INTRODUÇÃO
“Ninguém imagine que só os seus dons sejam suficientes para
a obra de Deus, e que ele, somente, possa realizar uma série de conferências,
fazendo o trabalho com perfeição. Seus métodos podem ser bons, mas, não
obstante, os diferentes talentos são essenciais. A opinião de um só homem não
deve formular e estabelecer a obra de acordo com suas ideias particulares. A
fim de ser estabelecida a obra, com firmeza e de modo simétrico, há a
necessidade de vários dons e diferentes instrumentos, todos sob a direção do
Senhor. Ele instruirá aos obreiros conforme suas várias habilidades. A
cooperação e a unidade são essenciais na formação de um todo harmonioso, cada
obreiro fazendo o trabalho que Deus designou ocupando seu devido lugar e
suprindo a deficiência de outro. Quando um obreiro fica trabalhando só, há o
perigo de ele pensar que seu talento é suficiente para formar um todo completo.” Evangelismo, 104
A dinâmica dos dons espirituais é um dos recursos mais
poderosos que Deus providenciou para que a igreja tivesse um crescimento
saudável. Hoje há ensinamentos bem divergentes sobre os dons: os que consideram
que os dons cessaram, os ignorantes, os medrosos e os que advogam a
contemporaneidade de todos os dons. Mas vejamos o que a palavra de Deus ensina.
A NATUREZA DOS DONS ESPIRITUAIS- VS. 1-12
Há alguns estudiosos que defendem a cessação dos dons
espirituais. Segundo esses estudiosos, os dons foram apenas para os tempos
apostólicos. Contudo, não temos provas bíblicas, teológicas e históricas
consistentes para provarmos essa posição (1 Coríntios 13.10). Ao contrário, o
que temos visto é que os dons do Espírito são atuais e tem se manifestado em
sua Igreja.
A questão essencial é definirmos qual deve ser a nossa
atitude em relação aos dons. A igreja de Corinto tinha todos os dons (1.7). Nem
por isso era uma igreja perfeita. Alguns até começaram a usar seus dons sem o
fruto do amor.
Paulo exorta que os crentes não devem ser ignorantes com
respeito aos dons espirituais (12.1). É de extrema importância que os crentes
descubram, desenvolvam e usem os dons recebidos de Deus para a edificação da
igreja.
Os dons têm um tríplice aspecto: São “charismata”,
“diakonia” e “energémata” = dons, ministérios e obras. Com isso, Paulo fala
sobre: Origem dos dons; o modo como atuam; a finalidade dos dons. Quanto à
origem dos dons, eles são “charismata”, manifestação concreta de “charis” graça
divina. A graça de Deus é a origem de todo dom. A origem dos dons nunca está no
homem, mas na graça de Deus. É errado os crentes quererem distribuir os dons.
Quanto ao seu modo de atuar, eles são “diakonia”, prontidão
para servir. É concentrar não em mim mesmo, mas no outro. É buscar a edificação
do meu próximo. A finalidade do dom é a realização de alguma obra concreta, uma
ajuda a alguém, a edificação da comunidade.
1.1. O propósito divino para os dons – v. 7
Os dons são dados a cada membro do corpo – “A manifestação
do Espírito é concedida a cada um”. Os dons são dados visando um fim
proveitoso, ou seja, a edificação da igreja.
1.2. A variedade dos dons – vs. 8-10
Paulo oferece cinco listas de dons espirituais: Rm 12.6-8; 1
Co 12.8-10; 12.28; 14; Ef 4.11-13. Não há crente sem dom nem crente com todos
os dons (12.29-31). Assim como não há membro auto-suficiente no corpo nem
membro sem função. Alguns estudiosos classificaram os dons registrados em 1
Coríntios 12 como dons de pregação, dons de sinais e dons de serviço.
1.3. A soberania do Espírito na distribuição dos dons – v.
11
O Espírito Santo distribui os dons a cada um, ou seja, não
existe membro do corpo de Cristo sem pelo menos um dom espiritual. O Espírito
Santo é livre e soberano na distribuição dos dons. No texto temos quatro verbos
chaves que ilustram essa soberania: no verso 11, Deus distribui; no verso 18,
Deus dispõe; no verso 24, Deus coordena, e no verso 28 Deus estabelece. Do
começo ao fim Deus está no controle.
A IGREJA É UM CORPO – VS. 12-31
A igreja é comparada com uma família, um exército, um
templo, uma noiva. Mas a figura predileta de Paulo para descrever a igreja é
como um corpo. O apóstolo Paulo destaca três grandes verdades aqui:
2.1. A unidade do Corpo – vs. 12-13
Paulo diz que nós confessamos o mesmo Senhor (12.1-3), dependemos
do mesmo Deus (12.4-6), ministramos no mesmo corpo (12.7-11) e experimentamos o
mesmo batismo (12.12-13).
Dois fatores mantêm a unidade do corpo de Cristo:
2.1.1. O Sangue
Pode ser difícil estabelecer a unidade entre os meus pés, as
minhas mãos e os meus rins. Mas o mesmo sangue alimenta estes membros e todos
os outros. O sangue fornece vida aos membros e se impedirmos o sangue de chegar
a alguns deles, esses morrerão rapidamente. No sentido espiritual, o sangue de
Cristo é o elemento que unifica o Seu corpo. Ninguém faz parte da igreja sem se
ter apropriado primeiro da expiação, dos benefícios da morte de Cristo e do seu
sangue derramado.
2.1.2. O Espírito
Nunca descobriremos o espírito ou a alma de uma pessoa em
algum de seus órgãos, membros ou glândulas. Em certo sentido, o espírito está
em todos os membros do corpo. Em relação à igreja a Bíblia diz: “em um só
Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (12.13). Um membro do corpo
pode ser mais cheio do que outro membro, mas nenhum membro está sem o Espírito.
Ser batizado pelo Espírito significa que pertencemos ao Corpo de Cristo. Ser
cheio do Espírito significa que nossos corpos pertencem a Cristo.
A unidade da igreja não é eclesiástica nem denominacional,
nem organizacional, mas espiritual. Não há unidade fora da verdade. O
ecumenismo é uma conspiração ao ensino bíblico. O verdadeiro corpo de Cristo
nem sempre coincide com o rol de membros das igrejas.
2.2. A diversidade do Corpo – vs. 14-20
O corpo precisa ter uma grande diversidade de membros para
que funcione bem (12.14). O corpo precisa das diversas funções dos membros para
sobreviver (12.15-19). Ilustração: Meu olho faz um trabalho bom ao focalizar
uma manga apetitosa. Mas para que a manga me alimente eu preciso de outros
órgãos: Da mão para pegar a manga; da boca para morder um pedaço; dos dentes
para mastigá-la; da língua para movimentá-la na boca; da garganta para engolir;
do estômago para digerir; do fígado para acrescentar a bílis.
Nenhum membro do corpo pode desempenhar as funções sem os
outros membros. Não há cristão isolado. Vivemos no corpo. Ilustração: Se eu
cortasse minha mão e a colocasse numa cadeira no outro lado da sala, ela ainda
seria minha mão, mas não teria mais utilidade porque estaria separada dos
outros membros do corpo.
2.3. A mutualidade do Corpo – vs. 21-31.
Com respeito à mutualidade Paulo nos ensina algumas lições:
2.3.1. O perigo do complexo de inferioridade-vs. 15-16.
Ficar ressentido por não ter este ou aquele dom espiritual é imaturidade
espiritual. É culpar a Deus de falta de sabedoria. Devemos exercer nosso papel
no corpo com alegria e com fidelidade. Nenhum membro da igreja deveria se
comparar nem se contrastar com qualquer outro membro. Somos únicos e singulares
para Deus.
2.3.2. O perigo do complexo de superioridade-vs. 21-24.
Nenhum membro da igreja pode envaidecer-se pelos dons que recebeu. Não há
espaço para orgulho no meio da igreja de Deus (1 Co 4.7).
2.3.3. A necessidade da mútua cooperação – v. 25. Os dons
são dados não para competição nem para demonstração de uma pretensa
espiritualidade. O dom tem como objetivo a mútua cooperação. Assim cada membro
deve ajudar ao outro com o espírito sincero de servir.
2.3.4. A necessidade da empatia na alegria e na tristeza –
v. 26. Não estamos competindo, não disputando quem é o melhor, o mais
talentoso, o mais dotado, o mais espiritual. Somos uma família. Somos um corpo.
Devemos celebrar as vitórias uns dos outros e chorar as tristezas uns dos
outros. Às vezes é mais fácil chorar com os que choram do que se alegrar com os
que se alegram.
2.3.5. A necessidade de compreender que não é completa em
nós mesmos e que precisamos dos outros membros do corpo – vs. 27-31. O corpo é
uno, os membros são diversos, e por isso, eles precisam cooperar uns com os
outros para o bem comum. Assim também é na igreja. Não somos auto-suficientes.
Dependemos uns dos outros.
A igreja precisa conhecer os seus dons e usá-los
corretamente. O dom é para a edificação e crescimento da igreja e não para
orgulho pessoal ou divisão na igreja.
Que todos nós saibamos usar os dons que Deus nos tem
concedido com amor, e desejo sincero de servir a sua obra.
“A igreja de Deus é o recinto de vida santa, plena de
variados dons e dotada com o Espírito Santo. Os membros devem encontrar sua
felicidade na felicidade daqueles a quem ajudam e abençoam.” Atos Apóstolos, 12
“Chegamos agora aos últimos dias da obra da mensagem do
terceiro anjo, quando Satanás operará com crescente poder porque sabe que seu
tempo é curto. Ao mesmo tempo, nos advirão, por meio dos dons do Espírito
Santo, diversidades de operações no derramamento do Espírito. Este é o tempo da
chuva serôdia.” Carta 230, 1908. ME.3, 83
José Carlos Costa,
pastor
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