(Evangelismo só existe onde existe comunicação. A
comunicação existe somente quando existe envolvimento)
Comunicação é
envolvimento
A impressão que temos das pessoas que não conhecemos é a de
que elas são diferentes, às vezes ameaçadoras. Mas à medida que nos tornamos
conhecidos e familiarizados com elas, ficamos espantados ao descobrir que eles
tem os mesmos temores e dificuldades no relacionamento com o que não conhecem.
Desconhecidos tornam-se amigos através de um crescente e permanente
envolvimento. Um viajante afirma: “O difícil acesso às pessoas do Oriente é,
creio eu, um mito ... O habitante comum dessa região é incompreendido somente
às pessoas que nunca se preocuparam em ter alguma coisa em comum com ele” (Dame
Freya Stark, The Journey’s Echo, 26).
Aqueles a quem fomos ensinados a não gostar ou mesmo odiar,
são mudados à nossa vista para “pessoas boas” quando compartilhamos as mesmas
atividades. A cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos, os atletas amam conhecer
competidores de nações que normalmente são consideradas “inimigas”. Um ator
árabe, num
restaurante no Médio Oriente escolheu um estudante judeu para que participasse com ele de algumas cenas. Com sorrisos alegres eles terminaram a peça juntos. Ambos estavam envolvidos com os resultados de um pequeno sucesso, muito embora os seus povos tenham lutado inúmeras vezes através dos séculos.
restaurante no Médio Oriente escolheu um estudante judeu para que participasse com ele de algumas cenas. Com sorrisos alegres eles terminaram a peça juntos. Ambos estavam envolvidos com os resultados de um pequeno sucesso, muito embora os seus povos tenham lutado inúmeras vezes através dos séculos.
Foi perguntado a um jovem cristão no Sudão o que faria se
encontrasse alguma pessoa de uma tribo inimiga pelo caminho, ferida e
necessitada.
— Eu a mataria — ele respondeu imediatamente.
— O que você faria se encontrasse este homem? — este? Perguntou
apontando para um de seus colegas de trabalho que pertencia a essa mesma tribo
inimiga.
— Eu o ajudaria, naturalmente.
— Mas por que você mataria aquele e não este?
— Eles são diferentes
A única diferença era que esse jovem estava envolvido com
este e não com aquele:
A chave para entender cada caso é o envolvimento,
compartilhar alguma coisa. Ter essa “unidade, comunhão” é a base da
comunicação. O envolvimento é inseparável da comunicação, assim como a própria
raiz da palavra mostra.
A palavra raiz é
communis
Dessa raiz vêm muitas outras palavras:
— comum
— comuna
— comunidade
— comunismo
— comunhão
— comunicação
Ter em comum – compartilhar as mesmas coisas.
Comunidade significa compartilhar o mesmo espaço geográfico ou os mesmos
interesses. Com comuna [CO.MU.NA s.f. 1. Na Idade Média, povoação emancipada do
regime feudal e governando-se autonomamente. 2. Municipalidade; município] (Dicionário
Luft), vamos além de um simples compartir para um compromisso de um para com o
outro em áreas mais amplas da vida – económica, atividades sociais, e talvez
culto e adoração. Em comunhão, nós compartilhamos o entendimento e os mais
profundos níveis da experiência humana. E no serviço de comunhão, há um
compartilhamento entre Deus e a humanidade, lembrando as bases de tal
impossível compartilhamento no corpo quebrantado de Cristo e no sangue
derramado. O serviço de comunhão também celebra o compartilhamento de pessoas
dentro do corpo de Cristo.
Todas essas ocasiões de comunicação, proporcionam um
envolvimento crescente que constrói mais e mais áreas de compartilhamento.
Compartilhamento, no uso popular cristão, infelizmente carrega pouco da real
comunicação. Significa muito frequentemente passar a alguém sua informação, sem
o ato de ouvir que o tornaria um verdadeiro compartilhar. É o falar sem o
envolvimento, e assim uma comunicação não genuína. O verdadeiro compartilhar é
o melhor da comunicação. São pessoas movimentando-se juntas em áreas amplas de
alegrias mútuas, problemas e respostas. Este verdadeiro compartilhar se
transforma em comunhão, sobre pessoas, sobre Deus, e juntamente com Deus.
Pelo menos uma cultura reconhece em sua linguagem a
inseparabilidade do envolvimento e da comunicação. Em Malagasy (Madagascar), a
mesma palavra é usada para comunicação e envolvimento – fifandraisanat. Muito frequentemente,
nós usamos um diferente par de palavras como se elas fossem intercambiáveis –
comunicação e tecnologia. Tecnologia pode em prática ser um substituto para
envolvimento.
O que é melhor para se alcançar mais pessoas mais
rapidamente? Usar comunicação de massa ou a abordagem que envolve consumo de
tempo que é o envolvimento? Podemos nós, em outras palavras, comunicar o
Evangelho saturando o mundo com satélites, imprensa, ou outra tecnologia? Nossa
imaginação fica maravilhada e estimulada pela capacidade das novas ferramentas.
Certamente nós devemos usá-las para evangelizar! Mas há muito mais para se
considerar do que o poder e maravilhas da nova tecnologia.
A tecnologia pode simplesmente executar a transmissão, o que
não deveria se confundida com comunicação. Transmissão via ondas (rádio, TV,
etc) ocorre sem envolvimento. É a divulgação das palavras e símbolos que não
leva em consideração a resposta das audiências. Uma vez que a mensagem é
transmitida, a responsabilidade parece haver sido descartada: “Bem, eu falei e
eles não quiseram ouvir”. E assim tudo parece ser explicado. O paralelo
espiritual é: “Eu simplesmente prego a Palavra. Se eles não a ouvem, eu não
posso fazer nada”.
As ferramentas transmitem; as pessoas se envolvem.
Ferramentas técnicas sofisticadas podem ser úteis no evangelismo. O seu poder
faz com que os que o utilizam passem por cima do envolvimento como uma condição
essencial para a comunicação. Transmitir o conteúdo correto não cria, por si
mesmo, a comunicação. Neville Jayaweera, um líder Cristão do Sri Lanca, avisa:
Podemos investir milhões na comunicação cristã, cobrir o
globo com ainda mais poderosos transmissores e ainda mais sofisticados aparatos
de imprensa, treinar verdadeiros exércitos de comunicadores profissionais – nós
podemos fazer todas essas coisas e mais, e ainda não amadurecer a colheita. Eu
creio que os que estão envolvidos com a comunicação cristã devem enfrentar
temas mais profundos e relevantes do que aqueles relacionados com as questões
“profissionais”.
“Comunicação Cristã no Terceiro Mundo”
Quais são esses “profundos e relevantes” temas? Eles diferem
de pessoa para pessoa. É certo, entretanto, que esses temas serão compreendidos
e utilizados para uma creditada proclamação do Evangelho somente à medida em
que os comunicadores se tornarem envolvidos profundamente com a audiência.
Somente através do envolvimento os Cristão efetivamente tornarão Cristo
conhecido.
Não é o envolvimento em projetos que conta, mas o
envolvimento com as pessoas. Projetos (técnicos e tecnológicos) não são
substitutos para envolvimento pessoal. A literatura, o rádio, os programas de
ajuda para o bem-estar, projetos de auxílio ao necessitado, - todos podem ser
úteis, até mesmo necessários, em determinadas ocasiões. Mas frequentemente absorvem
tanto esforço em sua administração, produção, e financiamento que não sobra
tempo para um envolvimento pessoal. Isto não necessita ser dessa forma, mas
programas dessa natureza frequentemente separam as pessoas de um contato direto
com o povo.
Quando o Evangelho é transmitido, imagina-se estar obtendo o
resultado desejado. Mas a comunicação pode nem sequer haver começado. Ela não
pode existir sem até que um tempo seja planejado para as pessoas. O
envolvimento com as pessoas é quase sempre mais caro do que o envolvimento com
um programa. O meio preferido para a mensagem de Cristo é sempre pessoas, não
exibições electrónicas e mecânicas. Por que alguns oradores se tornam monótonos
quando falam? A despeito do estudo cuidadoso do pastor, às vezes a congregação
permanece indiferente aos ensinos da Palavra de Deus. Será que as pessoas são
indiferentes? Oscar Wilde escreve sobre atitudes familiares em uma de suas
fábulas, The devoted Friend. “'Como você fala bem’ disse a esposa de Miller,
‘realmente eu me sinto sonolenta, tranquilizada. É como estar na igreja.’”
Parece que as pessoas esperam ser tranquilizadas com boas palavras, mas
palavras que não tocam a vontade delas.
Há muitas razões para o cansaço da audiência, naturalmente,
assim como uma inadequada preparação, uma monótona explanação, ou o olhar do
pregador colocado no teto ao invés de na audiência. Mas o ponto comum a quase
todos os pregadores ineficientes é o fracasso de se envolver com a audiência.
Um pregador Chinês em Singapura lutava com este problema:
“As pessoas dizem que preciso estar feliz com o que prego, por isso estudo. Mas
quanto mais estudo, mais eu me sinto distanciado das reais lutas humanas”. Ele
descobriu que aquelas notáveis conversas com as pessoas nos shoppings centers,
abordando seus sentimentos a respeito da vida, suas aspirações e frustrações, o
ajudava a se manter em contato com a realidade das emoções das pessoas. “Desta
maneira”, ele disse, “Toda vez que me coloco atrás do púlpito e prego o
Evangelho, eu sei exatamente sobre o que estou falando”.
CONHEÇA SUA AUDIÊNCIA
É importante conhecer a audiência. Mas fazer simplesmente
isso também indica uma superficial visão da comunicação: Estude a audiência,
aprenda suas necessidades, interesses, e maneiras de expressar seus interesses;
então realinhe sua mensagem de tal forma que atinja suas susceptibilidades –
afinal, a mensagem é tão importante que eles devem ser conduzidos a ouvir. Mas
isto é ainda uma transmissão. É ainda o “futuro comunicador” colocando-se
separadamente de seus ouvintes ao invés de com eles e envolvido na vida deles.
A transmissão é empregada mais lucrativamente por
propagandistas. Pesquisa e experiência mostram os pontos vulneráveis dos
propagandistas no mercado. Eles procuram identificar áreas de interesse comum.
Por exemplo, o produto H é pasta dental; como poderia haver um terreno comum
entre um jovem e a pasta dental? O jovem quer uma personalidade que conquiste
aceitação por ele com jovens garotas, portanto o desafio se torna bem simples:
Persuada o jovem que o produto H está também relacionado com aceitação e que
isso poderá ajudá-lo a conquistar essa desejada aceitação. O fato de que uma
pasta dental está relacionada com prevenção de cáries não é significante para o
jovem. Portanto não se preocupe em lhe vender prevenção; ao contrário,
venda-lhe aceitação social. “Use o produto H e você será admirado pelas
garotas!” é a mensagem implícita na imagem de um jovem esbelto com uma linda
garota sorrindo para ele. A fórmula para uma transmissão bem sucedida é direta:
Encontre áreas de interesse comum e explore-as para alcançar seu real objetivo.
Abordagens similares são, às vezes, utilizadas no ministério
cristão. Por exemplo, um jovem ministro que não é um tipo atlético começa
contando histórias esportivas para adolescentes, tentando utilizar o jargão
especial desse grupo de jovens. A estratégia não funcionou. Um jovem com o qual
ele estava particularmente interessado em alcançar o chamou de falso. O pastor
ficou ofendido, e os jovens partiram para outras atividades que lhes parecia
mais interessante do que a igreja.
Não era errado para o pastor querer falar sobre os
interesses dos jovens e usar sua linguagem, mas quando aquela abordagem não
emergiu de um envolvimento genuíno, ela era realmente falsa. Se o pastor
tivesse estado envolvido o bastante para se preocupar genuinamente sobre quem
venceu os jogos locais, ele teria realizado a comunicação, a despeito de seu
vocabulário ou histórias.
Tanto o propagandista quanto aquele que queria trabalhar com
os jovens usaram essencialmente o mesmo método: descobrir ou construir uma área
comum, então explorá-la para trazer uma ação desejada. Nesse caso, os
interesses da audiência estão sendo manipulados para alcançar a meta do
emissor.
Muito frequentemente, os programas para alcançar pessoas
feitos pela igreja oferecem soluções para os problemas da vida, dão-lhes
aceitação social e mesmo amizade, de tal forma que estimulem o seu interesse.
Essas coisas são honráveis subprodutos da reconciliação com Deus através de
Cristo. Mas se eles forem usados primordialmente para promover o auto-interesse
da igreja (por exemplo, crescimento acelerado da igreja para gerar crédito
profissional para a igreja e seu pastor), isso será uma vergonhosa manipulação.
Cinicamente alguém pode perguntar: “Quantas estrelas você
consegue na sua coroa por me converter?” Essa pessoa se sente usada a despeito
das suaves palavras afirmando que Deus a ama e quer o melhor para ela. A meta
prioritária é conquistar outra pessoa para Cristo; aconteceu de ser a pessoa A,
que estava por perto quando a consciência compeliu o cristão a “testemunhar”
para alguém. A transmissão da mensagem pode ser, então, o resultado de um
esforço, mas não será comunicação.
Suponhamos que o povo de uma região isolada em um país em
desenvolvimento não tenha nenhuma testemunha do Evangelho. Não há dúvida que
algum tipo de testemunho cristão deveria ser estabelecido ali, mas como?
Um missionário chega. Brevemente ele constrói a sua casa,
então ele cria algumas facilidades de apoio – um gerador, uma pista de pouso, e
uma carpintaria para construir móveis para manter seu equipamento. Uma pequena
igreja é construída onde ele se encontra semanalmente com os trabalhadores que
ele empregou em seus projetos de construção. Mas ninguém vem, exceto crianças
curiosas e ocasionalmente algumas das esposas dos trabalhadores. O missionário
pondera e ora, mas ele vê apenas indiferença.
O problema não é o fracasso espiritual, muito embora alguns
dos que apoiam o trabalho do missionário pensem que sim. Não é preguiça. Sua
pregação não é simplesmente uma errada tentativa de um colonialismo espiritual.
As pessoas realmente precisam de Jesus Cristo.
O fracasso está no âmago da comunicação. Ele tem estado
ocupado construindo e estabelecendo uma base, mas ele tem fracassado em se
tornar envolvido com o povo. Ele “visita” o povo, mas ele não está envolvido.
Este missionário está transmitindo, mas não está comunicando. A resposta normal
é exatamente a que ele recebeu – indiferença.
Não é somente em situações de pioneirismo que a falta de
envolvimento resulta em indiferença. Com frequência os cristãos estão ocupados
em programas de igreja, os pastores estudam diligentemente para pregar bons
sermões, e campanhas e visitas de porta em porta são planejadas. Mas ninguém
tem tempo para ir pescar com os vizinhos não-cristãos, para estar ativo na
Associação de Pais e Mestres, ou simplesmente para agir amigavelmente.
Quem pode discutir o valor de se pertencer a um grupo de
estudos bíblicos? “É realmente chocante” comentou uma cristão convertido há
muito tempo, “quando eu penso sobre as muitas horas que gastei em tais grupos e
quão pouco eu me lembro.” Entretanto o estudo bíblico assumiu uma forma muito
mais estimulante para esse homem, quando, conforme ele explica, “foi-me
apresentado um estudo que me fez mergulhar e extrair um significado do texto.
Fui forçado a me envolver uma vez que o método em si exigia uma participação e
envolvimento do grupo.”
Isso pode ser chamado de reciprocidade, diálogo, ou resposta
mútua, mas qualquer que seja o nome, a base da comunicação efetiva é o
envolvimento de emissor e receptor. Este deve ser o interesse especial do
condutor da comunicação para assegurar o envolvimento dos participantes.
Esse condutor deve também estar alerta para os perigos do
envolvimento. Quando o envolvimento é motivado mais pelo desejo de auto
realização do que pelo desejo de atingir o melhor para a pessoa alvo, dois
sérios problemas podem surgir: possessividade e criação de dependência.
Um sentimento de posse – “meu trabalho”, “meu povo” – pode
levar a um envolvimento profundo para assegurar sucesso. Mas inevitavelmente
outros se tornarão dependentes desse obreiro tão esforçado, uma dependência por
aprovação, guia, e mesmo dependência de coisas materiais.
O trabalho se torna aleijado – centralizado nas pessoas mas
com pouco espaço para o Espírito de Deus.
O envolvimento apropriado é recíproco e previne que esses
problemas se desenvolvam. A verdadeira comunicação é envolvimento, uma ajuda de
mão dupla. O aprendizado se torna instrução mútua, à medida que o professor
aprende com as especiais habilidades e ideias dos estudantes. Surge um problema
que um elemento desse par de comunicação não pode resolver, mas o outro pode.
Encorajamento ou advertência apropriada, é dado e recebido por ambas as partes
em um relacionamento onde existe genuína comunicação.
ENVOLVA-SE
Por onde você começa para se envolver? Quando você chega a
uma nova comunidade ou a uma cultura totalmente nova a adaptação pode ser
desconcertante e cansativa. Envolver-se pode ser necessário, mas os problemas
imediatos são obter alimento, conseguir transporte, e evitar problemas. Nessas
novas situações, você se torna particularmente sensível. Essa exaltada sensibilidade
pode levar ao estresse e frustração ou então, pode ser canalizada para ligar
você com a nova situação e as pessoas.
Vínculo é um termo utilizado para profundos relacionamentos
estabelecidos entre crianças recém-nascidas e a mães ou pais nas primeiras
horas após o nascimento. Se o parto é normal, o bebê é especialmente sensível e
alerta nessas primeiras horas. Esta é a hora quando o vínculo é divinamente
providenciado para ocorrer.
“Existem alguns importantes paralelos entre a entrada de um
bebê a uma nova cultura e a entrada de um adulto a uma nova e estrangeira
cultura,” escrevem Elizabeth e Thomas Brewster. As novas experiências são
estimulantes e talvez esmagadoras. É nesta hora que o adulto é realmente
vinculado a tornar-se um participante com aqueles a quem é chamado a ser boas
novas. O momento é crítico... As primeiras semanas do novo missionário em seu
novo país são de importância vital se ele vai estabelecer um senso de pertencer
com o povo local” (E. Thomas Brewster and Elizabeth S. Brewster, “Bonding and
the Missionary Task,”453-54).
Mesmo na terra natal, introduzir-se a uma nova comunidade é
bem semelhante a entrar em uma nova cultura. Se a ajuda necessária não vem do
povo local, um senso de pertencer ao novo local virá lentamente, se vier.
Quando o recém-chegado é dependente de outros de fora, os Brewsters escrevem,
“é então previsível que ele irá carregar seu ministério pelo método
“esporádico” – ele viverá isolado do povo local . . . e então fará uns poucos
visitas “esporádicas” na comunidade a cada semana.” Um envolvimento profundo
raramente se seguirá, e a comunicação permanecerá inadequada.
Mas se o recém-chegado aceitar a posição de dependência do
povo local, especialmente durante as primeiras duas semanas ou mais, ele irá
rapidamente tornar-se vinculado à pessoas locais e à nova situação. Nessas
bases, o envolvimento cresce e o alicerce de um ministério frutífero é
estabelecido.
Mesmo com vínculo como começo, o envolvimento deve continuar
a se desenvolver. Isto não acontece de uma só vez. Existem pelo menos quatro
fases superpostas: Desenvolvendo o uso da linguagem comum, compartilhando
experiências, participando de uma cultura comum, e compreendendo as asserções
básicas das pessoas sobre a vida.
APRENDER A LINGUAGEM
Trabalhar com qualquer grupo que não seja o seu próprio
sempre significa aprender uma nova linguagem. Talvez isto signifique apenas uma
variação da língua materna, mas a linguagem deve ser aprendida. É decepcionante
assumir que nosso Português é sempre “Português normal”. Os adolescentes podem
usar as mesmas palavras dos adultos, mas seu conteúdo de significado pode ser
bem diferente. Diferenças claras na linguagem podem existir entre o centro e o
subúrbio de uma cidade ou entre regiões de um país. A linguagem de um seminário
é certamente diferente da linguagem de uma vila pesqueira na costa marítima.
Em algumas missões parece desnecessário aprender uma outra
linguagem porque o Português é a língua materna. Todas as pessoas demonstram
falar com facilidade. Mas seria essa a língua de casa? É ela usada pelos amigos
mais chegados em conversas pessoais? Mesmo onde o papel formal do ensino ou
pregação pode ser satisfatoriamente levado avante em Português, envolvimentos
frutíferos exigem o aprendizado da linguagem da “terra e do coração”. O
envolvimento com qualquer nova comunidade significa o aprendizado da linguagem
daquela comunidade. Linguagem, em realidade, é melhor aprendida como parte da
experiência do aprendizado total por aquilo que é chamado de “método direto”, ou
“aprendizado social”. É por esta maneira que uma criança aprende a falar:
ouvindo, imitando, e participando na vida de sua família e comunidade.
COMPARTILHAR EXPERIÊNCIAS
Aprender socialmente a linguagem irá naturalmente atrair a
pessoa para o segundo nível do envolvimento – compartilhar experiências. A
linguagem adquire seus significados através das experiências. Sem elas, o
aprendizado se torna um estudo estéril de códigos e regras. As experiências são
compartilhadas e o senso comum cresce. Em outras palavras, participe das ações
e coisas com as pessoas, não “fale” simplesmente com elas.
Prontidão em compartilhar em qualquer situação que seja,
abre os ouvidos – e corações – sem esquemas especiais. Certa noite um amigo,
missionário chegou à igreja no Kênia oriental, (o irmão do pastor local havia
falecido em algum hospital a alguns quilômetros dali). O missionário,
naturalmente colocou seu carro à disposição para trazer o corpo para a casa da
família pois não havia outro meio disponível. Ele acompanhou o funeral que se
seguiu, muito embora, “estivesse a princípio desinformado da emoção e do grande
significado de estar na casa e ver o retorno da família à casa por ocasião da morte
do pai."
“Nos próximos cinco dias, as expressões de gratidão foram
muitas,” o homem disse, “com convites para falar aos enlutados durante as
noites, quando os sentimentos eram mais intensos. Cartas desde então têm me
assegurado, ‘O povo se lembra do que o Sr. Disse’ e ‘Nós estamos esperando pelo
seu retorno.’” Mas sua pregação em realidade não era o que era lembrado. Foi
sua prontidão em compartilhar as experiências das pessoas que abriram o caminho
para um ministério contínuo.
Uma grande força para programas de acampamento de igrejas é
compartilhar experiências com o grupo todo. Em um programa de construção de
igrejas, mais valoroso do que o prédio novo é o esforço comum envolvido. Um
retiro de final de semana fornece oportunidade para vários tipos de
experiências em comum: conversação, grupos de estudos bíblicos, oração – e
mesmo as dificuldades que provêm de um mau tempo.
PARTICIPAR NA CULTURA
O próximo nível de envolvimento na construção da comunicação
surge naturalmente – participação na cultura do povo a quem você ministra.
Aprender os padrões de cultura de um novo grupo é como aprender as ruas quando
você se muda para uma nova cidade. Andar pelas ruas é a maneira pela qual você
se movimenta dentro da cidade para tomar parte nas atividades dessa cidade.
Similarmente, o padrão cultural fornece as rotas pelas quais você tomará parte
na vida das pessoas.
Aprender o padrão não é uma questão de satisfazer a
curiosidade, mas a maneira de mansamente se relacionar com o grupo. Para ser
efetivo, você deve deliberadamente aprender os padrões de vida daqueles com
quem você quer estar envolvido por amor a Cristo.
Aprender a exata maneira de participar confortavelmente e
corretamente em uma nova cultura exige prática e disposição para cometer alguns
erros.
Rotinas diárias diferem. Por exemplo, encontros de almoço
são estilos de vida dos homens de negócios e profissionais americanos, mas uma
raridade entre seus colegas no sul da Itália. Lá escritórios e lojas fecham ao
meio dia, e as pessoas vão para casa para a principal refeição do dia e um bom
cochilo. Um encontro em um almoço não seria uma bem-vinda ruptura no ritmo da
vida. Jantares podem ser às 17:30 no Noroeste do Pacífico dos Estados Unidos,
enquanto na Inglaterra os jantares para convidados especiais podem não ser
realizados antes das 21:00h.
A natureza de eventos importantes difere de comunidade para
comunidade. Esportes de escolas de 2º Grau podem ser o centro do interesse da
comunidade, ou pode ser o preço do milho, trigo ou óleo de soja produzido por
uma fazenda da comunidade. Em uma cidade da costa, o ano pode acontecer em
função do ciclo da pesca e do fluxo de visitantes.
As maneiras de se tornar parte desses padrões variam tanto
quanto as próprias pessoas. Vivemos vários anos em uma pequena cidade africana
onde encontramos dificuldade em nos encontrar com os vizinhos. Finalmente, em
frustração, eu perguntei a um homem que parecia conhecer todo mundo: “Como você
conhece as pessoas por aqui?”
“Isto é muito fácil,” ele explicou. “Quando você for buscar
seus filhos em festas de aniversário [uma distinta característica da vida em
família naquela cidade], vá cedo e comece a conversar com os outros pais que
estão esperando por seus filhos.” Por Ter uma orientação baseada na eficiência,
eu costumava trabalhar até o último momento antes de buscar meus filhos ... e
perdi a maneira correta de compartilhar os padrões culturais de minha
comunidade.
O trabalhador cristão que fracassa em se envolver nos
padrões de vida do povo não terá muita chance de se envolver em seus padrões e
conceitos sobre a morte e em ajudá-los a lidar com os valores eternos e o
conhecimento de Deus.
COMPREENDER CRENÇAS
O nível mais difícil de envolvimento a se alcançar é
entender as ideias fundamentais que as pessoas têm sobre o mundo, a vida, Deus
e seu relacionamento com esses itens. Quais são as ideias fundamentais que
estão submersas nas conversações diárias?
As chuvas vêm mais tarde que costumeiramente a uma área
rural no Zimbabwe, portanto um fazendeiro branco deu instruções para irrigar a
plantação, então saiu para cuidar de outros negócios. Quando ele voltou, uma
semana mais tarde, nenhuma irrigação havia sido feita, e a plantação estava
quase morta. Os trabalhadores haviam se recusado ligar as bombas que deveriam
tirar água das grandes represas que restavam nos rios. “Sim”, os trabalhadores
africanos explicaram ao proprietário, “nós entendemos o que o senhor pediu que
fizéssemos - colocar água nas plantas para que elas não morressem. Mas se
tivéssemos feito isso sugando a água do fundo da represa do rio, maior desastre
teria acontecido a toda a fazenda do que a simples perda da plantação. Nós não
queríamos que isso acontecesse para você!”
A primeira reação do proprietário deve Ter sido frustração
pela aparente falta de cuidado dos trabalhadores em deixar a plantação morrer
desnecessariamente. Ele podria haver esbravejado com os empregados pela
deliberada negligência em seu trabalho. Será que beberam tanta cerveja nas
festas que não colocaram, ou não conseguiram colocar, os canos para o
bombeamento da água? Será que eles simplesmente foram preguiçosos? Não, ele
sabia que os trabalhadores não eram preguiçosos, nem estiveram bebendo cerveja
quando deveriam estar trabalhando. O proprietário foi sábio e não ficou irado
com eles, mas tentou entender por que suas instruções não foram seguidas.
Os africanos daquela área, ele eventualmente descobriu,
nunca tiram água das represas remanescentes dos rios no final de uma estação de
seca. Somente quando um fruto em particular amadurece e cai da árvore é que se
considera seguro retirar água. Qualquer pessoa que faça isso antes desse
acontecimento trará desastre a si e sua família, porque ele terá ofendido
certos espíritos.
Seus trabalhadores tinham a intenção de protegê-lo – mesmo
quando sua plantação morreu como resultado. Eles tomaram certas garantias sobre
a natureza do mundo e relacionamentos dentro do mundo que eram diferentes de
suas crenças. Os trabalhadores “sabiam” que o desastre viria se a real natureza
do mundo fosse violada pela irrigação naquela ocasião. Eles não queriam que o
patrão sofresse como resultado de um desastre, portanto, com as melhores
intenções, eles não seguiram suas instruções.
Os europeus, que têm formação científica, não aceitam que
essas razões “supersticiosas” permitam que a plantação morra. Alguns têm
cuidadosamente explicado a real natureza da proibição de se tirar água das
represas do rio. Mas essas razões científicas satisfazem somente aqueles que
vêem o mundo sob uma orientação científica. A diferença essencial é um sistema
básico de crença, as asserções feitas sobre a natureza do mundo.
As pessoas do ocidente – Europeus e Americanos – assumem que
a terra é uma máquina para ser compreendida e controlada ou uma comodidade para
ser usada e consumida. Falar com forças do espírito ou aparentes relações
absurdas é uma evidência frustrante de ignorância e superstição.
Muitos africanos assumem que o mundo é uma coisa viva. Deve
ser dada atenção prioritária à harmonia e equilíbrio dentro do mundo, e com o
mundo. Um transtorno desse equilíbrio é causado por feitiçaria e por violar as
forças do espírito com o qual o mundo está impregnado.
Outros resultados dessas diferentes pressuposições são
evidentes nas áreas dos relacionamentos humanos. Para o africano tradicional,
manter o equilíbrio e harmonia em relacionamentos dentro da sua família e tribo
é extremamente importante. A posse de bens materiais é muito menos importante
do que manter uma adequada interação com outras pessoas. Para o homem
ocidental, por outro lado, o valor das pessoas tende ser medido pela quantidade
de suas posses – terra, dinheiro, bens. Um resultado é a busca pelo sucesso que
significa longas horas de trabalho e disposição para aniquilar outros
trabalhadores, amigos e mesmo família para que se possa obter grandes lucros.
O povo Lotuho, do sul do Sudão, por algum tempo rejeitou o
uso de boi para puxar arado, mesmo sabendo que o uso desses animais aumentaria
sua produção de alimento. Com o boi, as grandes festas que aconteciam enquanto
os campos eram preparados para a semeadura não seriam necessárias, e aquelas
festas eram cruciais para manter os relacionamentos na sociedade. Melhor Ter
menos alimento, eles diziam, do que arriscar a harmonia dentro do vilarejo.
Todos os povos organizam suas experiências e padrões de vida
em torno de asserções não escritas sobre a natureza das coisas. Todas as
atividades devem estar em harmonia com essas asserções, ou haverá profundo
desconforto e descontentamento no indivíduo e na comunidade. Uma nova mensagem
que parece ser estranha a essas pressuposições serão ignoradas ou abertamente
rejeitadas. A rejeição de uma mudança ou de uma ideia costumeiramente inclui
rejeição do mensageiro. Essa rejeição, de alguma forma é semelhante ao costume
do mundo antigo de sacrificar o mensageiro que trazia ao rei notícias de uma
derrota.
Como podem ser aprendidos esses valores básicos para se
evitar uma desnecessária rejeição? Esta tarefa é particularmente difícil, desde
que esses valores não são registrados e raramente podem ser declarados
diretamente por aqueles que os detêm. Uma maneira razoavelmente direta é
analisar as causas das discussões e descobrir o que está por trás dessa
aparente manifestação irracional de ira. As pessoas raramente se tornam tristes
sobre coisas que são triviais a elas. Para outros, uma ofensa pode parecer
insignificante, mas a ira ou discussão indica que alguma coisa de valor está
sendo violada. Descobrir qual é essa coisa, frequentemente mostrará o acesso às
crenças fundamentais.
O trabalhador cristão que deseja ser efetivo no ministério
deve entender a natureza da luta espiritual bem como a natureza exata do campo
de batalha. Há quem aprenda isto através da participação na vida de outras
pessoas, lembrando que o envolvimento não simplesmente abre o caminho para a
comunicação: O envolvimento é comunicação.
ENVOLVIMENTO COM QUANTOS?
Será que é possível o envolvimento com todas as pessoas que
queremos alcançar para Cristo? Será que poderemos estar envolvidos com cada
pessoa em nossa igreja, missão ou comunidade? O elevado número de pessoas
parece tornar o verdadeiro envolvimento uma impossibilidade.
Nenhum pastor, ou missionário ou cristão pode estar
envolvido com todos. Estudos em Administração mostram que dez ou doze pessoas é
provavelmente o máximo com quem qualquer pessoa pode ter um envolvimento
próximo. É significante o fato de que Cristo teve 12 discípulos, com os quais
manteve um envolvimento próximo. Outros estiveram próximos, mas não tão
intimamente envolvidos como os doze. Os doze agiram no lugar de Cristo para
estar envolvidos com muitos outros, assim como aconteceu na multiplicação dos pães
para cinco mil e em organizar as multidões que queria ver, e mesmo tocar em
Cristo. Assim Ele formulou uma maneira de conduzir o envolvimento em nossa
vida: Estar intimamente envolvido com uns poucos, que por sua vez estão
envolvidos com outros em um crescente círculo de ministério efetivo.
Para alguém estar significativamente envolvido com alguns
poucos, é necessário disciplina. É mais gratificante ter grande público em
nossas reuniões, centenas ouvindo nossas pregações. Números elevados tornam
nossos relatórios atraentes à direção da igreja. Mas muito frequentemente
muitas pessoas são conquistadas e consideradas como convertidas mas não são
encontradas no convívio cristão. Uma mensagem foi transmitida e aparentemente
recebida, porém, com pouca ou nenhuma verdadeira comunicação.
Comunicação é envolvimento. A pessoa tem que ter disciplina
para assegurar que aqueles que estão buscando a Cristo se envolverão com alguém
que irá comunicar a Cristo uma vez após outra – em algum restaurante, em
visitas familiares e nos campos de trabalho ou fábricas onde a vida é vivida. É
preciso disciplina para colocar o foco nas poucas pessoas, e resistir a atração
de ser “indispensável” às dezenas ou centenas de seguidores.
Em todos os países, aqueles cristãos que têm causado o maior
impacto têm sido aqueles que se concentraram em poucos seguidores ou conversos
por vez. Carey Francis foi um grande professor e diretor no Quénia,
desenvolvendo a mais fina escola de segundo grau para jovens. Seus estudantes,
“Os Jovens de Francis”, tornaram-se os líderes do Quénia independente. Muitos
mantiveram uma clara postura cristã mesmo quando assumiram as mais elevadas
colocações da nação. Francis provocou seu impacto em poucas vidas por vez.
Grandes pregadores como Bakht Singh na Índia, Dwight L.
Moody na América, e John Wesley na Inglaterra dedicaram uma grande parte de seu
tempo a um envolvimento próximo com poucos do que encontros de massa mais
visíveis ao público. Cada um desses homens entendeu esses princípios de
envolvimento através da criação de um programa de treino cristão em colégios,
seminários, escolas bíblicas e universidades.
Quando Deus decidiu falar aos homens, Ele o fez não enviando
um tratado, um panfleto, ou pregando um sermão. Ele veio em pessoa. Sua vida
esteve completamente envolvida com o povo, compartilhando sua linguagem,
experiência e cultura e observando seus valores e falsas suposições. O modelo
de comunicação através da encarnação que Jesus nos deu necessita ser
cuidadosamente estudado e compreendido; ele é nosso padrão para um efetivo
cumprimento de nosso dever.
UMA PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE O ENVOLVIMENTO
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem ele nada do que
foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz
resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. ... (Ele) estava no
mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que
era seu, e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome; os quais não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de
Deus.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós. João 1:1-5,
10-14
Ele é Vida, mas nós certamente somos apenas morte.
Ele é Luz, mas em escuridão nós não entendemos isto. Como
pode a escuridão compreender aquilo que é o oposto, totalmente diferente?
Ele é o Criador, mas a criatura nem sequer O reconhece. Como
podemos nós entender, ou mesmo reconhecer, Aquele com poder além da compreensão
humana?
Ele tornou-Se carne, e carne nós somos. Carne nós
entendemos.
Para ser entendido, Deus tornou-Se em carne de um bebê. Ele
comeu, Ele dormiu, Ele brincou e Ele obedeceu Seus pais aqui na terra. Ele
observou e aprendeu como são os dias de uma pessoa.
Ele celebrou alegres casamentos e chorou ao ver o peso da
doença, do desânimo, do engano e morte que a humanidade carrega.
Ele, o Santo Deus, viu o mal e pessoas do mal. Ele enfrentou
a tentação e conheceu o triunfo sobre o que há de pior – que era o melhor que
Satanás tinha a oferecer.
Ele teve amigos que o amavam e mesmo assim O negaram e O
traíram. Ele sentiu o golpe da injustiça, das falsas acusações, do escárnio, e
Ele morreu sob o governo de um opressor.
Ele esteve completamente envolvido com a humanidade. É assim
que entendemos. Sua vida é a Palavra, a Palavra falada na linguagem da
humanidade, a Palavra que nós compreendemos.
E visto como os filhos participam da carne e do sangue,
também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que
tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da
morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.... Porque naquilo que ele
mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.
Hebreus 2:14-15, 18
Jesus, o Cristo, envolveu-Se totalmente com os seres humanos
e assim comunicou-Se com a humanidade. Em nenhuma outra maneira poderíamos
compreender. E isso por causa de Seu total envolvimento com o ser humano é que
Ele intercede por nós hoje. “Nós não temos um sumo-sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas,
à nossa semelhança, mas sem pecado.”
(Hebreus 4:15).
A fundação para nosso envolvimento no ministério é a vida,
morte, é a contínua vida de Jesus Cristo. Nenhuma ponte que tentamos cruzar
através do envolvimento cobrirá um abismo tão grande quanto o que Jesus cobriu
quando Se tornou carne.
Paulo foi enviado como um embaixador d´Esse Rei, Jesus, e
assim procurou clara e honestamente representar o Rei no mundo. Seu método foi
o mesmo do método do Rei – envolvimento para que cada um pudesse entender.
Porque sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos
para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeus, para ganhar os judeus; para os
que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que
estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não
estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os
que estão sem lei. Fiz-me fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me
tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
I Coríntios 9:19-22
A descrição que Paulo faz de seu “método de ministério” é a
mais clara descrição possível de envolvimento para o ministério. Não há melhor
padrão a ser seguido pelos embaixadores de Cristo do que este.
SUMÁRIO
Comunicação é relacionamento. Não nos envolvemos para nos
comunicar. Nós comunicamos por estar envolvidos. O envolvimento é a fundação de
toda a comunicação. As diferenças culturais somente enfatizam sua importância.
Separar um ato de comunicação de um envolvimento contínuo
entre participantes iguais é reduzir a comunicação a um murmúrio de símbolos
com significados incertos. Sem um constante crescimento em “comunhão” de
interesses e experiência, não pode haver um crescimento na compreensão.
Enviar e receber mensagens pode ser um ato frio e impessoal,
uma coisa separada da real comunicação. A comunicação efetiva que conduz à
compreensão e respostas profundas ocorre somente através do envolvimento na
vida e interesses uns dos outros. Sem envolvimento, o mais habilidoso uso da
mídia e de técnicas pode simplesmente ser uma imitação da comunicação.
O elemento crítico é estabelecer “pontos em comum”; para
isso, deve haver uma disposição para ser e estar “com” os outros. A compreensão
mútua se origina na interação. A reciprocidade, respostas mútuas, orientações
mútuas, diálogo, união – todos esses ideais apontam para o envolvimento na
comunicação.
Creating
Understanding
(A handbook
for Christian Communication across Cultural Landscapes)
Donald K.
Smith, Zondervan Publishing House, Grand Rapids, Michigan, USA
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