter seus pecados perdoados.
Sob a nova aliança, do Monte Calvário, o povo de Deus ainda
é obrigado a guardar os Dez Mandamentos. No entanto, quando pecam, eles não
precisam oferecer sacrifícios contínuos, porque Jesus é o seu sacrifício pleno
e completo (Hb 9:11-14). A nova aliança é muito melhor do que a antiga porque
agora, pela fé, clamamos as promessas de perdão oferecidas a nós mediante o
sacrifício de Jesus. "Há esperança para nós somente quando estamos na
aliança de Abraão, que é a aliança da graça mediante a fé em Cristo Jesus"
(Comentários de Ellen G. White, The SDA Bible Commentary [Comentário Bíblico
Adventista], v. 6, p. 1.077; tradução do editor).
O que significa ter a lei de Deus escrita no coração? Isso é
diferente de entender a lei de Deus apenas como um código de obediência?
A aliança e o
evangelho (Hb 9:15-22)
Havia fortes consequências para a violação de certas
alianças bíblicas. O Senhor advertiu Abraão de que todo homem incircunciso
seria eliminado do povo escolhido (Gn 17:14), e uma série de maldições foi
dirigida aos que se recusassem a cumprir os termos da aliança do Sinai (Dt
27:11-26). Os que violassem os termos da aliança seriam punidos com a morte (Ez
18:4). O mesmo é verdade em relação à nova aliança: aqueles que se recusam a
obedecer a lei de Deus não podem ter acesso à vida eterna (Rm 6:23).
4. Leia Hebreus 9:15-28. De que forma o evangelho é revelado
nesses versos?
Hebreus 9:15-28 repete a história do evangelho, ao proclamar
a atuação de Cristo para assegurar aos crentes as promessas da aliança. O verso
15 indica que Jesus atua como "Mediador" da nova aliança que,
mediante Sua morte, oferece vida eterna aos que, de outra forma, enfrentariam a
destruição eterna.
Nos versos 16 e 17, algumas traduções da Bíblia se desviam
da discussão da "aliança" e introduzem o termo "testamento"
em seu lugar, embora ali seja usada a mesma palavra grega traduzida por aliança
em outros versos do capítulo. Isso traz a ideia da morte de Jesus por nós.
Quando vista nesse contexto, a passagem lembra o cristão de que, sem Cristo, a
aliança exige a morte de cada pecador. Porém, o pecador pode ser coberto,
purificado pelo sangue de Cristo e, assim, estar entre os que ansiosamente
aguardam Sua vinda (Hb 9:28).
"Só então reconheceremos que nossa justiça é na verdade
igual a trapos sujos, e que somente o sangue de Cristo pode nos limpar da
impureza do pecado e renovar nosso coração à Sua semelhança" (Ellen G.
White, Caminho a Cristo, p. 29, edição 2013).
O próprio Deus, na pessoa de Jesus, tomou sobre Si a punição
por nossos pecados, para livrar-nos da merecida condenação. O que isso diz
sobre o caráter de Deus? Por que podemos confiar nEle, não importando nossa
situação?
Benefícios da aliança
(Ef 2:6)
Em muitos casos, as pessoas podem experimentar as promessas
de uma aliança antes mesmo do cumprimento de todos os termos. Por exemplo, uma
pessoa que compra um imóvel tem a oportunidade de viver nele antes do fim do
pagamento. Um cidadão desfruta dos serviços públicos oferecidos pelo governo
antes mesmo
de começar a pagar impostos. Os que entram em aliança com
Deus podem também começar a experimentar os benefícios dessa aliança antes do
cumprimento das promessas no futuro.
Considerando os Dez Mandamentos, pense na dor e no
sofrimento que as pessoas poderiam evitar se simplesmente os obedecessem. Quem
já não experimentou o sofrimento causado pela transgressão desses mandamentos?
E ainda pior, esse sofrimento nem sempre se limita à pessoa que viola a lei.
Muitas vezes, outros, mesmo os mais próximos do pecador, também sofrem.
5. De acordo com os textos a seguir, quais benefícios
podemos encontrar, mesmo hoje, por estar em um relacionamento de aliança com
Jesus? 2Co 4:16-18; 1Jo 5:11-13; Fp 1:6; Jo 5:24.
Jesus usa uma linguagem muito forte no Evangelho de João,
quando declara que aquele que O aceita "já passou da morte para a
vida" (Jo 5:24, NVI). Tão confiante é o crente em sua salvação que, embora
confinado à Terra, ele pode afirmar que está sentado "nos lugares
celestiais em Cristo Jesus" (Ef 2:6).
Se alguém lhe perguntasse: "O que significa estar
sentado com Jesus no Céu?" (Efésios 2:6), o que você responderia, e por
quê?
Estudo adicional
Leia, de Ellen G. White, A Maravilhosa Graça de Deus [MM
1974], p. 129-135: Meditações sobre a "Aliança da Graça".
"Esta mesma aliança foi renovada a Abraão, na promessa:
'Em tua semente serão benditas todas as nações da Terra' (Gn 22:18, RC). Essa
promessa apontava para Cristo. Assim Abraão a compreendeu (Gl 3:8, 16), e
confiou em Cristo para o perdão dos pecados. Foi essa fé que lhe foi atribuída
como justiça. A aliança com Abraão mantinha também a autoridade da lei de Deus.
[...]
"A aliança abraâmica foi ratificada pelo sangue de
Cristo, e é chamada a 'segunda', ou 'nova' aliança, porque o sangue pelo qual
foi selada foi vertido depois do sangue da primeira aliança." (Patriarcas
e Profetas, p. 371).
"A aliança da graça não é uma verdade nova, porque
desde a eternidade existira na mente de Deus" (Signs of the Times [Sinais
dos Tempos], 24 de agosto de 1891).
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